terça-feira, 30 de setembro de 2014

Desperdício de água com lavagem de carro pode ser eliminado

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Uma das vilãs do desperdício de água é a lavagem dos carros com mangueiras. De acordo com a Sabesp, uma lavagem básica pode representar desperdício de até 560 litros de água, contribuindo para agravar um problema cada dia mais sério.
Uma alternativa contra este desperdício é o uso de produtos que permitam a lavagem de automóveis a seco, sem gastar uma gota de água.
Muito comum nos Estados Unidos e outros países, este hábito ainda não está plenamente difundido no Brasil, mas trata-se de uma tendência inevitável, que deve ser ampliada agora diante da facilidade de acesso, uma vez que as pessoas podem lavar o carro a seco em casa utilizando produtos disponíveis nos supermercados.
Um dos pioneiros foi o Kit Lava a Seco da Rodabrill. À base de cera de carnaúba e silicone puro, o produto contém polímeros especiais que permitem a limpeza de todas as partes do veículo (vidros, lanternas, partes plásticas e emborrachadas, além da pintura), substituindo a lavagem convencional.
O Kit contendo um fraco de 500 ml, (suficiente para até quatro lavagens) e três panos de microfibra (um para aplicação do produto, outro para remoção, e o terceiro para finalização) custa em torno de R$15,00.
Além de econômica, a lavagem a seco ajuda a combater o desperdício de água e não arranha a lataria dos veículos.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Tecnologia a favor das florestas e do produtor rural

Tecnologia a favor das florestas e do produtor rural

1 DIA ATRÁS

Gado, floresta e cultivo agrícola. Brasil aposta em produção rural integrada e mais inteligente.


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Tecnologia a favor das florestas e do produtor rural

Produção equilibrada de grãos, carne, leite e madeira em uma mesma área rural.
Uma tecnologia a favor da produção agrícola que desmata menos e pode amplificar a renda do produtor rural no Brasil. O que parecia um paradoxo se torna viável com a iLPF – Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. A proposta incentiva a produção equilibrada de grãos, carne, leite e madeira em uma mesma área rural.
Segundo as pesquisas, os benefícios do iLPF são muitos, e começam pelos ganhos ambientais, com melhorias no solo, além da redução da pressão por desmatamento, diversificação na renda do produtor rural e diminuição das emissões de gases de efeito estufa. A iLPF ainda equilibra a utilização dos recursos naturais e mantém a qualidade da água.
Hoje, aproximadamente 2 milhões de hectares utilizam os diferentes formatos da iLPF e a estimativa é que, para os próximos 20 anos, a estratégia possa ser adotada em mais de 20 milhões de hectares. Com a prática da produção rural integrada, a expectativa é de duplicar a produção de grãos e de produtos florestais e triplicar a produção pecuária nos próximos 20 anos, o que certamente trará benefícios financeiros para os produtores rurais e para o País. Assim, com a iLPF, ganham a economia, o produtor e as florestas.
Quem apresenta a tecnologia é a Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – junto com outras inovações para plantio e cultivo. Saiba Mais.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

11 ciclovias serão conectadas à Av. Paulista

11 ciclovias serão conectadas à Av. Paulista

15 de Setembro de 2014 • Atualizado às 11h54


A contragosto de muitos e para a alegria de tantos outros, a construção de uma ciclovia na principal avenida de São Paulo está mais que confirmada. Na última terça-feira (9), o secretário municipal de transportes, Jilmar Tatto, apresentou a proposta que será implantada até junho de 2015.
Segundo o projeto, a faixa exclusiva para bicicletas na Avenida Paulista terá quatros quilômetros de extensão, será instalada no canteiro central - que será alargado em 25 centímetros de cada lado -, e se conectará com mais onze ciclovias, ligando Zona Oeste, Sul e Centro.
O primeiro passo será implantar ciclovias nas ruas do entorno da Paulista, como Bela Cintra, Frei Caneca, Pamplona. Estas obras serão realizadas neste ano. No início de 2015 começará a construção do principal trajeto: o eixo Paulista - Bernardino de Campos.

