sábado, 31 de janeiro de 2015

Síndico: Agora é a sua vez!

Tecnologias e soluções de projeto podem ajudar a reduzir o consumo de água em edifícios novos e existentes

Controle de pressão na rede, uso de dispositivos economizadores e programa de manutenção predial são as armas da engenharia contra o desperdício


Por Juliana Nakamura e Maryana Giribola
Edição 212 - Novembro/2014

Andrey_Kuzmin/Shutterstock
Controle de pressão na rede, uso de dispositivos economizadores e programas de manutenção predial são as armas da engenharia contra o desperdício
Foto: Marcelo Scandaroli
Teste de estanqueidade, feito após a execução das instalações hidráulicas, permite detectar eventuais vazamentos na rede
Foto: Marcelo Scandaroli
Manutenção das instalações hidráulicas prediais é facilitada se o projeto de arquitetura prevê shafts de acesso ou tubulações não embutidas nas paredes
Os baixos índices pluviométricos registrados desde meados de 2013 vêm provocando a redução do volume de reservatórios e da vazão dos rios que abastecem diversos municípios da região Sudeste. Há pouco mais de seis meses, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) começou a captar água da reserva técnica do Sistema Cantareira, conjunto de reservatórios que abastecem parte da Grande São Paulo e algumas cidades do interior do Estado. No Triângulo Mineiro, Uberaba, Uberlândia e outras cidades do entorno enfrentam episódios de falta d'água devido à redução da vazão dos rios da região. O mesmo ocorre com o Rio São Francisco, no centro de Minas Gerais, e o Rio Paraíba do Sul, que atende o Rio de Janeiro.
Aos poucos, o racionamento de água se torna uma realidade para uma parcela cada vez maior da população. Em algumas regiões, a situação pode continuar crítica mesmo depois da temporada de chuvas, que termina em março de 2015, caso as precipitações não recomponham as fontes hídricas. Nesse contexto, soluções técnicas para estoque de água e redução do consumo passam a ser mais valorizadas pelo mercado imobiliário.
A cadeia da construção civil já trabalhou em documentos e programas que incentivam o uso racional da água em edificações, como o Manual de Conservação e Reúso de Água em Edificações. A publicação, de 2005, foi elaborada por meio de uma parceria entre a Agência Nacional de Águas (ANA), a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP). Mas, segundo o engenheiro Mario Augusto Baggio, sócio-gerente da Hoperações Consultoria, o setor ainda carece de iniciativas nesse sentido. "São esforços isolados que não têm continuidade", acredita.
O que já existe
Nas edificações existentes, as possibilidades de intervenção são mais restritas, já que há pouca flexibilidade técnica para a reestruturação dos sistemas hidráulicos. Nesse caso, como aponta Carlos Barbara, diretor da Barbara Engenharia e Construtora, a recomendação para os administradores de condomínios é seguir as prescrições da NBR 5.674:2012 - Manutenção de Edifícios - Requisitos para o Sistema de Gestão de Manutenção, dedicando especial atenção à identificação de vazamentos nas tubulações. Essas patologias, que podem ser visíveis ou não, geralmente acontecem nas caixas ou válvulas de descargas; nas válvulas de admissão de ar das descargas e reservatórios; ou nas tubulações do sistema hidráulico.
O excesso de pressão nas redes de distribuição também é um ponto crítico e pode contribuir para um consumo maior do que o necessário no desempenho da atividade, causando desperdício de água. A pressão hidráulica estática do sistema não pode ultrapassar o valor recomendado pela NBR 5.626: 1998 - Instalação Predial de Água Fria, que é de 400 kPa (40 m de coluna d'água - mca).
Divulgação: Companhia do vazamento
Método não destrutivo permite investigar vazamentos por meio da análise do som emitido pela rede
Desde a concepção
Nos empreendimentos novos, soluções simples ajudam a minimizar o consumo e evitar o desperdício de água. O dimensionamento correto dos sistemas, a concepção de sistemas de medição individualizada, o uso de componentes e sistemas em conformidade com as normas técnicas e alternativas que garantam uma fácil manutenção da rede, como a criação de shafts, são cuidados básicos que podem ser adotados ainda na fase de projeto.
"Nessa fase, é importante que o projetista de instalações esteja apto a interagir com os demais profissionais envolvidos para definir as necessidades para implantação desses tipos de sistema", diz Júlio Fonseca, diretor da GreenGold Engenharia Multidisciplinar. Como exemplo, ele cita as dimensões das áreas técnicas a serem determinadas no projeto de arquitetura para garantir espaço para a instalação dos equipamentos. "Comparando um projeto de instalação sem reaproveitamento de águas com um projeto com reaproveitamento, há algumas mudanças. São necessárias prumadas de esgoto, prumadas de água tratada e novos reservatórios de armazenamento de esgoto, tratamento e armazenamento da água tratada", acrescenta o gestor de obras do Grupo EPO, Marcus Vinícius Viana de Gouvêa.
Escolha certa
A concepção da rede e a especificação dos seus componentes também são decisivas para obter bons resultados de eficiência hídrica. Basta lembrar que um empreendimento pode utilizar uma gama enorme de duchas com vazões diferentes, desde equipamentos com vazão de 8 l/min aos que gastam 30 l/min. "Existem no mercado duchas e chuveiros que têm uma curva de consumo de vazão x pressão de rede que podem chegar a valores cinco vezes maiores do que o estabelecido por norma. A compra deste tipo de aparelho deve ser desestimulada", alerta Barbara.
Também é possível a especificação de louças, metais sanitários e outros equipamentos mais ou menos economizadores. "Soluções não faltam. O importante é que os produtos e dispositivos sejam especificados adequadamente, em função do uso a que se destinam. Eles também devem ser produzidos e instalados atendendo aos requisitos das normas técnicas vigentes", destaca o engenheiro Plínio Tomaz, especializado em projetos de hidráulica. Visando à maior sustentabilidade e eficiência, também deve ser dada preferência à escolha de equipamentos cujos componentes apresentem maior durabilidade e menor custo de manutenção.
Boas práticas
Veja dicas de projeto, execução e manutenção dos componentes de instalações hidráulicas prediais
Prumadas
As prumadas de um sistema de água fria sofrem vibrações durante seu funcionamento. Para evitar que essas solicitações mecânicas provoquem fadiga e, consequentemente, vazamentos nas tubulações, essas prumadas devem ser bem instaladas e soldadas, prevendo ainda um espaço para que possam vibrar sem interferências.
Bombas de recalque
Para evitar que as tubulações de recalque, que ligam a bomba ao reservatório superior, também se rompam por fadiga, é recomendado que entre a bomba e a tubulação seja inserido um mangote de borracha, capaz de absorver as vibrações do equipamento.
Veda-rosca
A fita veda-rosca, indicada para tubos roscáveis e conexões com rosca, deve ser aplicada na ponta dos canos limpos, para não prejudicar a aderência. Em bitolas de 1/2" ou 3/4", o recomendado é que sejam dadas de quatro a seis voltas de fita seguindo o sentido da rosca, para evitar que a fita solte quando a tubulação for rosqueada.
Válvulas de descarga
Nas edificações mais antigas, as válvulas de descarga são as maiores responsáveis pelos desperdícios de água. Para evitar consumo excessivo, é preciso realizar as trocas das peças ao notar qualquer tipo de vazamento. Deve-se regular a pressão de acionamento da descarga e testá-la antes de fechar a tampa.
Juntas soldáveis
Antes de executar as juntas em tubulações de PVC, as superfícies a serem soldadas precisam ser lixadas para garantir a aderência do adesivo no material. Deve-se aguardar cerca de uma hora antes de preencher a tubulação com água e 12 horas para realizar o teste de estanqueidade.
Termofusão
Antes de iniciar o serviço, é fundamental realizar a limpeza dos bocais da termofusora com um pano embebido em álcool e verificar o seu correto ajuste sobre a placa do equipamento. Os tubos devem ser recortados com tesoura específica para evitar rebarbas e, antes do processo de soldagem, a ponta do tubo e o interior do bocal devem estar limpos. É importante lembrar que cada produto possui uma ficha técnica com as recomendações acerca das medidas e do tempo mínimo determinado para a fusão.
Menos conexões
As conexões são pontos vulneráveis das instalações hidráulicas prediais e podem dar origem a vazamentos, se mal-executadas. Por isso, o projeto deve prever o menor número possível de conexões. Além disso, quanto menos conexões, mais fácil é o trabalho de instalação hidráulica de água fria.
Teste de estanqueidade
Realizam-se testes de estanqueidade dos sistemas in loco para qualquer tipo de instalação hidráulica. Os testes de pressão interna dos tubos devem ser realizados de acordo com a especificação de cada tipo de sistema. O ideal é que sejam feitos antes da execução dos revestimentos.
Tubulações aparentes
A manutenção preventiva e corretiva é um ponto crítico das redes de distribuição de água de um edifício. Apesar da cultura de embutir todas as instalações nas paredes, a criação de shafts tem sido uma boa alternativa de projeto para garantir o acesso às instalações e a fácil manutenção das redes de distribuição hidráulicas. Esses acessos devem ser previstos ainda na fase de projeto.
Vazamentos não visíveis
Para detectar vazamentos não visíveis em tubulações, há algumas tecnologias disponíveis no mercado, como a geofonia eletrônica, a haste de escuta e a correlação de ruídos. O geofone, por exemplo, é utilizado quando não há nenhuma possibilidade de contato com a tubulação. Com o dispositivo, que possui fones de ouvido, é possível identificar a frequência de passagem de água na tubulação e identificar o ponto de vazamento.

