domingo, 25 de agosto de 2013

Procuram-se engenheiros e arquitetos no Nordeste

Nordeste | 22/08/2013 05:55

Procuram-se engenheiros e arquitetos no Nordeste

O mercado está aquecido para engenheiros, arquitetos e gestores de projetos em obras de infraestrutura e mobilidade urbana. O tráfego de pessoas e veículos é, aliás, o principal desafio dos especialistas em trânsito e sistemas de informação



Felipe Peroni, da 

O engenheiro Gustavo Dantas, de 34 anos,em Natal
O engenheiro Gustavo Dantas, de 34 anos,em Natal: contratado para tocar obras em torno do estádio Arena das Dunas
São Paulo - Neste ano, o setor da construção gerou 10.200 postos de trabalho formais noNordeste, segundo dados do Ministério do Trabalho. Em todo o ano passado, foram abertas 16.200 vagas. o volume de investimentos públicos concentrado na região é um dos principais fatores para o dinamismo da construção.
No ano passado, apenas o departamento Nacional de infraestrutura de Transportes investiu 1,28 bilhão de reais no Nordeste. Do total de ações do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), 37,6% se encontram na região. São empreendimentos como a transposição do rio São Francisco, a ferrovia Transnordestina e o canal do Sertão. A proximidade do ano eleitoral acelera o andamento das obras. 
"Principalmente no interior de Pernambuco, algumas construtoras retomaram contratos de obras públicas que estavam paralisados", diz Paulo lago, diretor regional na SH Formas, empresa especializada em equipamentos para a construção civil, com unidades em 13 cidades nordestinas.
Isso significa contratações em ritmo acelerado. "Há escassez de engenheiros especializados em obras de ferrovias, portos e mobilidade urbana, como metrôs", diz arthur costa Souza, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de arquitetura e Engenharia consultiva. Tampouco faltam oportunidades para gestores de projetos.
"Há uma carência muito forte de engenheiros capazes de projetar obras e geri-las do início ao fim", diz Paulo, da SH Formas. Além das grandes obras de infraestrutura, as arenas construídas para a Copa do Mundo em Salvador, Fortaleza e Recife ainda movimentam o mercado de trabalho. A arena das dunas, em Natal, será a última a ser entregue, em dezembro deste ano.
Com a conclusão dos estádios, a mão de obra especializada em construção está migrando para os projetos de hotéis, shopping centers e obras viárias. O Grupo Odebrecht deve entregar no ano que vem o empreendimento Novo Mundo Empresarial, um complexo com valor de venda de 430 milhões de reais, que terá hotel, centro de negócios, comércio e serviços.
Reação em cadeia
"Recife tem disparado o maior volume de obras, principalmente com os investimentos na área industrial do porto de Suape”, diz Paulo, da
SH Formas. São projetos nas áreas petroquímica e naval.

"Agora, um novo complexo está se desenvolvendo no litoral norte, o que diversifica a economia pernambucana", afirma Gustavo de Miranda, presidente do Sindicato da Indústria da construção civil no Estado de Pernambuco.
O Ceará também está com bom ritmo de contratação por causa dos projetos nas áreas de siderurgia e indústria petroquímica ao redor do porto de Pecém e das obras em avenidas e viadutos em Fortaleza.
Um dos que aproveitam o bom momento do setor da construção no Nordeste é o engenheiro civil cearense Gustavo dantas, de 34 anos. Nos últimos anos, Gustavo trocou várias vezes de endereço entre os estados nordestinos para atender à demanda constante por mão de obra.
Em 2005, atuou em projetos de usinas termelétricas no complexo industrial e portuário do Pecém, no Ceará. Dois anos depois, foi contratado para trabalhar em gasodutos e refinarias da Petrobras, viajando entre Sergipe e Bahia. Depois de uma passagem de um ano no Rio de Janeiro, Gustavo foi convidado para coordenar projetos no complexo de Suape.
Agora, mora em Fortaleza, onde foi contratado para tocar obras na área de mobilidade urbana. "Há oportunidades de trabalho surgindo o tempo todo", diz.

Imóveis de alto padrão
O aumento do poder aquisitivo da população também contribui para o cenário positivo do setor imobiliário em Recife, Maceió, Fortaleza e
Natal. Nessas capitais, a demanda por imóveis de alto padrão merece destaque. "Hoje, alta renda e classe média alta são os mercados mais promissores e estáveis", diz Djean Cruz, superintendente da Odebrecht Realizações Imobiliárias para Bahia e Pernambuco.

Por consequência, os imóveis de alto padrão geram oportunidades para designers de interiores e arquitetos. O reconhecido arquiteto baiano Antônio Caramelo vem sendo bastante requisitado pelos segmentos de luxo, hotéis e shopping centers.
Para Caramelo, é preciso estar atualizado para aproveitar as oportunidades. "Arquitetura contemporânea é essencialmente de alta tecnologia. É difícil encontrar jovens profissionais com conhecimento técnico e em tecnologia", diz.
Caos urbano
Com o aumento do poder aquisitivo, o nordestino também está comprando mais carros. De acordo com o Detran, havia 1,4 milhão de veículos circulando em Pernambuco em 2008. Hoje, são mais de 2,3 milhões de automóveis. Na Bahia, são 2,9 milhões de carros em circulação.
A Prefeitura do Recife criou uma secretaria municipal para propor e implementar soluções para melhorar o tráfego de pessoas e veículos. Além de considerar a possibilidade de rodízio de automóveis, outros projetos estão sendo discutidos como o Capibaribe Navegável, que pretende utilizar transporte aquaviário nas zonas norte e oeste da cidade.
As bicicletas também começam a ganhar mais adeptos em Recife e Petrolina. O grupo pernambucano Serttel é responsável pelo projeto de compartilhamento de bicicletas realizado em parceria com o banco ItaúUnibanco.

A empresa também desenvolve projetos de gestão de estacionamentos públicos, parquímetros e manutenção e gestão de redes de semáforos de trânsito. A Serttel emprega mais de 1.400 funcionários e trabalha com soluções tecnológicas para gerenciamento de trânsito.
"Estamos em busca de engenheiros de trânsito e de sistemas de informação", diz AngeloLeite, presidente da Serttel. São problemas que geram empregos para muita gente.