Na Avenida Bernardino de Campos a ciclovia também será feita no canteiro central. Por conta disso, será feito o aterramento da fiação elétrica. As árvores neste trecho serão preservadas, ao contrário da Paulista onde os tanques que hoje abrigam plantas e flores serão retirados.

Para evitar acidentes envolvendo ciclistas e pedestres no momento de travessia, o documento prevê, para ambas as avenidas, a criação de uma área de acomodação para as pessoas que não conseguirem atravessar as duas faixas de uma só vez, assim como para os ciclistas. Veja nas imagens abaixo:


Durante o período de obras, a ciclofaixa de lazer, que funciona aos fins de semana, será desativada.
O projeto ficará à disposição nas páginas da CET e da Secretaria por dois meses, de forma que a população pode conhecer e levantar dúvidas ou ressalvas, confira aqui.
Redação CicloVivo

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Ainda vamos precisar de muito mais água


Estiagem
São José do Rio Preto, 21 de Setembro, 2014 - 1:50
Ainda vamos precisar de muito mais água
http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Noticias/Meio+Ambiente/208897,,Ainda+vamos+precisar+de+muito+mais+agua.aspx

Victor Augusto e Elton Rodrigues

Elton Rodrigues
O ribeirão do Barreiro, em Auriflama, já recuou pelo menos 400 metros e é possível caminhar onde antes era o leito

Leito de rios completamente secos, nascentes sem verter, reservatórios com níveis ínfimos. Paisagem com chão rachado, animais aquáticos mortos e vegetação, antes submersa, totalmente fora d’água. É o reflexo da seca dos últimos dez anos, um dos piores períodos de estiagem do Noroeste paulista. Cenário que evidencia cada vez mais a falta d'água na região conhecida como dos “grandes lagos”.

As imagens mostram os efeitos do tempo seco nos dias atuais, mas a crise de água na região vem de longa data. Dados do Comitê da Bacia Hidrográfica dos rios Turvo/Grande mostram que a oferta hídrica vem diminuindo ano a ano. Em seis anos, as bacias Turvo/Grande e São José dos Dourados, que atendem a região, perderam 274,9 mil litros por habitante/ano, quantidade correspondente a 109 piscinas olímpicas.

Em 2007, havia 11,35 milhões de litros de água por habitante/ano nas bacias. Em 2012, último dado disponível, eram 11,07 milhões. Os efeitos dessa falta d'água já podem ser sentidos pelos moradores de: Santa Fé do Sul, Uchoa e Bebedouro - nas três há racionamento de água em algum período do dia. A diminuição da oferta de água se deve, segundo especialistas, a dois fatores: a população aumenta e a reposição não acompanha o mesmo ritmo. A região ganhou entre 2007 e 2012 o total de 68.659 mil habitantes, passando de 1.482.811 para 1.551.470.

E a prova da falta de reposição do lençol freático pode ser encontrada em Rio Preto. Na cidade, a cada ano, é preciso rebaixar quatro metros a profundidade dos poços que captam água no aquífero Guarani. O valor é quatro vezes maior do que em Ribeirão Preto, onde 100% do abastecimento da cidade é garantido pelo mesmo aquífero. No poço mais antigo de captação de água do Guarani em Rio Preto, ETA/Palácio das Águas, que entrou em operação em 1978, ou seja, há 36 anos, a bomba já precisou descer 179 metros desde a primeira captação.

Outro fator que diminui a oferta de água na região é a falta de áreas verdes. Recente estudo realizado pela Unesp e coordenador pelo professor Orlando Necchi Júnior mostra que nossa região é a que possui as menores porções de matas nativas no Estado.

