sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Reciclagem de resíduos de construção civil

Reciclagem aliada


Reaproveitamento dos resíduos gerados em canteiro diminui o volume de entulho e ainda ajuda a reduzir custos. Projeto estrutural também contribui para reduzir descarte de madeira

Reportagem: Juliana Martins
Edição 57 - Março/2013
Entre abril e dezembro de 2012, 70% dos resíduos gerados em um dos canteiros da WTorre foram reciclados, percentual que chegou a 75% em dezembro de 2012 e que, estima Demetrius de Feo, gerente de projetos, atingirá 95% até março. Ele conta que a empresa promove a reciclagem de madeira, sucata de ferro, entulho limpo e plástico.
Uma das ações foi não descartar o resíduo, mas utilizá-lo como bica corrida ou para estabilização do solo. De Feo conta que cerca de 60% do entulho limpo é aproveitado. "Britamos no canteiro e usamos em aterros de sapata ou rampa ou mandamos para reciclagem", conta. A esse material, são incorporados também os corpos de prova de concreto já rompidos.
Foto: Marcelo Scandaroli
Os resíduos de agregados - incluindo os corpos de prova já rompidos - são processados no próprio canteiro e reaproveitados em aterros de sapatas ou em acessos temporários
Destino da sucata
A sucata gerada é pesada e vendida. O valor obtido retorna em dinheiro para a obra. No caso da madeira e do plástico, uma empresa é contratada para dar o destino adequado. Já o papelão, o PVC e o papel são doados para uma instituição de caridade, que os vende para reciclagem.

Foto: Marcelo Scandaroli
Ponto principal da redução de custos com resíduos está na separação para destinação adequada de cada material, seja por meio de doação, venda ou descarte
Foto: Marcelo Scandaroli
Decisão do projetista de usar cubetas para concretagem das lajes diminuiu o descarte de madeira que seria utilizada para as fôrmas
De Feo afirma que, para que todos esses processos sejam viabilizados, é preciso contar com equipe bem preparada. "A todo pessoal que entra na obra, quando passa pela integração, explicamos o que é sustentabilidade e o que pode e o que não pode ser feito, como a importância de segregar resíduos", diz.
Ações adicionais 
O uso de cubetas na concretagem das lajes, embora tenha origem no projeto estrutural, é fundamental para a redução da quantidade de resíduos gerados na obra. Isso implica redução de custos. "Quando usamos fôrmas tradicionais, de madeira, reutilizamos determinada quantidade de vezes. Depois disso, é inutilizada, gerando um volume muito grande de resíduo. Com a cubeta, não. Apesar de ainda utilizarmos o assoalho de madeira, o volume de material descartado diminui consideravelmente", compara De Feo.

As cubetas são de plástico e só são descartadas quando quebram, tendo vida útil indefinida. A madeira só é usada, explica ele, em algumas vigas e na junção da parede-diafragma com as lajes. "Gastamos menos com mão de obra, pois o processo é mais rápido e dispensa o trabalho do carpinteiro, já que ela é encaixada. Ganho na mão de obra, no resíduo e na velocidade", pontua.
Apoio técnico: Demetrius de Feo, gerente de projetos da WTorre Engenharia, e Eduardo Straub, do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE).