terça-feira, 23 de abril de 2013

Passagem só de ida..."martianos"?


17/04/2013 - 15h48

Holandeses recrutam voluntários para colonização de Marte


DA BBC BRASIL



Uma organização holandesa, a Mars One, informou que, em breve, abrirá inscrições para voluntários que quiserem colonizar o planeta Marte.
Mas há uma particularidade: a passagem será apenas de ida. Mesmo assim, a empresa já recebeu dados de milhares de possíveis candidatos a colonos.
Durante uma visita à BBC em Londres, o fundador da Mars One, Bas Lansdorp, explicou a razão de este ser um voo sem volta e quais características os candidatos precisam ter para serem escolhidos.
Segundo Lansdorp, os voluntários precisarão ser resistentes, flexíveis e engenhosos.
O projeto todo, desde a seleção dos candidatos até a viagem, vai ser transmitido em um programa de televisão, nos moldes de um reality show, como o Big Brother.
Os astronautas terão de enfrentar uma viagem que deve durar entre sete a oito meses e devem perder massa óssea e muscular.
Segundo Lansdorp, depois de passar um tempo vivendo no campo gravitacional bem mais fraco de Marte, será quase impossível se reajustar de volta à gravidade mais forte da Terra.
Os candidatos selecionados passarão por treinamento físico e psicológico. A equipe vai usar tecnologia já existente em todos os aspectos do projeto.
A energia será gerada por painéis solares, a água será reciclada e extraída do solo, os astronautas vão cultivar os alimentos que vão consumir e também contarão com suprimentos de emergência. A cada dois anos, novos exploradores vão se juntar ao grupo de colonos.

Ambiente hostil

Marte é um planeta varrido pelo vento solar. Na Terra, por outro lado, estamos protegidos do vento solar graças a um forte campo magnético. Sem ele, seria muito mais difícil sobreviver.
Apesar de Marte ter tido uma proteção parecida há cerca de 4 bilhões de anos, hoje, a maior parte da atmosfera do planeta se foi e não há mais um escudo protetor como este.
A superfície do planeta é extremamente hostil para a vida, segundo Veronica Bray, do Laboratório Planetário e Lunar da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.
Bray, no entanto, encara o projeto holandês com ceticismo.
De acordo com a cientista, não há água líquida, a pressão atmosféria é "praticamente um vácuo", os níveis de radiação são mais altos e as temperaturas variam muito.
"A exposição à radiação é uma preocupação, especialmente durante a viagem. Isto pode levar ao aumento do risco de câncer, um sistema imunológico mais frágil e, possivelmente, infertilidade", afirmou.
Para minimizar a radiação, os responsáveis pelo projeto vão cobrir com vários metros de terra as cúpulas onde os colonos vão viver. Ela será cavada pelos próprios habitantes do local.
"Não tenho dúvidas de que podemos, fisicamente, colocar um humano em Marte. Se ele vai conseguir sobreviver durante um período maior de tempo, é muito mais duvidoso", acrescentou Bray.
Gerard't Hoof, embaixador do projeto e um dos ganhadores do prêmio Nobel em física teórica em 1999, admite que existem riscos para saúde ainda desconhecidos. Ele afirma que a radiação é "de uma natureza muito diferente" do que qualquer coisa que já tenha sido testada na Terra.
"Comunicaremos aos candidatos que há riscos, mas será nossa responsabilidade manter estes riscos em níveis aceitáveis", afirmou.

Desafio

O astronauta da Nasa Stan Love já enfrentou dificuldades tecnológicas na Estação Espacial Internacional.
Os aparelhos que reciclam o lixo humano e transformam "o café de ontem no café de amanhã precisam de manutenção constante e provavelmente não sobreviverão a anos de uso contínuo em Marte".
Love voltou recentemente da Antártida e comparou o ambiente gelado com Marte.
"É cheio de água, você pode sair e respirar ar. É um paraíso comparado a Marte e, mesmo assim, ninguém se mudou permanentemente para lá", afirmou.
No entanto, apesar de suas dúvidas em relação ao financiamento, riscos da radiação e tecnologia, Love aprova a iniciativa da Mars One.
Ele acredita que organizações particulares como esta podem ajudar na elaboração de novas tecnologias para ajudar em viagens futuras ao planeta vermelho.
"Sonhamos com isso há 50 anos. A Lua seria apenas um trampolim para Marte. Mas quando você estuda o problema, você percebe que é imensamente difícil", afirmou.
Alison Rigby, 32 anos, se candidatou, e afirma que o fato de ser uma viagem sem volta não é tão assustador.
"Uma passagem só de ida me assusta, mas não é o bastante para me fazer mudar de ideia. Uma vida bem-sucedida em Marte será o grande feito da minha vida e fico feliz de deixar minhas preocupações de lado na esperança de algo melhor", disse.

Dinheiro

Outro problema em relação ao projeto é o dinheiro. O custo para o envio do primeiro grupo é estimado em US$ 6 bilhões.
Chris Lintott, da Universidade de Oxford, afirma que o projeto é tecnologicamente plausível, mas ele não acredita que vai conseguir a verba necessária.
"Está relacionado à vontade política e à solidez financeira para fazer isto acontecer. E (isto) ninguém conseguiu resolver até agora", afirmou.
Mas, o fundador da Mars One acredita que é possível levantar o dinheiro e cita os direitos de transmissão das Olimpíadas de Londres.
"Este será o maior evento da humanidade. Em 15 anos as pessoas ainda estarão assistindo. Explorar nosso mundo e, agora (ir) além, é o que os humanos fazem, está em nosso genoma. O sonho dos colonos de ir para Marte se tornará realidade."
Ainda não se sabe se a missão vai alcançar o objetivo, mas a publicidade gerada pelo processo de seleção ao estilo do Big Brother deve gerar a audiência esperada.

Projetos habitacionais paulistanos custarão ao menos R$ 700 milhões


23/04/2013 - 03h20

Projetos habitacionais paulistanos custarão ao menos R$ 700 milhões


EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Para cumprir suas promessas na área de habitação, o prefeito Fernando Haddad (PT) terá que desembolsar, pelo menos, R$ 700 milhões.

De acordo com o próprio administrador, suas cem promessas do programa de metas custam R$ 23 bilhões.
A contabilidade da gestão petista é feita para a construção de 55 mil casas.
Serão 25 mil no centro de São Paulo e mais 30 mil em outras áreas da cidade. Desse total, segundo a prefeitura, 17 mil estão em fase de construção na cidade.
Para atingir o objetivo, até o fim do mandato, em 2016, Haddad fez parcerias com o governo do Estado, no caso das construções do centro, e com o governo federal, por meio do programa Minha Casa Minha Vida.
"Separamos R$ 300 milhões para todas as desapropriações necessárias até o fim do ano ou início do próximo", disse ontem Haddad, em visita a comunidade Pinheirinho 2, na zona leste. "São Paulo não tem mais áreas livres para a construção".
O local é uma área invadida, onde houve um início de desocupação no fim do mês passado. A ação da polícia militar começou às 6h.
Houve confronto com os moradores. Na hora do almoço do mesmo dia veio a ordem, costurada entre Haddad e Geraldo Alckmin (PSDB), para que a reintegração fosse suspensa.
A prefeitura, apesar de o decreto de desapropriação da área ter sido feito há um mês, ainda não avaliou a área, o que deverá ser feito até o início de maio.
Ontem, as 512 famílias cadastrados no terreno comemoravam a vitória, mas com ressalvas. O problema, agora, é garantir a infraestrutura do local, como água e luz. Por tratar-se de uma área ilegal, as concessionárias públicas querem cortar o serviço dos moradores.
Outra intervenção da prefeitura, entretanto, deve resolver o problema.
De acordo com Ricardo Gonçalves, advogado da associação de moradores do Pinheirinho 2 (o Pinheirinho 1 fica do outro lado da rua), o cálculo é de que as novas moradias devem ficar prontas em três anos.
A prefeitura afirma que vai construir, no terreno, que tem 130 mil metros quadrados, moradias suficientes para atender 1,2 mil famílias. Ou seja, outras pessoas, de fora do terreno, também serão contempladas pela desapropriação.