segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

‘Pecuária verde’ começa a ser implantada em Apuí, no interior do Amazonas


Foram investidos R$ 180 mil para a implementação das quatro UDs iniciais. O recurso foi desembolsado em parceria entre o Idesam e os fazendeiros.
[ i ]Quatro fazendas participam do experimento de menor impacto ambiental em Apuí. Foto: Karina Miotto/ DivulgaçãoQuatro fazendas participam do experimento de menor impacto ambiental em Apuí.
Manaus - Tradicional vilã na preservação da Amazônia, a pecuária começa a ser tingida de verde. Em Apuí, terceiro município mais desmatado do Estado, pesquisadores e pecuaristas formaram parceria para experimentar a criação de gado com menor impacto ambiental. A expectativa é alcançar maior produtividade, mais lucro e evitar a degradação da área.
O Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam) iniciou na primeira semana de janeiro o manejo rotacional semi-intensivo em quatro fazendas do município, chamadas de Unidades Demonstrativas (UDs). O coordenador do projeto Semeando Sustentabilidade em Apuí, Gabriel Carrero, afirma que o sistema de rotatividade do pasto garante que o gado coma o capim no tempo certo, quando há maior teor de proteína.
“No modelo tradicional de pecuária extensiva o produtor muda de pasto a cada cinco ou seis anos, quando o solo fica fraco e o capim não oferece mais os nutrientes necessários. Isso motiva a abertura de novos pastos e aumenta o desmatamento. Já o manejo contribui para o uso permanente da área, o que estimula a preservação”, explica.
As UDs possuem entre 15 e 23 hectares e são subdivididas em seis partes de tamanhos iguais. O gado pasta de seis a sete dias em cada piquete, rotativamente. Quando completa um ciclo, os animais voltam para o subpasto original. É a rotatividade, que batiza o sistema, que permite o rebrotamento do pasto e possibilidade de manejo.
Foram investidos R$ 180 mil para a implementação das quatro UDs iniciais. O recurso foi desembolsado em parceria entre o Idesam e os fazendeiros. Carrero destaca que o lucro com o aumento da produtividade ficará integralmente com os pecuaristas. “É importante que o Estado fomente linhas de crédito para que outros produtores possam aderir ao sistema”, disse. O primeiro ‘teste’ sobre a eficiência do experimento será aferido em março, por meio de um estudo de viabilidade econômica. O resultado final do projeto será conhecido em dezembro deste ano.
O agropecuarista Robson Marmentini, 34, proprietário de uma das UDs, já planeja aumentar a área rotacionada de seu pasto com o lucro desta primeira experiência. Ele calcula que poderá triplicar a produção se expandir o manejo para todas as suas cabeças de gado. “Acredito que as experiências práticas vão facilitar a aceitação da novidade por toda sociedade pecuarista”, disse.