por Lucélia Barbosa
Essa é a novidade desenvolvida por pesquisadores do LSI (Laboratório de Sistemas Integráveis) da Poli/USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo): o protótipo de um sistema de comunicação sem fio em malha alimentado por energia solar.
A tecnologia permite o acesso à Internet sem fio para dispositivos móveis em áreas abertas, como parques, praias, construções e reservas ecológicas. Conforme conta o engenheiro Rafael Herrero Alonso, líder de Projetos de Inovação do LSI, o Wi-Fi solar, como foi batizado, é resultado da sua tese de mestrado finalizada no ano passado. “O sistema é composto pelos módulos de comunicação (roteador), fotovoltaico (painel solar), armazenamento (baterias) e controle de energia. Com exceção do painel solar, os demais equipamentos foram integrados numa caixa que pode ser facilmente colocada em postes ou paredes”, explica.
Para o sistema entrar em operação, o roteador estabelece uma malha de comunicação sem fio, com várias rotas e fornece cobertura wireless para dispositivos móveis e portáteis, como laptops e smartphones, no raio de alcance do sinal transmitido por cada módulo de comunicação, de 150 metros. Já o painel solar é responsável pela conversão da luz natural em energia elétrica contínua para alimentação de todo o sistema.
De acordo com Alonso, como o Wi-Fi solar é um sistema autônomo, há necessidade de acumular energia para compensar as diferenças existentes entre produção e utilização ao longo do tempo. Assim, as baterias recarregáveis armazenam a energia captada pelo sol garantindo a operação do equipamento em períodos sem irradiação solar. “Temos hoje autonomia de 40 horas, mas ainda é pouco, principalmente em São Paulo onde o tempo não é estável. Já para regiões ensolaradas como o Nordeste, o sistema seria ideal”, informa. Segundo o pesquisador, o armazenamento obriga a utilização do módulo de controle de energia, um hardware que faz a gestão do processo de carga, garantindo maior tempo de vida útil às baterias.
Em pleno funcionamento, dois sistemas Wi-Fi solar operam na USP desde 2008 e são utilizados por estudantes e funcionários. “Instalamos dois protótipos em postes de iluminação na Escola Politécnica e mais de 50 pessoas se conectam diariamente à rede solar implementada e transferem em torno de 1GB (Gigabyte) de informação”, disse Alonso.
Vantagens
Entre os benefícios fornecidos pela tecnologia sustentável, destaque para a eliminação de infraestrutura de cabos elétricos, de gastos com projetos de rede sem fio, de mão de obra para instalação elétrica e do próprio custo com eletricidade. Além disso, o sistema permite maior velocidade na instalação já que pode ser colocado em qualquer lugar, confiabilidade em caso de enchentes, imunidade a roedores e menores custos de implementação. “Como o Wi-Fi solar é independente de infraestrutura cabeada, a economia pode chegar a 40% se comparado com a instalação de uma rede tradicional. Outra vantagem é que não precisa de manutenção e interação humana. Portanto uma tecnologia confiável e economicamente viável”, disse Alonso.
Ainda em andamento, a pesquisa pretende aumentar a eficiência do painel solar e diminuir as dimensões e o peso dos protótipos, hoje cerca de 20 quilos. “Nosso objetivo é transferir a tecnologia para uma empresa parceira que fará a industrialização e comercialização do produto”, informa Alonso.
O estudo está sendo realizado no NEM (Núcleo de Engenharia de Mídias) do LSI e teve a colaboração dos professores Marcelo Knorich Zuffo e Roseli de Deus Lopes, da Poli/USP, e do engenheiro Hilel Becher, gerente do NEM. A empresa Heliodinâmica também participou do projeto, fornecendo os módulos de armazenamento e fotovoltaicos.