sexta-feira, 2 de maio de 2014

Consumo e sustentabilidade

Enviado em 01/05/2014 às 20h27

Consumo e sustentabilidade

DIÁRIO DA MANHÃ
SARAH AMADO
A alta produtividade, oriunda da Revolução Industrial, traz consigo muitas opções de consumo e o surgimento de necessidades nunca antes existentes na sociedade. Com o passar dos séculos, hábitos capitalistas arraigaram-se a vida das pessoas com tanto alcance e profundidade que é quase impossível superar os hábitos do consumo frenético e doentiamente descontrolado.
O consumo que anula a autonomia e a liberdade da consciência tornou-se um dos principais problemas do século 21. Os objetos, as mercadorias, os bens materiais e imateriais recebem um prazo de validade, instaurando-se um estado permanente de obsolescência; fora dos padrões e dos limites considerados atualizados, tudo se torna rapidamente descartável, lixo a ser jogado em qualquer lugar do planeta. Simultâneo e como que sendo a interface a esse grave problema psicocultural, há a prática da “consumoterapia”. As pessoas compram de forma desenfreada para reduzir o stress do dia-a-dia, o que compromete sua felicidade e qualidade de vida, que tem sido cada vez mais associadas e dependentes da quantidade de consumo (Portilho, F., 2010).
No ano de 2013, os brasileiros gastaram por volta de 1,55 trilhões em produtos, o que correspondeu a um aumento no consumo de 10, 2% em relação a 2012 (Folha de S. Paulo, 04/09/2012). 
Infelizmente, esse padrão de comportamento influencia a todos. Um indivíduo pode ser considerado consumidor desde os seis anos de idade e quando jovem compõe o público alvo do mercado de vendas (Veja Jovens, 07/2003). 
Para atender à grande demanda ao consumo, a alta produção exige da natureza a utilização de seus recursos não renováveis e devolve a mesma grande quantidade de resíduos, acumulados aos montes em aterros sanitários ou liberados sem nenhum tratamento nos curso d’água.
No entanto, o ambiente e os recursos naturais do planeta possuem um limite e começam a mostrar sinais que sua capacidade de suportar os impactos causados pelos seres humanos está chegando ao fim. É evidente a escassez da água e a progressiva  mudança climática, com preocupantes indicadores sobre o aquecimento global. E mais evidente ainda seus efeitos na saúde e no bem estar da população. 
Mas nem tudo está perdido. A sustentabilidade pode e deve fazer parte de nosso cotidiano, a começar por ações que visem à redução, reutilização e reciclagem. O consumo consciente também caminha de mãos dadas com o desenvolvimento sustentável. Saber o motivo de se estar comprando e qual a origem do produto, auxilia a optar mais pelo que é necessário e menos pelo que é supérfluo, não comprometendo assim, as gerações futuras. E, ainda, a escolha por um jeito sóbrio de viver, além de assegurar uma vida saudável, poderá garantir um futuro para a terra e a todos os que nela habitamos.
(Sarah Amado, bióloga, cursa o mestrado em Ecologia e Produção Sustentável na Pontifícia Universidade Católica de Goiás)