Medição individualizada
Divulgação: Tesis
A medição individual do consumo de água em apartamentos é uma das soluções de maior impacto em planos de racionalização do uso desse insumo, a ponto de ser defendida pelo Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água, promovido pelo Ministério do Planejamento e Orçamento. Muitos Estados e municípios já têm regulamentada a exigência de instalação de hidrômetros em apartamentos em construção, como é o caso de cidades como Olinda (PE), São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Vitória. "Implantar esse tipo de sistema em empreendimentos novos é bastante simples e proporciona uma redução de 15% a 30% do consumo de água porque induz e motiva o usuário a economizar", comenta o engenheiro civil Plínio Tomaz. Ele explica que esse segmento evoluiu bastante nos últimos anos com o desenvolvimento de equipamentos mais precisos e que fazem a leitura dos dados à distância, por exemplo.
O ideal é que o projeto preveja locais adequados para a instalação dos hidrômetros, preferencialmente no hall dos andares. Cabe ao projetista escolher o modelo mais adequado de individualização.
Algumas opções são a alimentação direta à caixa inferior e a distribuição feita por reservatório superior único, a alimentação feita diretamente à caixa elevada com distribuição feita por único reservatório e a alimentação feita por único ramal ao edifício, com bateria de medidores no térreo. O desafio, segundo Plínio, é introduzir a medição individualizada em edifícios já construídos e não concebidos para isso. Isso porque o sistema predial de água é usualmente concebido de forma verticalizada, com colunas de distribuição abastecendo pontos de consumo em ambientes similares sobrepostos, estando as tubulações quase sempre embutidas nas paredes. Há basicamente duas formas de instalação nos apartamentos já construídos. Uma delas consiste em isolar as várias colunas de alimentação do apartamento modificando a rede de forma que a alimentação seja feita por um único ponto onde é instalado o medidor. Outra alternativa mais usual, conhecida como método alemão, é instalar em cada coluna um medidor, sendo o consumo do apartamento obtido pelo somatório dos medidores.

Pressão alta
O controle da pressão no sistema hidráulico é um dos pontos que podem ser trabalhados pelo projetista visando a racionalizar o consumo de água. Redes com pressão elevada podem contribuir para perdas no sistema hidráulico por conta de rupturas mais frequentes, do golpe de aríete ou mesmo do fornecimento de água em quantidade superior à necessária numa torneira. Estima-se que uma redução de pressão de 30 mca para 17 mca possa resultar em economia de aproximadamente 30% do consumo de água em um imóvel, conforme cálculos do engenheiro Orestes Marracini Gonçalves, professor titular do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP e sócio-diretor da Tesis Engenharia. O projeto também pode trabalhar o traçado das tubulações de modo a reduzir o número de juntas e conexões que são causa frequente de perdas hídricas.
Fonte: Equipe de Obra nº 35 - reportagem Instalações Hidráulicas: Válvulas Redutoras de Pressão (pág. 44)
Macrofluxo para concepção e execução dos sistemas hidráulicos de uma edificação
Fonte: Adaptado de professor Orestes Marracini Gonçalves

Pavimento permeável pode minimizar enchentes urbanas

http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=pavimento-permeavel-minimizar-enchentes-urbanas&id=010125150130&ebol=sim


Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/01/2015
Pavimento permeável pode minimizar enchentes urbanas
Teste de vazão da camada de pavimento permeável, vista na parte superior da imagem. [Imagem: VTT/Class Project]
Uma das causas das enchentes nas grandes cidades é a impermeabilização do solo, com o concreto e o asfalto impedindo que a terra absorva parte da água e evite que ela se acumule nos locais mais baixos.
O problema não é exclusividade do Brasil, e engenheiros finlandeses desenvolveram uma solução para o problema: um asfalto permeável que absorve parte da água da chuva.
"As soluções de pavimento desenvolvidas no projeto podem ajudar na mitigação das inundações urbanas causadas por grandes volumes de água na rede de águas pluviais," disse Erika Holt, do Centro de Pesquisas Tecnológicas da Finlândia.
Pavimento permeável
O pavimento permeável consiste em uma camada superficial de rolamento, aplicada sobre camadas de materiais de alta porosidade, capazes de reter água. As camadas de subsuperfície podem receber sistemas de drenagem ou coleta de água, ou se interligarem com a rede pluvial.
A camada de rolamento é uma mistura de asfalto, brita fina e concreto de alta permeabilidade.
O material ainda não é um substituto completo para o asfalto, sendo adequado para áreas com baixo volume de tráfego, tais como parques de estacionamento, calçadas, pátios, quadras e praças.
Segundo Holt, o pavimento permeável foi desenvolvido para atender aos rigores do inverno nórdico, resistindo ao congelamento nas estações frias e à aplicação de sal para remoção do gelo, aplicado no inverno para evitar que os carros derrapem.
As propriedades geotécnicas das camadas inferiores também foram ajustadas para as condições climáticas da Finlândia, e a aplicação da técnica em outros climas precisaria refazer os experimentos para encontrar a solução mais adequada a cada região.
Como guia para quem desejar fazer seus próprios experimentos, a equipe indica que as variáveis envolvidas incluem seleção dos materiais aplicados em cada camada, projeto e dimensionamento das camadas, técnicas de construção e períodos de manutenção.
Solução sob medida
Já existem pavimentos permeáveis em utilização no Japão, Bélgica, Alemanha e nos EUA.
O projeto finlandês teve o mérito de destacar a necessidade de adaptação do conceito às condições climáticas específicas de cada área de utilização, de forma a reduzir custos e maximizar a absorção de água.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Gestão de resíduos sólidos: desafios e perspectivas para a sustentabilidade em área urbana


http://jus.com.br/artigos/35924/gestao-de-residuos-solidos-desafios-e-perspectivas-para-a-sustentabilidade-em-area-urbana


Publicado em . Elaborado em .



 O escopo maior da estratégia da sustentabilidade é, ao menos, pressionar políticas ambientais com maior rigor e controle sobre os crescentes impactos socioambientais que assolam das pequenas, médias e grandes cidades; consoante os primeiros movimentos ambientalistas (1960-1970) envoltos aos aspectos econômicos e tecnológicos em combate ao padrão modelo  de produção industrial baseado na sobre-exploração dos recursos naturais e aplicação solitária de aspectos econômicos.
 A sustentabilidade é critério básico para a Gestão Ambiental de uma comunidade urbana, devendo a consciência ecológica e o desenvolvimento socioeconômico estar unidos em responsabilidade múltipla. Do contrário, o desenvolvimento sustentável será uma falácia, um “engodo ambiental”. E ressalte-se, sustentabilidade ecológica não se confunde com crescimento econômico, pois este último por vezes representa mera modernização de elites, cujo projeto de responsabilidade socioambiental é desfocado, preterido em razão da ganância do atual modelo neocapitalista que concentra renda nas mãos de um pequeno número de pessoas.
A sustentabilidade, conforme ensinam Melo e Froes (2002, p. 105), vai muito além dos modelos seguidos pela sociedade industrial, ela alcança a perpetuação da vida e o valor de preservação do Mundo Natural; do uso racional dos recursos naturais de forma que sua regeneração ocorra continuamente, sobretudo quanto às fontes não renováveis, divergindo da exploração econômica predatória.
Com observância às definições de sustentabilidade e das regras do Direito Ambiental atua a Gestão Ecológica, devendo abraçar as cinco dimensões do desenvolvimento sustentável, quais sejam, na conceituação de Ignacy Sachs (1995, apud VESENTINI, 2003, p. 169):

1) Sustentabilidade Social – criação de um desenvolvimento que objetive construir uma sociedade justa, com melhor distribuição social da renda e redução do abismo entre os mais ricos e os mais pobres.
2) Sustentabilidade Econômica – deve ser avaliada em termos macrossociais [no nível de bem-estar de toda a sociedade] e não apenas no nível microeconômico [no plano do lucro das empresas individuais]. Também a expansão da ciência e da tecnologia deve ser contemplada, tornando-as disponíveis especialmente aos países subdesenvolvidos.
3) Sustentabilidade Ecológica – deve levar em conta os limites da Terra e produzir um desenvolvimento em harmonia com os recursos naturais. Uma medida seria limitar o uso de combustíveis fósseis, substituindo-os por fontes de energia renováveis e/ou abundantes [...]. Outra medida seria reduzir o volume do lixo e dos resíduos, com a sua reciclagem. Deve-se ainda intensificar a pesquisa tendo em vista a obtenção de tecnologias “limpas” [não poluidoras], como máquinas que gastem menos energia, uso do hidrogênio ou da energia solar, etc.
4)  Sustentabilidade Espacial – configuração rural-urbana mais equilibrada e melhor distribuição territorial dos assentamentos humanos e das atividades econômicas. Isso implica reduzir a excessiva concentração de pessoas e atividades nas áreas metropolitanas, frear a colonização de áreas florestais, incentivar a industrialização descentralizada e criar uma rede de reservas naturais e de biosfera para proteger a biodiversidade.
5) Sustentabilidade Cultural – aproveitamento da sabedoria dos povos nativos, fazendo com que o processo de desenvolvimento não modifique seus valores culturais, que devem ser preservados e valorizados.

