sexta-feira, 5 de julho de 2013

Mortes por gripe suína quadruplicam

Mortes por gripe suína quadruplicam

Casos passaram de 55 para 215 em menos de dois meses no Estado de São Paulo; capital concentra metade das ocorrências

03 de julho de 2013 | 2h 04


ADRIANA FERRAZ - O Estado de S.Paulo
O número de pessoas que morreram em decorrência da gripe suína (H1N1) quadruplicou nos últimos 51 dias em São Paulo. O total de mortes passou de 55, em 12 de maio, para 215, de acordo com dados atualizados da Secretaria de Estado da Saúde - a alta é de 290%. Em todo o Brasil, o vírus já matou pelo menos 339 pessoas.
O caso mais recente no Estado foi confirmado anteontem pela Secretaria Municipal de Saúde de Jundiaí, município que fica a 60 quilômetros da capital. A vítima é um homem de 56 anos, portador de diabetes e hipertensão, que não foi vacinado contra a gripe. É o sexto caso ocorrido na cidade.
O Estado teve confirmados 1.367 pacientes infectados com H1N1 desde 1.º de janeiro. Desse total, 663, ou 60% dos casos, foram registrados na Grande São Paulo. A capital soma o maior número de mortes: 101 até agora. A secretaria ressalta que 70% dos pacientes que morreram apresentavam algum problema, como doenças crônicas relacionadas ao coração.
"O certo é não termos nenhuma morte, já que se trata de uma doença imunoprevenível. Mas essas mortes aconteceram em pessoas que estavam suscetíveis e não tomaram a vacina", avalia a gerente de Vigilância Epidemiológica de Jundiaí, Solange Nogueira Marchezini.
Segundo classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS), o vírus influenza A (H1N1) é de gripe comum, assim como outros em circulação pelo País, e, por isso, não prevê notificação compulsória. A pasta estadual explica que apenas casos graves, caracterizados como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), devem ser automaticamente informados.
Neste ano, 6.095 pacientes com SRAG foram confirmados, já somados os 1.367 casos de H1N1 - número que representa 78% de todo o País. Desta lista, além das mortes por influenza A, constam ainda outras 26 vítimas do influenza A ou B, a gripe comum.
O governo não explicou ontem os motivos da alta. Em maio, a Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria Estadual de Saúde apontou a chegada antecipada do frio como uma das possíveis causas.
Em São Paulo, a Secretaria da Saúde distribuiu cerca de 5 milhões de doses de Oseltamivir, antiviral indicado para combater gripes classificadas como SRAG. O medicamento deve ser fornecido gratuitamente nas unidades de saúde municipais, mesmo para pacientes com receitas assinadas por médicos particulares ou de planos de saúde. Na capital, as farmácias da Rede Dose Certa também dispõem do remédio.
Para que a droga tenha efeito desejado, a recomendação é que sua prescrição ocorra em até 48 horas após o início dos sinais agudos de gripe, como dores nas articulações e febre alta. "O Oseltamivir diminui a carga viral no paciente e a duração dos sintomas, melhora o prognóstico da doença e impacta diretamente na diminuição do número de casos de mortes, principalmente em pacientes portadores de comorbidades", informa a secretaria.
Recomendações. A prevenção segue como o principal remédio, especialmente em dias frios, quando as pessoas se concentram em locais fechados. Entre as principais recomendações estão lavar a mão várias vezes ao dia - com sabão ou álcool em gel -, cobrir a boca com um lenço ou a mão quando tossir, buscar ambientes arejados e evitar sair de casa quando estiver com sintomas da gripe, além de se alimentar adequadamente. 


Água de reúso


Água de reúso


Coordenador da norma da ABNT fala sobre aproveitamento da água da chuva, dimensionamento e funcionamento de sistemas de captação


http://www.equipedeobra.com.br/construcao-reforma/61/agua-de-reuso-coordenador-da-norma-da-abnt-fala-291278-1.asp

