domingo, 16 de setembro de 2012

Sustentabilidade gera maiores lucros


15/09/2012 - 17:26
Gabeira: sustentabilidade gera maiores lucros


Por Cássia Santana

Jornalista elogia Bolsa Família e matriz energética brasileira

Gabeira em Aracaju: Brasil não é mais o vilão em questões ambientais (Foto: Cássia Santana/Portal Infonet)
Ex-deputado federal e ativista contra a ditadura militar e na defesa do meio ambiente, o jornalista e escritor Fernando Gabeira está em Aracaju participando de evento promovido pela Fundação Verde Herbert Daniel, que já percorreu oito cidades brasileiras em quatro Estados para defender um discurso único em torno de um projeto sustentável para os candidatos que disputam as eleições municipais pelo Partido Verde.

Em Aracaju, neste sábado, 15, Gabeira conversou com a reportagem do Portal Infonet, momento em que reconheceu avanços significativos na política ambiental e elogiou o programa Bolsa Família. Mas não deixou de ressaltar que ambientalistas brasileiros enfrentarão novos embates nas discussões em torno do novo Código Florestal a partir dos vetos da presidente Dilma Rousseff àquele projeto elaborado no Congresso Nacional.

Gabeira considera que não há mais espaço para “brigas” entre ambientalistas e capitalistas em se tratando de preservação do meio ambiente. Na ótica do jornalista, o desenvolvimento sustentável é também uma forma lucrativa. “Os consumidores internacionais estão cada vez mais exigentes e não vão consumir produtos fabricados em circunstâncias ecologicamente incorretas”, opina o ex-deputado federal.

Gabeira entende que, usando a madeira certificada, por exemplo, a lucratividade será maior em função da elevação do preço no mercado. “Se o produto é feito com todas as preocupações ambientais, ele também tem o certificado verde no mercado e os consumidores no mundo inteiro privilegiam e favorecem este tipo de produto”, analisa. “É mostrar a eles [os empreendedores] que, uma produção insustentável para quem, como o agro business brasileiro, tem o mundo como referência, não tem futuro, tem que ser uma produção sustentável”.

O jornalista encontra fatores positivos na produção nacional no que tange a sustentabilidade. “Do ponto de vista da sustentabilidade ambiental, temos uma matriz hidroelétrica que é muito interessante, temos uma matriz energética que é muito menos destruidora que nos outros países e isto é muito positivo”, analisa. “Temos também nossas florestas, temos uma proteção relativamente grande ainda das nossas florestas tropicais e, no campo social, temos o Bolsa Família, que é uma experiência internacionalmente reconhecida”, avalia. “O Brasil, da década de 80 pra cá, deixou de ser o vilão ambiental para ser um dos países líderes no processo de preservação do meio ambiente”.


Legislação

Para Gabeira, o tema da legislação ambiental mais importante é a redação do novo Código Florestal e é justamente neste aspecto onde está o gargalo. “Estamos em um certo impasse”, considera o jornalista. “O Código Florestal foi aprovado, a presidente Dilma fez uma série de vetos e estes vetos estão sendo analisados pela Câmara dos Deputados e, certamente, haverá um novo confronto”, comenta.

Frnando Gabeira lembra de boatos que indicam acordo entre o Governo e ruralistas para a aprovação do novo Código Florestal. “Mas a própria presidente Dilma disse que não estava informada sobre este acordo, então a gente não está sabendo como o Governo está nesta história e a posição do PV sempre foi contrário a vários aspectos deste novo Código Florestal porque acha que vai abrir possibilidade de uma exploração mais intensa e, inclusive, de um processo de destruição ambiental mais rápido”, diz.

Os ambientalistas, segundo Gabeira, continuam atentos realizando movimentos de resistência, apesar de reconhecer conquistas interessantes ocorridas nos últimos anos em favor do meio ambiente. A maior conquista, na ótica do jornalista, está na Lei dos Resíduos Sólidos. “Esta lei obriga cada cidade a ter o seu aterro sanitário, a realizar uma logística reversa, ou seja, empresas que produzem materiais perigosos que elas recebam para a reciclagem e cuidem do destino final desse material”, explica. “Então, a lei dos resíduos sólidos, para as grandes cidades brasileiras, por tratar do destino do lixo, é o aspecto mais importante. E o Código Florestal, mais importante para o campo”.