Extração de terras-raras no Pacífico pode reduzir danos ambientais na China
04/07/2011 - 09h23
DA FRANCE PRESSE, EM PARIS
Algumas zonas do oceano Pacífico são muito ricas em terras-raras e poderiam constituir uma jazida inesperada destes metais necessários para a fabricação de produtos de alta tecnologia, revela um novo estudo.
Carros elétricos, produtos eólicos, telas planas, discos rígidos de computadores e aparelhos de MP3: todos esses objetos indispensáveis precisam de terras-raras (17 metais, em particular o ítrio).
Atualmente, 97% da produção de terras-raras procede de China, um país que possui um terço dos recursos mundiais e onde a extração desses minerais provoca grandes danos ao ambiente e aos moradores.
Paradoxalmente, o solo não é a única fonte de terras-raras. Os sedimentos do fundo do mar também possuem minerais desse tipo, mas, sem o conhecimento preciso de sua localização, não são no momento considerados uma fonte potencial.
Uma equipe de geólogos japoneses extraiu e analisou mais de 2.000 mostras de sedimentos marinhos, em grande parte do oceano Pacífico.
Os resultados das pesquisas, divulgados neste domingo na revista britânica "Nature Geoscience", mostram que o fundo do mar constitui uma considerável jazida de terras-raras --incluindo ítrio--, presentes de forma concentrada em alguns lugares (leste do Pacífico norte e centro do Pacífico sul).
"Consideramos que uma zona de um quilômetro quadrado que cerca um dos lugares onde foram feitas as extrações poderia suprir sozinha 20% do consumo anual mundial destes elementos", afirmam no estudo.
Além disso, as experiências realizadas pelos cientistas japoneses mostram que as terras-raras do lodo submarino podem ser facilmente retiradas com o uso de ácido.
"O lodo é simplesmente enxaguado com ácidos diluídos (ácido sulfúrico ou ácido clorídrico) durante uma a três horas a temperatura ambiente", explica Yasuhiro Kato, da Universidade de Tóquio.
Segundo ele, a técnica não apresentaria risco para o ambiente, "já que os ácidos diluídos utilizados não são vertidos para o oceano".
Ainda falta saber se a exploração de jazidas situadas a grande profundidade, entre 4.000 e 5.000 metros, será possível tecnologicamente e rentável economicamente.
"É uma pergunta difícil para mim, já que não sou engenheiro, apenas geólogo. Mas há 30 anos uma mineradora alemã conseguiu recuperar sedimentos marinhos do fundo do Mar Vermelho. Então, acredito que o lodo em grandes profundidades pode ser utilizado como fonte de minerais raros", disse Kato.
04/07/2011 - 10h59
Japão descobre depósito de minerais raros no Pacífico
Pesquisadores japoneses dizem ter encontrado vastos depósitos de minerais de terras raras, utilizados em equipamentos de alta tecnologia, no solo do Oceano Pacífico.
Geólogos estimam que existam atualmente 110 bilhões de toneladas de elementos raros no fundo do Pacífico.
Os pesquisadores japoneses estimam ter encontrado entre 80 e 100 toneladas de minerais raros no leito oceânico a profundidades de entre 3,5 mil e 6 mil metros abaixo da superfície.
Atualmente, a China responde por 97% da produção de 17 metais provenientes de terras raras, muitas vezes chamados de ''ouro do século 21'', por serem raros e valiosos.
O quase monopólio de produção exercido pela China levou o país a restringir o fornecimento dos metais raros no ano passado, durante uma disputa territorial com o Japão.
Analistas acreditam que se a prospecção do local descoberto pelos japoneses se mostrar viável, o domínio da China no setor poderá ser ameaçado.
Os minerais são usados em iPods, TVs de tela plana, carros elétricos, mísseis, óculos de visão noturna, turbinas e imãs supercondutores, por exemplo.
Além da China, as reservas são encontradas também na Rússia, em outras ex-repúblicas soviéticas, nos Estados Unidos, na Austrália e na Índia.
DESCOBERTA
A descoberta foi divulgada pela publicação científica britânica Nature Geoscience, que relatou que a equipe de cientistas comanda por Yasuhiro Kato, professor de ciências da terra da Universidade de Tóquio, encontrou os minerais em 78 locais diferentes na lama oceânica do Pacífico.
''Os depósitos contêm uma uma forte concentração de terras raras. Apenas um quilômetro quadrado dos depósitos será capaz de atender a um quinto do consumo mundial atual'', afirmou o professor Yasuhiro Kato.
A descoberta foi feita em águas internacionais, em uma área próxima ao estado americano do Havaí e em outra perto da Polinésia Francesa, segundo o relatório formulado pelos exploradores japoneses.
Ainda não se sabe, no entanto, se será viável tecnologicamente realizar a prospecção em uma área tão profunda e, caso seja, se será possível explorar comercialmente os metais trazidos à tona.
Os depósitos foram se acumulando no solo oceânico ao longo de centenas de milhões de anos.
DIFICULDADES
O número de companhias que vêm solicitando licenças para realizar prospecções no solo do Pacífico vem crescendo rapidamente.
Entre as dificuldades de realizar a exploração dos metais raros está no fato de que eles são minúsculos e estão espalhados em uma vasta área, o que faz com que muitos dos locais que contam com terras raras não sejam viáveis para a exploração comercial ou estejam sujeitos a restrições ambientais.
No entanto, a perspectiva de prospecção nas águas oceânicas profundas - e os estragos que isso poderá representar para os ecossistemas marinhos - preocupam ambientalistas.