terça-feira, 29 de outubro de 2013

Sustentabilidade ainda é pouco difundida em residenciais

27/10/2013 - 01h00

Sustentabilidade ainda é pouco difundida em residenciais



 
PAULA CABRERA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
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As práticas de sustentabilidade devem ganhar todos os canteiros de obras do Brasil em sete anos. A previsão é do CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável) e do Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário).
INOVAÇÕES IMOBILIÁRIAS
A meta parece arrojada, mas, hoje, o Brasil é o quarto país com o maior número de obras certificadas por sustentabilidade. Segundo dados do GBC (Green Building Council Brasil), o país fica atrás de Estados Unidos, China e Emirados Árabes Unidos.
De acordo com o CBCS e o Secovi, os produtos com características sustentáveis já estão presentes em 90% das obras paulistas, mesmo nas que não têm certificação.
Os motivos para a implantação dessas tecnologias --principalmente sobre economia de água e energia-- começou como estratégia de marketing nos edifícios corporativos e conquistou adeptos entre os residenciais.
São Paulo, por exemplo, tem leis que visam a incentivar a sustentabilidade nas construções. Entre elas, a de acessibilidade (que estabelece amplo acesso a cadeirantes nas áreas comuns), a que proíbe o uso de amianto e a de necessidade de execução de projeto para recebimento de água das chuvas e de calçadas verdes.
"Ainda cobramos políticas de incentivo, como descontos no IPTU [imposto territorial], a obras com características sustentáveis", diz Marcelo Takaoka, presidente do CBCS, a exemplo do "IPTU verde", no Rio.
Editoria de Arte/Folhapress
PARÂMETROS
Segundo a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo, as alterações no Plano Diretor da cidade, que foram entregues à Câmara em setembro, estabelecem novos parâmetros em relação ao tema. No entanto, não há definição se incluirá a revisão no valor do IPTU.
Para o professor da Universidade Federal de Santa Catarina e especialista em eficiência energética, Roberto Lamberts, além de leis, é preciso reforçar fiscalizações e a ideia do que é sustentável.
"No fundo essas leis são inócuas porque as prefeituras não têm estrutura para fiscalizar. Então, as empresas recorrem ao selos, que custam caro. Mas, sem eles, fica a dúvida se o projeto é o que diz ou se é só marketing."
Entre os selos mais conhecidos estão a Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), do GBC, e a Aqua, da Fundação Vanzolini. Há também o Casa Azul, da Caixa Econômica Federal, e o Procel Edifica.

Produtos sustentáveis

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Divulgação
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Vaso sanitário com caixa acoplada que garante até 60% de economia de água (Deca)
Para Marcelo Takaoka, a efetividade do uso racional de produtos nas construções depende não apenas da implementação da tecnologia na obra, mas do usuário.
"Ter o selo sustentável pode deixar a obra até 5% mais cara, mas a economia após a entrega é de 30% no condomínio. Mas isso depende do uso racional dos recursos por quem compra o imóvel", diz.
O arquiteto Edo Rocha, no entanto, aconselha cautela sobre as promessas de soluções (e resultados). Segundo ele, nos corporativos, os recursos são generosos e promissores --ao contrário dos residenciais, que investem em pequenas doses no tema.
"No prédio corporativo há maior sustentabilidade porque isso faz parte do marketing das empresas. No residencial, ninguém quer gastar mais para fazer isso", diz.
Segundo ele, o que se encontra em projetos para moradia é conservação de energia, consumo racional de água e isolamento térmico.
A secretária Kelly Cristina Fantini, 33, mora em condomínio com itens sustentáveis no Ipiranga (zona sul de São Paulo). O prédio usa a água da chuva para os vasos sanitários, tem churrasqueira a gás e coleta seletiva. "Escolhi morar ali pela economia que pode conseguir com os recursos do prédio."


Editoria de Arte

Oficina verde

“Oficina verde”: Empresário transforma centro automotivo em referência em sustentabilidade


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Após estudo aprofundado, Damy Auto Center adota medidas sustentáveis e se adequa a leis ambientais
Transformar uma oficina fundada há 10 anos, na Vila Mariana, em um modelo de centro automotivo sustentável, ecologicamente correto. Este era o sonho de Adalberto Keslau Gonçalves, proprietário da Damy Auto Center, e já se tornou realidade.
A Damy sempre se diferenciou em seu mercado, prestando serviços de qualidade em reparos de veículos. Hoje, além disso, é uma referência para oficinas do Brasil inteiro, ao adotar um modelo inovador e revolucionário, implementando medidas sustentáveis em ações cotidianas.
Para transformar a Damy em uma “oficina verde”, Gonçalves se dedicou a um estudo aprofundado de um novo conceito para o estabelecimento. “Foi necessária uma ampla reforma e a adoção de processos que adequassem o projeto a uma série de padrões de sustentabilidade e leis ambientais. As mudanças resultaram não só em um ambiente de trabalho ecologicamente correto, mas também em clientes cada vez mais satisfeitos e em funcionários motivados e ambientalmente conscientes”, explica o proprietário.
Para colocar as mudanças em prática, uma equipe especializada, com profissionais da Universidade Sonora do México, estudou detalhadamente todos os aspectos do negócio, desde a rotina de cada uma das áreas da Damy até a postura de sua mão de obra. Foi elaborado um plano que buscou soluções, dentro da cadeia de produtos e serviços da oficina, para que o empreendimento gerasse mais equilíbrio e menos desgaste ao meio ambiente.
Entre estas soluções, destaca-se o piso com uma câmara de contenção impermeável, que impede que resíduos poluentes contaminem o solo e atinjam o lençol freático e as águas superficiais. Este detrito passa por processo de filtragem e o material indevido é recolhido por empresa especializada. Economia de água e energia, uso de panos reciclados, coleta de sucata e de resíduos sólidos, reciclagem do tiner e do óleo e utilização de produtos químicos menos agressivos estão entre outras medidas ecológicas adotadas.
“Investimos em uma série de mudanças, como a captação da água de chuva e a implantação de telhas translúcidas para aproveitar a luz solar e não gastar tanta energia”, detalha Gonçalves. Com o projeto, evita-se uma série de agressões ao meio ambiente, como emissão de gases provenientes do processo de repintura, contaminação por meio de resíduos químicos jogados em lixo comum, entre outros.
Como parte das suas ações de apoio a iniciativas voltadas à Qualidade de Vida de sua equipe de colaboradores, a Damy recebe, toda terça-feira, um massagista do  Projeto Serenidade do Toque, ONG criada em 2006, que visa a capacitação e a formação de jovens e adultos com deficiência visual na área de massagem para a inclusão no mercado de trabalho.
Para o proprietário da Damy, seu projeto deve ser um embrião para mudar oficinas de todo o Brasil. “Gostaria muito que nosso modelo ajudasse centros automotivos que despertassem para a sustentabilidade a criar seus próprios projetos. Eu já fiz a minha parte e mostrei que é um sonho possível”, conclui o empresário.
                                                       
Damy Auto Center – Funilaria e Pintura
Rua Vergueiro, 3326. Vila Mariana, São Paulo
Tel.: 11. 5573-4519