terça-feira, 30 de abril de 2013

E agora?


30/04/2013 - 19h01

Justiça ordena quebra de sigilo de ex-diretor de órgão da Prefeitura de SP


A Justiça determinou a quebra de sigilo de um ex-diretor do Ilume (Departamento de Iluminação Pública de São Paulo) durante a gestão Gilberto Kassab (PSD) investigado por suposto recebimento de propina para beneficiar duas empresas que conseguiram contratos com a prefeitura. Os sigilos das empresas Consladel e Trópico também foram quebrados.
Paulo Candura, que é funcionário de carreira da prefeitura e atualmente assessor da Secretaria de Planejamento, nega as acusações.
De acordo com investigação do Ministério Público --que pediu a quebra de sigilo-- o nome de Candura aparece numa suposta lista de propina paga pelas empresas. Segundo testemunhas ouvidas pelo promotor Silvio Marques, Candura facilitaria as licitações para prestação de serviços de iluminação para as empresas, inserindo cláusulas que dificultassem a vida de concorrentes.
As denúncias partiram de Gilberto Faour Auad, ex-sócio da Trópico e ex-diretor da Consladel. A Trópico --que já foi responsável pelo contrato de iluminação do túnel Ayrton Senna, pertence a Labib Faour, irmão de Gilberto. O denunciante disse que foi retirado da empresa após se desentender com o irmão por causa dos negócios. Ele afirmou que Candura recebia uma espécie de "premiação" por ajudar empresa. Segundo ele, "era como se Candura oferecesse assessoria técnica".
Outra testemunha, ligada às empresas, disse à Promotoria que recebia ordens para entregar o dinheiro que seria destinado a Candura.
O advogado de Candura, Paulo Porto, disse que no ano passado o servidor colocou suas contas bancárias à disposição do Ministério Público. "Nem fomos notificados ainda da quebra de sigilo, que não era necessária, já que ele colocou as contas à disposição. Ele nega qualquer tipo de participação nesse esquema", disse Porto.
Sobre a suposta lista de propina, o advogado disse que trata-se de uma xerox, sem nenhum timbre ou alguma assinatura que identifique a autoria das tabelas. Em relação à acusação de que ele incluiria cláusulas nas licitações para facilitar a participação das empresas, Porto afirmou que não era função de Candura cuidar de contratos. "São acusações sem provas e que podem gerar uma ação de danos morais no futuro", disse Porto.
Folha não conseguiu localizar os proprietários da Trópico e da Consladel.
O prefeito Fernando Haddad (PT) disse que Candura pode ser alvo de investigação interna. (GIBA BERGAMIM JR.)