Reportagem: Karina Dacol


PERFIL
acervo pessoal
Nome: Plínio Tomaz
Profissão: engenheiro civil
Cargo: coordenador da norma sobre aproveitamento da água de chuva da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
Com que finalidades a água da chuva pode ser aproveitada? Somente para fins não potáveis, como descarga em bacias sanitárias, limpeza de pisos, garagens, rega de jardins e uso em equipamentos para resfriamento de máquinas. Essa água não é para beber, para cozinhar e nem para tomar banho.
Em comparação com outros países, o Brasil consome muita água? Desde 1995, as empresas fabricam no Brasil todos os dispositivos para economizar água. Atualmente, consumimos menos de 170 l por pessoa por dia, enquanto os americanos ainda gastam 300 l. O europeu já economiza bastante. Lá, eles consomem cerca de 100 l de água por pessoa por dia.
Quais os principais vilões do consumo de água em edifícios? O maior vilão nesse tipo de edificação é, sem dúvida nenhuma, a bacia sanitária. Antigamente, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) achou valores de 18 l utilizados a cada descarga. Hoje, temos até caixas de descarga com dois botões: um para 3 l e outro para 6,8 l. Nos prédios antigos, devem-se trocar todas as bacias sanitárias por caixas acopladas para descarga de 6,8 l por acionamento.
Os prédios vão começar a usar mais dispositivos para reúso de água?Em edificações, pode ser feito o aproveitamento da água da chuva e o reúso de águas cinzas (proveniente de utilização de lavatórios, chuveiros e pias de cozinha). A meu ver, devido à pequena área de telhado e ao grande consumo, os prédios vão ter que usar água de reúso. O problema é que não existem normas ou leis federais nem para garantir o consumidor e nem para determinar a partir de qual tamanho de área construída o reúso é necessário.
Até que tamanho de prédio é eficaz o reúso? Só compensa a partir de certa área e certo volume de consumo. Quando o prédio tem mais de 30 mil m², pode ser contratada firma especializada para acompanhar o tratamento das águas cinzas. Se o prédio for muito pequeno, fica inviável financeiramente. Fazer reúso em uma casa pequena sai caro e a parte financeira não compensa, pois demanda acompanhamento técnico, com engenheiros químicos e especialistas.
Quais os cuidados necessários para implantar sistemas de aproveitamento de água da chuva em condomínios residenciais?
Para que o sistema funcione corretamente, o projeto tem de ser feito por engenheiro civil ou arquiteto e deve seguir a NBR 15.527 - Água da Chuva - Aproveitamento de Coberturas em Áreas Urbanas para Fins Não Potáveis - Requisitos, que regulamenta o uso da água da chuva para fins como rega de jardins, lavagem de pisos e de carros e descargas em bacias sanitárias. A norma diz que, em áreas urbanas, apenas as águas dos telhados são aproveitadas, mas não as que entraram em contato com o chão. O grande problema é achar o volume da cisterna, pois, se for muito grande, o custo ficará elevado e, se ficar pequena, faltará água constantemente.
Ilustração: Daniel Beneventi.
Existem outras normas referentes ao reúso de água? A NBR 15.527 trata somente de aproveitamento de água da chuva. As águas servidas ou águas cinzas (greywater), que são as residuais de processos como banho, lavagem de roupa e louça, ainda não possuem norma.
Como é a manutenção? Não existe treinamento especial, pois os reservatórios usados são como os reservatórios para água potável, e devem ser limpos e desinfetados pelo menos uma vez ao ano. Em geral, são enterrados ou semienterrados e a limpeza e desinfecção das paredes é feita com ácido hipocloroso (hipoclorito de sódio), que é o cloro na forma líquida. A limpeza pode ser feita por funcionário do edifício ou por empresa que preste esse serviço, que costuma ser a mesma que limpa caixas-d'água.
O que deve ser verificado? Os conjuntos elevatórios devem ser verificados, no mínimo, uma vez por mês pela prefeitura e pelos órgãos ambientais, como a Secretaria da Saúde. Os prédios costumam fazer a limpeza uma vez ao ano e, geralmente, a firma responsável emite atestado, afixado na parede do edifício. Já o reservatório de first flush deverá ser verificado após chuvas intensas para retirada de materiais desviados da cisterna. Em caso de a água servir bacias sanitárias, deve ser clorada, conforme previsto na norma.
Quais os principais erros de projeto? Os principais erros estão no dimensionamento do reservatório e no first flush, dispositivo que fica na entrada da cisterna e que, quando chega a chuva, retém e expulsa a água que contém folhas, sujeira e pedras. Ele precisa ser calculado para esvaziar em dez minutos, escoando a sujeira.
O que são as chamadas piscininhas? São reservatórios que armazenam água de telhados e pisos durante o pico de chuvas. O objetivo é controlar enchentes, pois a água é liberada aos poucos. Elas ajudam, mas não resolvem o problema, até porque a água da piscininha não deve ser usada, já que os pisos têm até 12 vezes mais poluição do que os telhados.
O que é golpe de aríete? Ele ainda é um problema?O golpe de aríete acontecia antigamente, com as válvulas de descargas. Após apertar a descarga, ouvia-se um barulho muito alto, resultado da transmissão das ondas que, com o tempo, acabavam destruindo toda a tubulação. Isso é coisa do passado, pois as válvulas atuais não produzem golpe de aríete.
Qual sua opinião sobre a abordagem dos sistemas de certificação quanto à questão da redução do consumo de água nas edificações?Se você obtém uma certificação, vai ter certeza de que haverá economia de 30% de água e 30% de energia e haverá mais conforto térmico para os usuários. Por isso, o seu imóvel terá mais valor. Chegará um tempo que, quando o usuário for comprar um apartamento ou um escritório, ele automaticamente vai querer saber sobre o tipo de certificação do prédio. Se não existir, ele vai comprar em outro lugar.