23/08/2011 - 15h29
Greenpeace encontra resíduo tóxico em roupas de grife feitas na China
DA FRANCE PRESSEhttp://www1.folha.uol.com.br/mercado/964025-greenpeace-encontra-residuo-toxico-em-roupas-de-grife-feitas-na-china.shtml
Resíduos de produtos químicos perigosos tanto para o ambiente quanto para a saúde foram encontrados em produtos de 14 grandes marcas de roupa, denunciou nesta terça-feira a organização ambientalista Greenpeace em seu relatório "Roupa suja 2".
35 marcas de roupa são investigadas por trabalho irregularEditora de Moda comenta trabalho irregular em confecções da Zara
Análises em amostras de roupa de marcas como Adidas, Uniqlo, Calvin Klein, H&M, Abercrombie & Fitch, Lacoste, Converse e Ralph Lauren evidenciaram a utilização de produtos químicos conhecidos como nonilfenóis-etoxilados em sua fabricação, alertou a organização.
O ativista do Greenpeace Li Yifang disse que o nonilfenol etoxilado, comumente usado em detergentes industriais e na produção de têxteis naturais e sintéticos, foi detectado em dois terços das amostras analisadas.
"O nonilfenol etoxilado tem propriedades tóxicas, persistentes, e causa transtornos hormonais", disse Li à imprensa, em Pequim.
"Ele mimetiza os hormônios femininos, altera o desenvolvimento sexual e afeta os sistemas reprodutivos", assegurou.
Aos componentes deste produto químico se deve a estendida "feminização" de peixes machos em partes da Europa, bem como transtornos hormonais em alguns mamíferos, segundo a WWF, outra organização protetora da biodiversidade.
O Greenpeace informou ter comprado 78 peças de roupa dessas marcas, a maioria fabricada em China, Vietnã, Malásia e Filipinas e em outros 18 países, e as submeteu a testes científicos.
"Até mesmo em baixos níveis representam uma ameaça para o meio ambiente e para a saúde humana", disse Li.
"Não é só um problema para o desenvolvimento dos países onde é fabricada" a roupa. É que, na lavagem, essas peças desprendem níveis residuais de nonilfenol etoxilado, o que afeta os países onde de fato seu uso é proibido, alertou.
O uso desses produtos químicos é restrito na Europa.
ADIDAS
Por ocasião da divulgação do informe, ativistas do Greenpeace entraram em uma loja da Adidas em Hong Kong para pedir à marca que elimine o uso de produtos químicos perigosos em seus produtos e para que seus clientes potenciais pensem antes de comprar seus produtos.
A Adidas também esteve na mira do relatório anterior do Greenpeace, intitulado "Roupa suja", divulgado no mês passado, no qual acusou o fabricante de contaminar grandes rios da China com dejetos químicos.
Doze ativistas do Greenpeace vestidos com uniforme de árbitros de futebol entraram, em meio a apitaços, em uma das lojas mais movimentadas da Adidas, na cidade do sul da China.
Ali, distribuíram panfletos da campanha aos clientes e exibiram cartões amarelos para os funcionários da loja, pedindo à marca que "jogue limpo".
Oito amostras de água, coletadas nas duas fábricas situadas nos deltas dos rios Yangtzé e Pérola, contêm um "coquetel de substâncias químicas perigosas", alertou a ONG no relatório do mês passado.
Nike e Puma, outras grandes marcas de roupa esportiva, asseguraram desde então que eliminarão o uso de agentes químicos tóxicos de seus produtos até 2020, mas a Adidas não o fez, segundo a porta-voz do Greenpeace, Vivien Yau.
A Adidas Hong Kong não respondeu aos telefonemas para fazer comentários.
Mas a empresa havia dito anteriormente que utiliza o grupo Youngor, um dos fabricantes acusados, apenas para cortar e costurar as peças, e não para fabricá-las, embora tenha pedido a Youngor que investigue as denúncias do Greenpeace.
A companhia acrescentou, ainda, que tem uma política de evitar substâncias perigosas.
No entanto, Yau disse que como segunda maior marca de roupas esportivas, a "Adidas tem a obrigação de desintoxicar sua cadeia de fornecimento mundial".
"Até agora, a marca não fez nada, apesar das nossas demandas repetidas, o que realmente é inaceitável", destacou.