O Brasil, indiferente àquela proposta preservacionista, ainda assim nos extremos, ao tempo de seu histórico Regime Militar Autoritário, seguiu o grupo dominante dos países liderados pelos Estados Unidos, ao qual pregava a tese do “crescimento a qualquer custo”. Alegava-se que se deveriam enfrentar os problemas socioeconômicos a custa do uso intenso dos recursos naturais. Fato este caracterizado com a liberação pacífica e gratuita de milhares de hectares de florestas amazônicas a todo aquele indivíduo que quisesse “povoar” a região Amazônica que contava, e conta ainda, com baixa densidade demográfica.
A advogada ambiental Carla Daniela Leite Negócio elucida a ideia do “crescimento a qualquer custo” como sendo,
[...] a crença de que a ciência pode com o tempo desvendar todos os segredos na natureza, na ideia de uma economia humana em expansão contínua e na crença de que as futuras inovações tecnológicas e a engenhosidade humana irão, por si mesmas, resolver todos os problemas humanos e ambientais (apud THEODORO, BATISTA e ZANETI, 2008, p. 50).
Esperava o Governo Federal, inicialmente, que famílias pobres das demais regiões do Brasil fixassem-se no Norte através da agropecuária de subsistência. Ledo engano. O que se notam até hoje são grupos gentílicos (inclusive sob falsas bandeiras político-partidaristas) ligados a diversas empresas e indústrias, a usar-se do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e da ideologia “Reforma Agrária”, desmatando toneladas de árvores cujo corte sem licença ambiental é ilegal. Extraem “madeira de lei” – matéria-prima bastante cobiçada pelos Estados Unidos – principal comprador de toras ilegais -, e após o desmatamento, deixam para trás a miséria socioambiental sob a forma de peões desempregados e campos desertos, sem nenhuma cultura vegetal, vez que o solo amazônico é ácido demais para muitas espécies de vegetais domésticos.
Tais consequências negativas tornam-se ainda mais graves quando somadas às atividades urbano-industriais desordenadas. Eis aí que se influi na Questão Saneamento Básico: quebra do equilíbrio ecológico e proliferação de doenças como anencefalia, leucopenia, silicose, saturnismo, leptospirose, dengue, canceres etc., ocasionada por rios e reservatórios poluídos em razão de esgotos a céu aberto, lixões aleatórios e alimentos contaminados.
 Desse modo, é basilar compreender um problema ambiental a partir de uma visão geral, na qual é possível explicar problemas gerais a partir de causas específicas.
 Indubitavelmente, o abuso dos recursos da Terra vem intensificando antigos fenômenos climáticos, como o aquecimento global e inversões rápidas das condições de tempo, acarretando, por sua vez, o derretimento das calotas polares e consequente aumento do nível dos oceanos, diminuindo as áreas de praia nas cidades litorâneas ao redor do mundo.
 Consoante o ex-consultor da NASA e criador da “Hipótese Gaia”, Lovelock (2005, apud MILARÉ, 2011, p. 69), o nível de destruição do meio ambiente já ultrapassou os limites, a gerar estimativas apocalípticas de que a vida humana será insustentável a partir do ano de 2040, sendo o desfecho quase que absoluto em 2100, onde 80% da raça humana sucumbirá.
 Nesse contexto duro e realista, surge uma esperança: o processo de sustentabilidade das atividades humanas. O desenvolvimento sustentável tornou-se não mais retórica ambientalista, mas sim uma realidade presente no dia-a-dia de muitos processos industriais, a citar o uso de materiais reciclados para obtenção de produtos e geração de empregos por meio das Usinas Verdes – Central de triagem e processamento dos resíduos sólidos, donde se estrai desde matéria-prima secundária à geração de energia elétrica.
 Hodiernamente a economia e a sociedade humana não podem mais prescindir das estratégias ecológicas. A Questão Ambiental está presente na ciência, na tecnologia, na cultura, na política, enfim, em todos os âmbitos do conhecimento humano. Daí a importância de harmonizar as ações antrópicas com as Leis da Natureza – leis que estão acima de qualquer arbítrio do homem.
 Frise-se, a agressão aos bens da natureza põe em risco a sobrevivência humana: fato notório, hoje. Portanto, mister se faz buscar alternativas que tragam equilíbrio ao tripé: (i) atividades econômicas; (ii) sociedade humana; e (iii) preservação do ambiente natural.
Ademais, compatibilizar meio ambiente com desenvolvimento socioeconômico significa analisar problemas ambientais dentro de um processo contínuo de planejamento multidisciplinar. Isto é, a política de gestão ambiental não deve obstaculizar nem o crescimento econômico, nem o uso racional dos recursos naturais, a fim de garantir a base material do progresso humano sob a estratégia da sustentabilidade.
Segundo ensina o Professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, José Carlos Barbieri,
Para se alcançar o processo de sustentabilidade, faz-se exigente o uso de inovações científicas e seus equipamentos tecnológicos que ampliem permanentemente a capacidade simultânea de consumo, recuperação e preservação dos recursos naturais, tendo em vista as infindáveis necessidades humanas das presentes e futuras gerações (2005, apud MILARÉ, 2011, p. 73).

No entanto, tal conceito de desenvolvimento sustentável tropeça na utopia ou quimera quando nos centros urbanos predomina a pobreza, a exclusão social, o desemprego, pois o povo que não come direito, não estuda, não lê, não pensa como seria o uso consciente dos recursos da natureza. A exemplo do abandono material sofrido pelos catadores de lixo, que, via de regra, vivem sem nenhuma contrapartida financeira de entidades públicas responsáveis pela saúde, educação, meio ambiente e desenvolvimento econômico local; onde, por vezes, eles são vistos como “meros atores da disparidade social”.
Ademais, o uso sustentável da superfície terrestre solidariza-se com a atuação conjunta e mútua de toda a comunidade, o Poder Público, as classes empresarial e industrial. Isso também deve ser aplicado ao problema do saneamento básico, mais especificamente, dos famigerados lixões a céu aberto, que merece superação a partir três iniciativas: (i) mudança profunda na conduta individual do desperdício e consumismo exacerbado através da Educação Ambiental; (ii) redução das disparidades sociais, melhor distribuição de renda e oferta de empregos; e (iii) aplicação severa de leis específicas no embate dos impactos ambientais causados pelas atividades econômicas.
 Portanto, a comunidade e o Poder Público são os responsáveis solidários pela manutenção do ambiente saudável, ao passo que o progresso socioeconômico fundamenta-se pelo bem comum.
 Nesse diapasão, faz-se importante mostrar algumas características de uma Cidade Sustentável, a partir do que anota o doutrinador Édis Milaré (2011, p. 77-78):

a) População com forte senso de coletividade e iniciativa para resolução de seus problemas;
b) Conhecimento pleno de seus Direitos Cívicos;
c) Participação popular nos espaços e fóruns representativos, em conselhos locais e assembleias de discussões de interesse coletivo;
d) Forte organização comunitária e autogestão;
e) Elevada vocação produtiva em harmonia com questões culturais, sociais, econômicas e ambientais.