“Nossa região já tem algumas características que favorecem o clima seco. Ficamos em uma área do Estado bem distante do litoral e não temos serras a nossa volta. Quando uma massa de ar frio se aproxima, ela passa rapidamente, por causa da falta de serras. Em regiões mais altas, que possuem obstáculos naturais, a massa de ar frio não passa com tanta rapidez, favorecendo climas mais amenos e úmidos”, explica Francisco Langeani Neto, professor do Departamento de Zoologia e Botânica do Ibilce, campus rio-pretense da Unesp.

Avanço

Aliado aos aspectos que favorecem períodos mais secos, o avanço da cana-de-açúcar e áreas de pastagem também favorecem a destruição de nascentes e rios na região. Duas nascentes do rio Preto simplesmente desapareceram. De acordo com estudo da Unesp, outras 10 nascentes sumiram e 29 estão com menos da metade do volume de água que tinham há 10 anos.

“A mata ciliar, aquela que fica próximo aos rios e nascentes, é crucial para a saúde desses corpos aquáticos. As nascentes que possuem áreas verdes preservadas possuem mais água, são mais ricas em espécies de peixes. Isso faz com que a demanda de água aumente”, afirma Langeani.

O especialista afirma ainda que a integridade física do rio (volume de água, qualidade da água, mistura de espécies e oxigenação) é mais importante do que a qualidade química. “A poluição nos rios é ruim, com certeza, mas nada é mais importante do que manter os níveis naturais da água e a mata ao redor. Mesmo um rio poluído volta ao normal se ele estiver bem fisicamente, mas se ele estiver seco, com pontos de assoreamento e sem mata ciliar, ele não se recupera tão rápido e pode caminhar para o esgotamento”, explica.
Elton Rodrigues
Policial ambiental em nascente do rio Preto no município de Cedral



Duas nascentes já desapareceram

Duas das cinco principais nascentes do rio Preto, responsáveis pelo abastecimento dos três lagos da Represa Municipal, praticamente sumiram. O que era o leito de dois córregos está totalmente seco. Resultado de um dos períodos de estiagem mais longos enfrentados pela região Noroeste paulista. O rio Preto nasce em Cedral e é um dos principais da bacia Turvo/Grande, responsável por 30% do abastecimento da cidade que leva seu nome. Mas, quem passa por Cedral encontra apenas resquícios do já foi um curso d’água.

A paisagem espanta até mesmo quem está acostumado a acompanhar esses fenômenos. “Nunca vi esse lugar assim. Essa nascente é apontada pelos moradores como a principal do rio Preto e é a primeira vez que seca desse jeito”, diz o tenente Emerson Mioransi, da Polícia Ambiental de Rio Preto.

Estudo elaborado em 2004 pelo sargento Claudioci Soldan, também da Ambiental, ajuda a mostrar a degradação. No local onde estão desenhadas três represas, na área rural de Potirendaba, por exemplo, atualmente só restaram o chão rachado e um pequeno lago lutando para sobreviver aos efeitos do tempo. O lugar é apontado pelo IBGE como a maior nascente do rio Preto, contrariando o que dizem os moradores de Cedral. Mas se o rio dependesse só dela, hoje estaria seco. Faz três meses que a água parou de brotar.
Elton Rodrigues
Uma das três represas próximas de nascente em Potirendaba secou devido à forte estiagem dos últimos meses



Seca se agravou nos últimos 10 anos

Dados do Núcleo de Sementes revelam que o volume de chuvas em Rio Preto sofreu redução na última década. Passou de 115,7 mm³ por ano para 99,89 mm³ entre 2003 e 2013. A diferença, de 15 mm³ em dez anos, equivale a um mês e 15 dias a mais sem chuva por ano. A década em que mais choveu na cidade, desde quando a medição pluviométrica começou a ser realizada, foi entre 1973 a 1982. Naquele período, foi registrado a média de 115 mm³ por ano e temperatura média de 23,8Cº. Na década seguinte, entre 1983 e 1992, a quantidade de chuva caiu, foi para 112,3 mm³, mas a temperatura subiu, e passou para 24Cº.

