segunda-feira, 20 de abril de 2015

São Paulo dobra liberação para perfuração de poços...dano ambiental?

Com represas vazias, São Paulo dobra liberação para perfuração de poços

Com o agravamento da crise da água e a situação crítica dos reservatórios, o governo de SP autorizou a abertura de ao menos quatro poços de água subterrânea por dia no primeiro trimestre deste ano.
Esse ritmo de liberações representa quase o dobro do registrado em 2013, quando o Estado ainda não enfrentava os graves efeitos da estiagem.
Eduardo Knapp/Folhapress
Funcionários perfuram poço em condomínio no Ipiranga (zona sul de São Paulo)
Funcionários perfuram poço em condomínio no Ipiranga (zona sul de São Paulo)
Neste ano, até março, foram 380 licenças, ante as 906 ao longo de 2013 (pouco mais de duas por dia) e as 1.058 do ano passado, quando a falta de chuvas já era preocupante.
Com medo da crise hídrica, condomínios, indústrias e empresas passaram a pedir licença para a perfuração de poços e a captação de água.
Os custos são altos. Para perfurar e fazer funcionar um poço, os valores oscilam entre R$ 45 mil e R$ 400 mil. E há o risco de não achar água.
O aumento dos pedidos se concentra nas bacias que mais têm sofrido com a seca: a do Alto Tietê, na região leste da Grande São Paulo, e a do Médio Tietê, que agrega a região de Campinas.
Uma outorga só é barrada por falta de documentos ou quando há algum risco de contaminação, por estar localizada perto de um posto de combustíveis, por exemplo.
O limite de retirada de água é fixado pelo Estado, por meio das relações entre a vazão do poço e a quantidade da RESERVA estimada. Também é fixado um limite de horas de captação diária.
Especialistas dizem, no entanto, que a medida é paliativa e que, sem fiscalização, pode causar danos ambientais.
As águas subterrâneas, por se formarem a partir da infiltração no solo, também dependem das chuvas.
Se houver um superexploração, elas correm risco.
"A captação de água subterrânea é uma solução emergencial. Não é uma medida para longo prazo porque acaba rapidamente", afirma Rodrigo Custódio Urban, professor de engenharia ambiental da PUC-Campinas.
Na região de Campinas, boa parte dos poços está sendo perfurada pela indústria. Gigantes como Beiersdorf (dona da Nivea), Petrobras, Unilever e Ypê confirmam ter pedido licença e perfurado poços no último ano.
As empresas dizem que, além dos poços, investem para reduzir o consumo de água e ampliar o reúso.
As perfurações de poços também podem apresentar baixa eficiência devido às características do solo, formado por rochas duras, segundo o professor Antonio Carlos Zuffo, da Unicamp.

Responsável pelas autorizações, o Daee (departamento de águas e energia) foi procurado desde quarta (15), mas não se manifestou.