Por fim, ressalte-se que a importância de uma Cidade Sustentável está na capacidade de autogestão e sustentação de sua população, atendendo satisfatoriamente às necessidades básicas que proporcionam o bem-estar de todos. E isso é a concretização do termo sustentabilidade, que assume sinônimos de: processo, prática, recurso, construção, empreendimento, desenvolvimento, conhecimento científico, conceito ecológico, alto nível de consciência holística e outros.
No Brasil, o conceito oficial de sustentabilidade apareceu por ocasião do estabelecimento de diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição, com a Lei 6.803, de 2 de julho de 1980. Tempos depois, tal significado foi aprimorado na forma de Política Nacional do Meio Ambiente, que priorizou a avaliação dos impactos ambientais como meio de preservas os processos ecológicos essenciais (art. 9ª, III). Atualmente, duas importantíssimas leis regem a Política Nacional de Saneamento Básico (Lei 11.445/2007) e a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010).


2. PERCEPÇÃO DE RISCOS SOB A PROBLEMÁTICA DO LIXO.

Nos últimos 30 anos, o crescimento urbano e a ampliação desordenada do consumo de diversos bens e serviços pela sociedade pós-industrial levaram a um aumento considerável da produção de lixo. Nesse cenário, o Brasil tem 2.906 lixões em atividade e das 189 mil toneladas de resíduos sólidos produzidas por dia, apenas 1,4% é reciclado (MMA, 2013). Nisso, em grande parte dos municípios brasileiros os planejamentos em gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos (RSU) e rejeitos inexistem ou são considerados ineficientes. A destinação ou disposição final inadequada do RSU resulta em graves problemas socioambientais e desperdício de materiais que podem ser usados em reciclagem ou reaproveitamento, além de trazer enormes desafios para a estratégia da gestão ambiental urbana (MACHADO, 2013).
A fim de atender ao binômio desenvolvimento e sustentabilidade, o tema ganhou nova relevância após a publicação, em 2010, da Lei 12.305, instituidora da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A referida lei exige que municípios envoltos nos problemas dos lixões e integrantes de áreas de especial interesse turístico elaborem planos de gestão integrada ou estabeleçam parcerias por meio de consórcios intermunicipais para a gestão dos resíduos sólidos (art. 19).
A expansão urbana é comumente acompanhada pela produção social de riscos. De modo que, tal risco não é um fenômeno recente, nem uma criação contemporânea. É um problema decorrente do antigo desenvolvimento econômico mercantilista cuja técnica está galgada no individualismo versos consumismo, onde a miséria social passa a ser vista como um processo natural ante a cultura do descartável: fenômeno do desperdício dos materiais industriais. Daí emerge a atual situação dos lixões: seio de preocupação que cresce nos centros urbanos, principalmente por causa da geração descontrolada de bens de consumo que, pela ideia do descartável ou modismo, logo se tornam resíduos inconvenientes para a sociedade pós-industrial. Resíduos que são descartados inadequadamente em áreas órfãs (terrenos baldios), em córregos, em ruas isoladas das cidades, poluindo todo o meio ambiente e propagando doenças na comunidade.
Muito são os problemas ambientais desconhecidos na Terra, lembra o ambientalista norte-americano Al Gore (2003, apud MILARÉ, 2011, p. 62), fato este preterido pelas “atuais percepções dos danos ecológicos frente às estratégias políticas postas”. Isto é, há mais uma preocupação em se readequar atuais modelos econômicos predatórios do que se preservar os nichos ecológicos e a biodiversidade do Planeta. Então, a depleção de recursos naturais alcança a exaustão que vai além de discursos ecocêntricos, faz-se real e visível a todos os olhos.
Fatores socioeconômicos agravantes do desequilíbrio ambiental aparecem sob a forma de disparidade social, desemprego, miséria. Doutro lado, têm-se as classes mais abastadas financeiramente com a prática de consumismo inconsequente de produtos industrializados, a causar escassez de matéria-prima e enormes porções de resíduos sólidos urbanos.
A disposição desordenada e volumétrica de resíduos sólidos em lixões, por vezes junto à comunidades carentes, traz doenças à saúde humana, p. e., leptospirose e dengue (ratos, insetos) são problemas mais frequentes em períodos quentes e húmidos no Brasil.
Reagindo às atuais condições de vida humana em ambientes naturais poluídos e devastados, movimentos políticos internacionais têm surgido nas últimas décadas com o propósito de rediscutir valores e comportamentos humanos. A citar a Conferência das Partes, que até o presente tenta pôr em execução planos ecológicos das Convenções do Clima (Copenhague e Cancun) e da Diversidade Biológica (Nogoya). Porém, são quadros de discussões que são constantemente travados por ordens econômicas que se travestem de uma sustentabilidade aparente: tecnologia como solução para todo o mal da poluição.
Realidades utópicas criam enorme fosso entre ambientalistas e neocapitalistas. Daí, a Ética Ambiental surge como salvadora das nações, qual mediadora dos conflitos entre as ações dos industriais e a teoria dos ecologistas.
O processo de desenvolvimento dos países e suas cidades dar-se à custa dos recursos naturais vitais, ocasionando a deterioração das condições ambientais em ritmo e proporções até então desconhecidos. Isso a acometer o poder de autopurificação ou regeneração da biosfera. Infelizmente, a problemática dos resíduos sólidos reflete todo um conjunto de vários problemas ambientais: escassez (desperdício) de recursos naturais e poluição de solo, água e ar.

3. PARTICIPAÇÃO SOCIAL: AVANÇOS E RETROCESSOS.
Desde meados do século XX movimentos sociais (e de forma incipiente movimentos ecológicos) reivindicam melhorias das condições de vida emergente da crise ambiental. A exemplo de atores sociais (pessoas físicas e jurídicas), ainda que pouco expressivos, dos catadores de lixo, que, através de cooperativas ou associações de bairro, montam galpões para armazenagem de alguns materiais passíveis de reciclagem, o que já ocorre com papel e plástico. Os catadores de lixo saem às ruas coletando o que conseguem resgatar dos depósitos de lixo caseiros e comercias, antes da passagem dos carros do serviço público de coleta, que, infelizmente, acabam por misturar mais ainda os resíduos sólidos, dificultando o trabalho daqueles. É notório perceber que o ator social do gestor público (prefeituras e governadorias) reside aquém do estipulado como ideal na gestão dos resíduos sólidos no Brasil. Em análise das políticas públicas, existem poucos mediadores setoriais e globais no quesito gestão de resíduos sólidos. Os tecnocratas do Poder Público estão mais comumente ocupados com questões estritamente eleitoreiras ou “aparentistas” (a exemplo do investimento de bilhões de reais do erário em publicidade governamental e desporto futebolístico) do que com questões de infraestrutura básica do que já se atende por “básico do saneamento”; isto é, a frequente omissão nos investimentos públicos em coleta seletiva, disposição correta e resgate e reciclagem de materiais secundários provenientes dos resíduos sólidos.
4. POLÍTICAS PÚBLICAS URBANAS: ALGUNS INSTRUMENTOS LEGAIS.
4.1. ESTATUTO DA CIDADE E PLANO DIRETOR.