De 1993 a 2002 a temperatura apresentou variação para mais, indo para 24,4Cº, e a quantidade de chuvas também aumentou, porém ficou abaixo da primeira década - 113,6 mm³ por ano. “Não dá pra dizer que a situação vai se agravar ainda mais com base nesses dados. O que podemos dizer com certeza é que o clima passa por mudanças constantes todos os anos. E que essa tendência, que parece ser de queda, pode ser alterada nos próximos anos. Tudo depende de quais sistemas estão agindo naqueles períodos”, diz a meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia, Neide Oliveira.

E O ‘MAR’ VIROU SERTÃO

Em Auriflama, a ponte por onde passa o ribeirão do Barreiro já recuou pelo menos 400 metros. O baixo nível do rio se deve à seca recorde registrada no Noroeste paulista. Já é possível caminhar onde antes era o fundo do rio. A paisagem que chamava a atenção pelas águas cristalinas e pescadores espalhados pelos barrancos e nos barcos deu espaço para um cenário que retrata com fidelidade a seca na região. Ganhos secos, que antes ficavam submersos, ressurgiram com restos de animais e até uma parte da antiga ponte já podem ser vista de longe.

O auxiliar de pavimentação Ederson Sebastião de Oliveira, de 24 anos, afirma que é a primeira vez que vê o rio chegar a essa situação. “Não tem como mais pescar tucunarés aqui. Precisa chover muito para o rio voltar como era no ano passado”, afirma ele, que aos finais de semana pescava como os amigos na ponte, que fica próxima a Auriflama.

A fazendeira Ana Silva Fontes, de 39 anos, também está impressionada com o recuo do rio. “A água que resta lá está sumindo. Os animais nem vão mais até o rio para beber água. O tempo está muito seco e uma chuvinha só não vai resolver o problema”, disse a fazendeira. Segundo ela, os moradores que viviam da pesca na cidade tiveram de procurar outro rio. “A ponte ficava lotada de pescadores. Agora, virou um deserto só”, disse Ana.

Para Jorge Felipe Dias, dono de um restaurante na cidade, a situação é crítica principalmente aos finais de semana. “O rio atraía muitos pescadores que vinham com suas famílias. Agora, está tudo parado porque o rio secou”, afirma ele. No estabelecimento comercial dele a palavra de ordem é redução no consumo de água tratada. “A gente não faz a limpeza com água todos os dias. Varremos e passamos pano. Ajuda não só na economia da água, mas no lucro da empresa. A economia já é de 20% na conta de água”, afirma ele, que reclama de desperdícios na cidade. “O rio está seco. Não chove e tem gente lavando calçadas e carros. É um absurdo”.

Assista abaixo videorreportagem:

Os fumantes e o trabalho

Os fumantes e o trabalho

DOM, 21 DE SETEMBRO DE 2014 05:03

terça-feira, 23 de setembro de 2014

88% dos paulistanos são a favor da construção de novas ciclovias

88% dos paulistanos são a favor da construção de novas ciclovias
18 de Setembro de 2014 • Atualizado às 15h00


