segunda-feira, 26 de maio de 2014

IPCC é acusado de "marginalizar" países pobres


Com informações da BBC - 23/05/2014
Especialistas afirmam que o discurso ambiental atual impede o desenvolvimento das nações mais pobres.
Esses cientistas afirmam que a recente reunião mundial do clima, em Berlim, "marginalizou" os pontos de vista dos países em desenvolvimento.
De acordo com eles, o foco na redução das emissões de CO2 ignora as necessidades de desenvolvimento dos países mais pobres.
"A narrativa, a linguagem, as opiniões do IPCC, continuam marginalizando as perspectivas dos países em desenvolvimento," disse o Dr. Chukwumerije Okereke, da Universidade de Reading, no Reino Unido.
O Dr. Okereke foi um dos principais autores do capítulo quatro do novo relatório do IPCC, que trata do desenvolvimento sustentável e da equidade internacional.
Ele acredita que houve uma mudança fundamental nas discussões porque a questão da responsabilidade histórica pelas emissões de carbono tem sido enfraquecida pelas nações mais ricas, mais preocupadas com o futuro do que o passado.
"O argumento desviou o foco da visão de que os países desenvolvidos, que têm sido os principais responsáveis pelo problema, devem assumir a liderança em resolvê-lo, em direção a essa visão de que estamos todos no mesmo barco e todos nós temos que fazer a nossa parte.
"Os países desenvolvidos são mais propensos a dizer 'Vamos olhar para o futuro, o futuro fica entre 2005 e 2100, e você vai descobrir que muitas das emissões são provenientes de países em desenvolvimento.
"Com efeito, isto reverte o ônus para os países em desenvolvimento e está impedindo-os de se desenvolverem; francamente, isso está reforçando os padrões históricos de injustiça e dominação," argumenta o cientista.
O Dr. Okereke afirma que uma grande parte do problema é que não há autores suficientes no IPCC vindos de países em desenvolvimento.
"Eles vêm com um monte de secretários e ajudantes, eles trazem seus alunos de doutoramento junto, e os poucos de nós [cientistas] dos países em desenvolvimento não somos capazes de igualar o poder de fogo intelectual que vem deles."
A maioria da literatura aceita pelo IPCC é publicada em países desenvolvidos e os autores são predominantemente ocidentais do hemisfério norte, salienta o pesquisador.