Manda a Constituição Federal de 1988 que a Política Urbana se desenvolva em harmonia entre entidades civis e anseios populares, de modo a garantir direitos fundamentais à moradia, aos melhores serviços públicos de saneamento básico, à saúde, entre outros, a fim de realizar a tão sonhada qualidade de vida coletiva.
Para isso, exige a Carta Maior que o imóvel urbano (propriedade ou posse) atenda à função social, nos termos complementares do respectivo Plano Diretor do município (arts. 182 e 183, CF/88).
A Lei 10.257/2001, o Estatuto da Cidade, reúne instrumentos que dão guarida ao disposto na Constituição, pois possui matérias de ordem tributária, urbana, jurídica e ambiental que devem nortear qualquer Plano Diretor – conjunto de leis municipais que estabelecem a política urbana local para o pleno desenvolvimento das funções sociais. Tais instrumentos legais são obrigatórios para o desenvolvimento e expansão corretos de qualquer centro urbano, sobretudo se possuir mais de 20 mil habitantes, consoante dispõe o artigo 182, §1º, da Constituição Federal, haja vista ser a gestão democrática e ambientalmente legal um direito de todos.
Ensina a doutrinadora Isabel Oliveira que a participação popular está como ponto mais importante na construção de um Plano Diretor, através de associações representativas dos vários segmentos da sociedade, em dever de cidadania quando envolvido nas várias etapas de elaboração das leis locais (implementação, avaliação e execução). Sem olvidar as estratégias da sustentabilidade que devem iluminar cada artigo.
Portanto, o Plano Diretor é o instrumento legal básico de orientação da expansão urbana em consonância com as diretrizes econômicas, sociais, jurídicas e ambientais para o desenvolvimento urbano sustentável. De modo que é imprescindível que ele integre não somente as cidades com mais de 20 mil habitantes, mas também aquelas que integram regiões metropolitanas e áreas conturbadas e de importância cultural, turística, ambiental e paisagística.
É de competência municipal a elaboração do Plano Diretor. E observe-se: tal plano sempre deve ser guiado pelo princípio da conservação dos ambientes urbano e naturais que compõem a cidade, além de garantir que os recursos naturais sejam utilizados adequadamente pelas presentes e futuras gerações, em um espaço ecologicamente equilibrado.
Igualmente, ressalte-se que por ser o espaço urbano mutante, físico e culturalmente, assim também deve ser o Plano Diretor. Ou seja, este deve ser um código dinâmico, passível de alterações legais periódicas à medida que novas necessidades biológicas, físicas, culturais e socioeconômicas forem surgindo.
Por fim, as leis elementares do Plano Diretor devem conter assuntos sobre: (i) ocupação e parcelamento do solo; (ii) sistema viário; (iii) códigos de obras; (iv) códigos ambientais de disposições locais; e (v) outros aspectos administrativos e legais.
É nesse instrumento que se delineiam os locais para aterro sanitário e aterro controlado, a mitigar a problemática dos impactantes lixões, que, além de transgredir a Lei 12.305/10 (Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos), acaba por gerar diversos problemas socioambientais nas comunidades adjacentes àqueles locais.