Como acontece todos os anos, a Rede Nossa São Paulo e o Ibope aproveitam o mês da mobilidade urbana para divulgar uma pesquisa com os dados mais recentes sobre o tema. A oitava edição do estudo foi lançada nesta quinta-feira (18).
A pesquisa mais recente reforça alguns dados apontados em 2013, como é o caso da ampliação das faixas de ônibus, que teve a aprovação de 90% dos entrevistados. No ano passado, quando muitas dessas vias estavam sendo implementadas, 93% afirmaram ser a favor da medida.
Para mais da metade dos entrevistados (64%), é preciso que os governos invistam mais em transporte público. Segundo 58%, é preciso construir e ou ampliar mais linhas do metrô ou trem, 37% acreditam que se deve apostar em mais corredores de ônibus. O item de avaliação mais crítico continua sendo a lotação dos ônibus.
A urgência em melhorar esses meios de locomoção traria benefícios para toda a população, uma vez que 71% dos entrevistados afirmaram que deixariam o carro em casa, caso houvesse uma boa alternativa de transporte.
No ano passado, o paulistano gastava, em média, 2h15 minutos no trânsito, todos os dias - esse tempo subiu para 2h46. O trânsito na cidade foi considerado “ruim” ou “péssimo” por 70% dos entrevistados.
Em meio a um transporte tão deficiente, subiu de 27% para 38% o índice dos que utilizam o carro “todos os dias” e “quase todos os dias”. Passou de 52%, em 2013, para 62%, em 2014, o número de pessoas que têm carro em casa. O acréscimo foi registrado em todas as faixas de renda, escolaridade e regiões da cidade.
Desde 2008, o tema “saúde” é o maior problema destacado pelos entrevistados. Com a crise deflagrada neste ano, o tema “abastecimento de água” passou de 18º lugar em 2013 para o 6º principal problema de São Paulo. Também aumentou de 11% para 18% o número de paulistanos que consideram a “poluição da água” como tipo de poluição mais grave na cidade.  A “poluição do ar” continua sendo a mais grave para 94% dos entrevistados.
Apesar dos ciclistas e motociclistas serem “muito desrespeitados” ou “um pouco desrespeitados” na opinião de 80% dos entrevistados, aumentou de 86% para 88% o porcentual de paulistanos favoráveis à construção e ampliação de ciclovias na cidade.
Os entrevistados mencionaram “construção de ciclovias” (26%) e “mais segurança” (26%) como principais fatores para a utilização de bicicletas como meio de transporte.
Mesmo com todos os problemas, em relação à qualidade de vida na cidade, passou de 61% para 66% o índice dos que consideram São Paulo um lugar “Bom” e “Ótimo” para morar. E de 13% para 18% os que acham um lugar “ótimo”.
Foram ouvidas 700 pessoas entre os dias 29 de agosto e três de setembro. A margem de erro é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.
Redação CicloVivo

