SELO VERDE: A UTILIZAÇÃO DE UM INSTRUMENTO BALIZADOR MAIS SUSTENTÁVEL PARA OS PARQUES DE SÃO PAULO
Pouco mais de duas décadas atrás, as Nações Unidas encarregaram-se de formar uma comissão internacional presidida pela ex-Primeira Ministra da Noruega, Sra. Gro Harlem Brundtland, para efetuar amplo estudo a respeito dos problemas globais de meio ambiente e desenvolvimento, tendo como resultado, a publicação, o “Nosso Futuro Comum” (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991) mais conhecido por Relatório Brundtland. Este Relatório, no qual foi caracterizado o conceito de desenvolvimento sustentável e inserido definitivamente o termo na agenda política internacional, conceituou como sustentável, o modelo de desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades.
Majoritariamente, os problemas atuais do desenvolvimento, aliados à questão ambiental, encontram-se disseminados por todo o mundo, como o acelerado processo de urbanização, a escassez de água doce e o adequado saneamento ambiental, seus reflexos na saúde, a perda de biodiversidade, o desmatamento acelerado, a crescente poluição, a exploração exacerbada dos recursos naturais, o aumento de catástrofes naturais e as mudanças climáticas globais. Diante desta evolução, o município de São Paulo, atualmente a maior e uma das principais cidades do Brasil e da América do Sul, não poderia estar fora deste processo, a cidade enfrenta problemas socioambientais superlativos e tenta, a elevados custos, mitigar os impactos negativos deste crescimento.
No que se refere a uma política pública de desenvolvimento ambiental, a atual gestão administrativa tem a missão de entregar à população áreas mais saudáveis e de maior qualidade ambiental através da implantação de parques municipais, os quais requalificam a ocupação do solo na cidade, potencializando os serviços ambientais oferecidos por estes espaços.
Ainda que a adoção destas práticas seja de grande valia para a geração de espaços verdes com maior qualidade tanto para a cidade quanto a seus usuários, é fundamental, para a implementação desta política ambiental, a adoção de instrumentos voluntários de gestão ambiental no que se refere a critérios mais sustentáveis, os chamados SELOS VERDES ou SUSTENTÁVEIS para os parques municipais. Estes critérios ou diretrizes devem contemplar aspectos sociais, econômicos e ambientais direcionados a criação dos parques no município de São Paulo em prol de um avanço contínuo da gestão pública ambiental.
Em face a esta discussão, alinhando qualificação do espaço público, práticas de operação das áreas verdes e funções exercidas por esses ecossistemas de forma mais saudável, é essencial acreditarmos que, através destes instrumentos a serem definidos desde a concepção do parque, da sua construção, da escolha de materiais e soluções mais eficientes e de menor impacto ao meio ambiente, da operação e práticas de manutenção dos parques, iremos aprimorar condições de eficiência energética, desempenho ambiental e melhor funcionamento das áreas verdes da cidade.
Portanto, a adoção de uma metodologia de certificação verde para os parques de São Paulo é vital, tanto como uma força motriz para a readequação do segmento da indústria da construção civil a novos conceitos mais eficientes de materiais quanto ao incentivo de outros órgãos municipais pela adoção da certificação verde de suas construções.
Marcelo Caloi Neves
Marcelo Caloi Neves é arquiteto urbanista, funcionário da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo, trabalha no Depave 1 junto a equipe do Centro-Oeste na elaboração de novos parques para a região. Em 2008 conclui sua especialização no Instituto de Pesquisas Tecnológicas com o tema de pesquisa Alcances e limites dos instrumentos de avaliação e controle ambiental para o município de São Paulo. Trabalhou anteriormente a SVMA no ICLEI – Sustainability for Local Governments na elaboração de políticas públicas urbanas, Fórum de Mudanças Climáticas e Fábio Feldman Consultoria Ambiental.