4.2. PLANO DE PROTEÇÃO ECOLÓGICA.
Os planos de proteção, ou preservação, do meio ambiente podem ser de iniciativa nacional, regional, estadual ou municipal, em respeito ao artigo 225 da Carta da República; devendo o Poder Público e a coletividade adotarem medidas para afastar os patrimônios ambientais de ações nocivas, além do devido controle da poluição existente. Nesse diapasão, a Lei 12.305/2010 dispõe sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que, por sua vez, complementa a Lei 11.445/2007, que aborda o Plano Nacional de Saneamento Básico.
4.3. PLANO DIRETOR DE DRENAGEM URBANA.
O Plano Diretor de Drenagem Urbana é um instrumento gerenciador de obras estruturais (pontes, galerias de escorrimento de águas, piscinas de capitação de fossa, caixas d’água e outros) e medidas não estruturais (legislação, zoneamento do solo, fiscalização, etc.); a fim de regulamentar a adequada ocupação do solo na área urbana, e, principalmente, mitigar problemas causados pela carência de esgotamento sanitário, ineficiência nos sistemas de drenagem de águas pluviais e fluviais, disposição aleatória de resíduos sólidos e omissões legais do Plano Diretor. A equilibrar o crescimento urbano (vertical ou horizontal) com as condições ambientais das cidades. Referido plano tem relevância para a questão do RSU, uma vez que o “lodo” e o “chorume” são compreendidos na Lei 12.305/2010.
5. SANEAMENTO BÁSICO: ENTRAVES POLÍTICOS E DESCUMPRIMENTO LEGAL.
A Lei 11.445, de 5 de janeiro de 2007, estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico, que, a respeito do seu art. 3º, I, alínea “c”, tem a complementação da Lei 12.305/2010, que estabelece as diretrizes nacionais para os resíduos sólidos e rejeitos, bem como segue o norte da Política Nacional Urbana (Lei 10.257/01). Esses instrumentos legais federais (de caráter geral) constroem a base jurídica da gestão ecológica nas cidades (que devem propor suas próprias leis de caráter local).  Destaque-se que as atribuições gerenciais dadas à União são exercidas em dois aspectos: como pessoa de direito público externo, agindo em nome do interesse de todos os entes; e como pessoa jurídica de direito público interno, atuando individualmente, com o ente federativo à parte.
Ademais, o fato das políticas de saneamento básico (a incluir a gestão do RSU) ser de titularidade imediata da União Federal não exclui a obrigação de atividades dessa natureza por parte dos entes federativos estados-membros, municípios e distrito-federal. Essa preconização federal serve apenas para facilitar-lhe a implementação e investimento de seus recursos, cuja fatia de arrecadação tributária é-lhe maior, acarretando, por sua vez, mas responsabilidades de atuação, ao menos em tese.
No entanto, observa-se, ilogicamente, que, apesar de os recursos maiores serem federais, as obrigações executivas são arremessadas à gestão das prefeituras municipais. Evidenciando, a princípio, o fato dos investimentos em infraestrutura de saneamento básico ser precários. Quase que a regra, é fácil perceber a falta de gestão pública quanto à gestão do RSU, cujo “lixão” é a consequência mais visível: algo considerado como crime ambiental desde a promulgação da Lei 12.305/2010. Não obstante isso, ainda existe a carcomida e lamentável realidade da improbidade administrativa a coexistir naquele cenário de desserviço.
Ocorre que o Brasil é um país marcado pela inversão de prioridades, onde os recursos financeiros (existentes aos bilhões) são “desviados” ou “relocados” (legal e ilegalmente) do destino saneamento básico. Por exemplo, na cidade de Natal, RN, hospitais públicos carecem mensalmente de muitos medicamentos importantes, mas que são comprados poucos em razão do “elevado” preço; esgoto urbano ainda é lançado no Rio Potengi, pois a prefeitura não dispõe recursos para a construção de estações de tratamento sanitário. Portanto, as omissões giram em torno na desculpa “falta de dinheiro em caixa”. Contudo, é de fácil indignação ver os escabrosos gastos milionários em campanhas eleitoreiras a cada biênio por parte dos governos. Ou, mais recente, o dispêndio bilionário na edificação de estádios de futebol pró “Copa 2014” em contrassenso com a timidez de investimentos público-privados em mobilidade urbana e saneamento básico. Justificativa para tal gasto: o turismo – uma modalidade extremamente instável da economia de países subdesenvolvidos, que vivem no imediatismo empresarial, cuja visão econômica é bastante míope.
Alias, é sabido pelas mentes mais analíticas que o Brasil opta por gastos colossais em obras “faraônicas” a fim de manter a população, pobre e sofrida pelos desserviços das gestões públicas, ocupada em panem et circenses .
 Os “politiqueiros” brasileiros questionam-se da seguinte forma: atender a paixão pública pelo esporte ou implementar a racional obra de saneamento básico nas áreas urbanas?
A resposta maquiavélica deles é: saneamento básico é algo que está no subsolo, ninguém o vê, e, ainda, “o enterrado não dá voto”; logo, festas, circos e jogos são mais persuasivos na vontade das cabeças que agem pelo bel prazer.
A história colonial do Brasil atribui tal comportamento irracional à exploração predatória dos recursos vegetais e minerais, onde grandes extensões de matas de pau-brasil eram devastadas; rios tinham o curso natural desviado pela garimpagem de metais preciosos tais como ouro e diamante. Deixando para os mamelucos, cafuzos, caboclos e mulatos brasileiros miséria, doença e abandono social. Nisso, a muito diferenciar daquelas colônias de povoamento (p. ex.: Estados Unidos, antiga Nova Inglaterra), cuja exploração econômica era seguida de obras de benfeitoria para toda a comunidade.
Apenas um parêntese: até pouco tempo atrás (séculos XIX e XX), os filhos de homens mais abastados, da fina flor brasileira, grande parte industriais e latifundiários (envolvidos também em cargos no executivo e legislativo), iam estudar na Europa e Estados Unidos, a desprezar profundamente os planos de ótimas escolas edificadas em solo pátrio.
Ainda ilustrando o atraso histórico, enquanto países como França e Inglaterra já possuíam enormes galerias subterrâneas para escoamento de esgotos sanitários, no Brasil, até o século XIX, via-se pessoas descendo das casas com baldes, estes apelidados de toletes, cheios de fezes e urina, para serem despejados em rios, córregos ou praias mais próximos. Esses baldes faziam às vezes do atual aparelho sanitário, só que ficavam atrás das portas, escadas e cortinas das residências. Atente-se: não existiam banheiros naquele tempo! Apenas, tão-somente nas casas de famílias de melhores condições sociais, quartos dispondo de banheiras, ou seja, de bacias grandes contendo água, esta já poluída pelos esgotos próximos.
Depois surgiram as reconhecidas casas-de-banho, dispostas geralmente no quintal, haja vista a inconveniência do fedor. Até presentemente se vê residências em cidades pequenas, ou em bairros periféricos dos grandes centros urbanos, cujo banheiro é desanexado da casa, posto a metros de distância.
Para se compreender com precisão o conjunto de elementos formadores do saneamento básico, faz-se mister citar o artigo 3º da Lei 11.445/07, que apresenta quatro serviços de infraestrutura básica:
Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se:
I - saneamento básico: conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de:
a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;
b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente;
c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas;
d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas;

Tal Lei serve de marco regulatório do setor, a estabelecer regras jurídicas que se relacionam com outras leis de gestão ecológica urbana, quais sejam: L. 10.257/01 – Política Nacional Urbana; L. 9.433/97 – Política Nacional de Recursos Hídricos; L. 6.938/81 – Política Nacional do Meio Ambiente; e L. 12.305/10 – Política Nacional de Resíduos Sólidos.  Assim denominadas “políticas”, em vez de “planos”, com o propósito de responsabilizar o Poder Executivo, em todos seus entes federativos, inclusive por parte de terceirizados, da prestação dos serviços de saneamento básico.
Por fim, cumpre retomar o fato de que nos últimos anos a produção dos lixões  cresceu vertiginosamente a um só tempo que grande parte dos municípios brasileiros quedou-se na inexistência de planejamentos em gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos (RSU) e rejeitos; onde a destinação ou disposição final inadequada destes resulta em graves problemas socioambientais e desperdício de materiais que poderiam ser usados em reciclagem ou reaproveitamento; trazendo à baila enormes desafios para a estratégia da sustentabilidade urbana. Para solucionar tal impasse, sancionou-se, em 2010, a Lei 12.305, instituidora da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Chama a atenção, outrossim, o problema da ausência em análises jurídico-ambientais para o atendimento das exigências da referida lei que desde o ano de 2010 estabeleceu o prazo de quatro anos (a se vencer em agosto de 2014) para que todo médio e grande centro urbano desse início a várias etapas da gestão e do gerenciamento dos resíduos sólidos, sob pena de multa e prisão para os gestores municipais que descumprirem a legislação atual. Mas, a aplicação de tais penalidades depende da constatação de que a omissão do gestor é “injustificada”, as multas variam de R$ 5 mil a R$ 50 milhões e a pena de prisão prevista para o crime é de um a cinco anos de reclusão.
CONCLUSÃO.

Nos centros urbanos estão as maiores fontes de poluição do meio ambiente, assim como os grandes problemas que afetam a saúde da comunidade e preocupam o Poder Público.
Mais frequente há a carência de saneamento básico, sobretudo quanto à destinação correta e segura dos resíduos sólidos urbanos (RSU) nas cidades brasileiras, expressa pelas precárias prestações de serviço público na coleta do lixo e captação de esgotamento sanitário. Problema que afeta não só o ambiente humano (artificial), como também se salienta nas diversas formas de poluição no ambiente natural. A trazer enormes consequências negativas à saúde da comunidade e ao equilíbrio dos ecossistemas.
Muitas gestões públicas invertem a prioridade dos investimentos de recursos governamentais para privilegiar eventos desportivos e campanhas eleitorais, um gasto que chega a estratosfera de bilhões de reais; ao passo que, quando não mais alegam “falta de recursos”, relegam as obras de infraestrutura em saneamento básico aos segundos e terceiros planos – improbidade administrativa e descaso com os administrados.
“Estancar” a poluição dos resíduos sólidos, o que pareceria a alternativa mais óbvia e necessária, é uma utopia frente aos modelos de sociedade e de economia (inclusive de reprodução biológica) que assistem a humanidade.
No entanto, “minimizar” os impactos ambientais dos resíduos sólidos através dos aterros controlados parece ser o verbo mais palpável frente à realidade antrópica. “Recuperar” através da construção dos custosos aterros sanitários, que demandam vários planos (PMGRSU) e programas governamentais, além de ser um enorme desafio para as alternativas tecnológicas, a custar bilhões em dinheiro do erário.
Portanto, deve-se abraçar a teoria da Cidade Sustentável, ou seja, buscar aliar tecnologia, conscientização coletiva (p.e. educação), gestão de políticas públicas e aplicação dos instrumentos legais a fim de desenvolverem-se obras e serviços minimizadores de impactos negativos, principalmente, à saúde da população, e recuperação de algumas áreas urbanas poluídas. A um só tempo, referida teoria focaliza a inclusão das questões socioeconômicas (emprego, distribuição de renda, redução das misérias sociais). Utilizando-se, então, das várias dimensões que envolvem a estratégia/processo de sustentabilidade, notadamente: econômica, ambiental, social, tecnológica, ecológica, cultural, política e institucional. De modo que a humanidade possa preservar os ecossistemas existentes, obter o uso sustentável dos finitos recursos naturais e garantir a sobrevivência das presentes e futuras gerações (Princípio da Equidade Geracional).

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REFERÊNCIAS.


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BRASIL.  LEI Nº 11.445, DE 5 DE JANEIRO DE 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico. Planalto. Disponível em: . Acesso no dia 11 de março de 2012.
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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Cidade do México planeja prédios subterrâneos


SITE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Cidade do México planeja prédios subterrâneos. 04/07/2014. Online. Disponível em www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=cidade-mexico-planeja-predios-subterraneos. Capturado em 13/01/2015

Com informações da BBC - 04/07/2014
Cidade do México planeja prédios subterrâneos
Um dos prédios subterrâneos projetados para a Praça da Constituição, na Cidade do México. [Imagem: BNKR Arquitectura]







Crescendo para baixo
De fora, eles se parecem como três grandes cones de vidro enterrados na terra. Mas são a entrada de luz e ar para um shopping subterrâneo gigante no oeste da Cidade do México.
Este é um dos novos projetos que pretendem ser uma alternativa para controlar o tamanho de uma das maiores cidades do mundo: a construção de prédios sob a terra.
Construções subterrâneas podem ser uma alternativa para a Cidade do México, cuja área de 1.495 quilômetros quadrados tem poucas regiões ainda disponíveis para ocupação.
"Acho que é um absurdo crescer horizontalmente. A cidade tem crescido a tais dimensões que as pessoas que tentam chegar a seus trabalhos levam duas ou três horas. É realmente um absurdo," disse Francisco Montes de Oca, diretor da Arquitectoma, empresa que desenvolveu projetos de prédios subterrâneos.
Rasgando a terra
Um dos projetos mais polêmicos se chama Rascasuelos, e consiste em construir uma pirâmide invertida de 65 pisos subterrâneos para abrigar escritórios e lojas sob a principal praça do país, a Zócalo, na capital mexicana.
A pirâmide teria um vazio no espaço central para permitir a circulação de ar e a entrada de luz natural, apesar de toda a estrutura planejada ser de concreto para conter a pressão da terra.
A obra tem custo estimado de US$ 769 milhões (cerca de R$ 1,7 bilhão) e foi projetada pelo grupo Bunker Arquitectura.
O prédio está na fase de projeto, mas sua apresentação pública causou polêmica, pois a área onde planeja-se sua construção foi o coração de Tenochtitlán, a capital do povo asteca, que foi construída dentro de um lago.
Sob a Zócalo, existem vestígios da cultura pré-hispânica. À margem da praça, estão alguns dos edifícios mais antigos e emblemáticos do México. É, também, uma zona muito vulnerável a tremores.
Os responsáveis pelo Rascasuelos, no entanto, afirmam que o projeto não afetará a região e que a técnica de construção prevê o risco dos movimentos de terra.
No centro da Cidade do México, existem normas para restringir o tamanho de arranha-céus. Mas os limites são diferentes para aqueles sob a terra.
Cidade do México planeja prédios subterrâneos
[Imagem: BNKR Arquitectura]
Cones de luz e ar
O centro comercial Garden Santa Fe já está pronto e foi construído em um parque quase abandonado e frequentemente usado como estacionamento de veículos.
Foram utilizadas técnicas de construção nas quais um muro de concreto é construído em torno da escavação para evitar deslizamentos de terra.
Os cones de vidro visíveis a partir da superfície permitem a entrada de ar e luz solar, o que reduz significativamente a iluminação artificial e, portanto, reduz o consumo de energia, dizem os empreendedores.
Além disso, manteve-se um parque com jardins e árvores na superfície. Sob ele, são 65 mil metros quadrados de área construída, em seis níveis: dois para lojas e quatro para estacionamentos.
Peixes sob a terra
A razão principal pela qual o Aquário Inbursa foi construído sob a terra é que o seu proprietário, o Grupo Carso, não queria que nada atrapalhasse a vista do Museu Soumaya, onde é exibida a coleção particular do proprietário da empresa, que inclui obras de Rodin, Salvador Dalí e Tintoretto, entre outras.
Mas também foi uma decisão prática: o terreno disponível para construí-lo não teria espaço para abrigar 1,7 milhões de litros de água do mar, 230 espécies diferentes, 500 exemplares e todas as instalações necessárias para mantê-los.
Assim, o complexo localizado no noroeste da Cidade do México foi desenvolvido em quatro níveis a 25 metros abaixo da terra.
O passeio dos visitantes inicia-se no terceiro subsolo, onde estão as espécies que vivem em maior profundidade.
A construção é cercada por um muro para evitar deslizamentos e movimentos do terreno - a alguns metros dali, há uma área de circulação de trens cargueiros.