Força-tarefa internacional fará diagnóstico sobre polinização no mundo

Força-tarefa internacional fará diagnóstico sobre polinização no mundo


23 de setembro de 2014

Por Elton Alisson
Agência FAPESP – Um grupo de 75 pesquisadores de diversos países-membros da Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES, na sigla em inglês), que reúne 119 nações de todas as regiões do mundo, fará uma avaliação global sobre polinizadores, polinização e produção de alimentos.
O escopo do projeto foi apresentado na última quarta-feira (17/09) em São Paulo, no auditório da FAPESP, em um encontro de integrantes do organismo intergovernamental independente, voltado a organizar o conhecimento sobre a biodiversidade no mundo e os serviços ecossistêmicos.
“A ideia do trabalho é avaliar todo o conhecimento existente sobre polinização no mundo e identificar estudos necessários na área para auxiliar os tomadores de decisão dos países a formular políticas públicas para a preservação desse e de outros serviços ecossistêmicos prestados pelos animais polinizadores”, disse Vera Imperatriz Fonseca, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável (ITVDS), à Agência FAPESP.
“Já estamos conhecendo melhor o problema [da crise da polinização no mundo]. Agora, precisamos identificar soluções”, disse a pesquisadora, que coordena a avaliação ao lado de Simon Potts, professor da University of Reading, do Reino Unido.
De acordo com Fonseca, há mais de 100 mil espécies de animais invertebrados polinizadores no mundo, dos quais 20 mil são abelhas. Além de insetos polinizadores – que serão o foco do relatório –, há também cerca de 1,2 mil espécies de animais vertebrados, tais como pássaros, morcegos e outros mamíferos, além de répteis, que atuam como polinizadores.
Estima-se que 75% dos cultivos mundiais e entre 78% e 94% das flores silvestres do planeta dependam da polinização por animais, apontou a pesquisadora.
“Há cerca de 300 mil espécies de flores silvestres que dependem da polinização por insetos”, disse Fonseca. “O valor anual estimado desse serviço ecossistêmico prestado por insetos na agricultura é de US$ 361 bilhões. Mas, para a manutenção da biodiversidade, é incalculável”, afirmou.
Nos últimos anos registrou-se uma perda de espécies nativas de insetos polinizadores no mundo, causada por, entre outros fatores, desmatamento de áreas naturais próximas às lavouras, uso de pesticidas e surgimento de patógenos.
Se o declínio de espécies de insetos polinizadores se tornar tendência, pode colocar em risco a produtividade agrícola e, consequentemente, a segurança alimentar nas próximas décadas, disse a pesquisadora.
“A população mundial aumentará muito até 2050 e será preciso produzir uma grande quantidade de alimentos com maior rendimento agrícola, em um cenário agravado pelas mudanças climáticas. A polinização por insetos pode contribuir para solucionar esse problema”, afirmou Fonseca.
Segundo um estudo internacional, publicado na revista Current Biology, estima-se que o manejo de colmeias de abelhas utilizadas pelos agricultores para polinização – como as abelhas domésticas Apis mellifera L, amplamente criadas no mundo todo – tenha aumentado em cerca de 45% entre 1950 e 2000.
As áreas agrícolas dependentes de polinização, no entanto, também cresceram em mais de 300% no mesmo período, apontam os autores da pesquisa.
“Apesar de ter aumentado o manejo de espécies de abelhas polinizadoras, precisamos muito mais do que o que temos no momento para atender às necessidades da agricultura”, avaliou Fonseca.
O declínio das espécies de polinizadores no mundo estimula a polinização manual em muitos países. Na China, por exemplo, é comum o comércio de pólen para essa finalidade, afirmou a pesquisadora.
“Na ausência de animais para fazer a polinização, tem sido feita a polinização manual de lavouras de culturas importantes, como o dendê e a maçã. No Brasil se faz a polinização manual de maracujá , tomate e de outras culturas”, disse. 
Falta de dados
Segundo Fonseca, já há dados sobre o declínio de espécies de abelhas, moscas-das-flores (sirfídeos) e de borboletas na Europa, nos Estados Unidos, no Oriente Médio e no Japão.
Um estudo internacional, publicado no Journal of Apicultural Research, apontou perdas de aproximadamente 30% de colônias de Apis mellifera L em decorrência da infestação pelo ácaro Varroa destructor, que diminui a vida das abelhas e, consequentemente, sua atividade de polinização nas flores, em especial nos países do hemisfério Norte.
Na Europa, as perdas de colônias de abelhas em decorrência do ácaro podem chegar a 53% e, no Oriente Médio, a 85%, indicam os autores do estudo. No entanto, ainda não há estimativas sobre a perda de colônias e de espécies em continentes como a América do Sul, África e Oceania.
“Não temos dados sobre esses continentes. Precisamos de informações objetivas para preenchermos uma base de dados sobre polinização em nível mundial a fim de definir estratégias de conservação em cada país”, avaliou Fonseca. “Também é preciso avaliar os efeitos de pesticidas no desaparecimento das abelhas em áreas agrícolas, que têm sido objeto de estudos e atuação dos órgãos regulatórios no Brasil.”
Outra grande lacuna a ser preenchida é a de estudos sobre interações entre espécies de abelhas polinizadoras nativas com as espécies criadas para polinização, como as Apis mellifera L.
Um estudo internacional publicado em 2013 indicou que, quando as Apis mellifera L e as abelhas solitárias atuam em uma mesma cultura, a taxa de polinização aumenta significativamente, pois elas se evitam nas flores e mudam mais frequentemente de local de coleta de alimento, explicou Fonseca.
De acordo com a pesquisadora, uma solução para a polinização em áreas agrícolas extensas tem sido o uso de colônias de polinizadores provenientes da produção de colônias em massa, como de abelhas Bombus terrestris, criadas em larga escala e inclusive exportadas.
Em 2004, foi produzido 1 milhão de colônias dessa abelha para uso na agricultura.
Na América do Sul, o Chile foi o primeiro país a introduzir essas abelhas para polinização de frutas e verduras. Em algumas áreas onde foi introduzida, entretanto, essa espécie exótica de abelha mostrou ser invasora e ter grande capacidade de ocupar novos territórios.
“É preciso estudar mais a interação entre as espécies para identificar onde elas convivem, qual a contribuição de cada uma delas na polinização e se essa interação é positiva ou negativa”, indicou Fonseca.
“Além disso, a propagação de doenças para as espécies nativas de abelhas causa preocupação e deve ser um foco da pesquisa nos próximos anos”, indicou.
Problema global
De acordo com Fonseca, a avaliação intitulada Polinizadores, polinização e produção de alimentos, do IPBES, está em fase de redação e deverá ser concluída no fim de 2015.
Além de um relatório técnico, com seis capítulos de 30 páginas cada, a avaliação também deverá apresentar um texto destinado aos formuladores de políticas públicas sobre o tema, contou.
“A avaliação sobre polinização deverá contribuir para aumentar os esforços de combate ao problema do desaparecimento de espécies de polinizadores no mundo, que é urgente e tem uma relevância política e econômica muito grande, porque afeta a produção de alimentos”, afirmou.
A avaliação será o primeiro diagnóstico temático realizado pelo IPBES e deverá ser disponibilizada para o público em geral em dezembro de 2015. O painel planeja produzir nos próximos anos outros levantamentos semelhantes sobre outros temas como espécies invasoras, restauração de habitats e cenários de biodiversidade no futuro.
Uma estratégia adotada para tornar os diagnósticos temáticos mais integrados foi a criação de forças-tarefa – voltadas à promoção da capacitação profissional e institucional, ao aprimoramento do processo de gerenciamento de dados e informações científicas e à integração do conhecimento tradicional indígena e das pesquisas locais aos processos científicos –, que deverão auxiliar na produção do texto final.
“O IPBES trabalha em parceria com a FAO [Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura], Unep [Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente], CBD [Convention on Biological Diversity], Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura] e todos os esforços anteriores que trataram do tema de polinização”, afirmou Fonseca.
A polinização foi o primeiro tópico a ser escolhido pelos países-membros da plataforma intergovernamental, entre outras razões, por ser um problema global e já existir um grande número de estudos sobre o assunto, contou Carlos Joly, coordenador do Programa FAPESP de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade (BIOTA-FAPESP) e membro do Painel Multidisciplinar de Especialistas do IPBES.
“Como já há um arcabouço muito grande de dados sobre esse tema, achamos que seria possível elaborar rapidamente uma síntese. Além disso, o tema tem um impacto global muito grande, principalmente por estar associado à produção de alimentos”, avaliou Joly.
Os 75 pesquisadores participantes do projeto foram indicados pelo Painel Multidisciplinar de Especialistas do IPBES, que se baseou nas indicações recebidas dos países-membros e observadores da plataforma intergovernamental.
Dois do grupo são escolhidos para coordenar o trabalho, sendo um de um país desenvolvido e outro de uma nação em desenvolvimento.
“O convite e a seleção da professora Vera Imperatriz Fonseca como coordenadora da avaliação é reflexo da qualidade da ciência desenvolvida nessa área no Brasil e da experiência dela em trabalhar com diagnósticos nacionais”, avaliou Joly. “Gostaríamos de ter mais pesquisadores brasileiros envolvidos na elaboração dos diagnósticos do IPBES.”