sábado, 2 de março de 2013

Autora questiona indústria da longevidade


01/03/2013 - 14h53

Autora questiona indústria da longevidade

DA BBC BRASIL

http://www1.folha.uol.com.br/bbc/1239017-autora-questiona-industria-da-longevidade.shtml


Todos os anos, aumenta o número de pessoas idosas --tanto nos países desenvolvidos como nas nações em desenvolvimento-- graças às descobertas da medicina moderna para atrasar as fronteiras da morte. Mas a longevidade é necessariamente uma coisa boa?
Na Califórnia, a forma física é levada ao extremo. Há lojas em Beverly Hills, local conhecido por sua obsessão com a imagem, apinhadas com comprimidos e fórmulas que visam prolongar a vida. Em Santa Monica, há tantos programas de treinamento ''boot camp'' e tantas sessões de ioga em parques públicos que autoridades locais já pensam em impor um limite.
SXC
Prolongar a vida só prolongaria as incapacidades, segundo escritora
Prolongar a vida só prolonga as incapacidades, diz escritora
''Na Califórnia, você vê pessoas se exercitando às 5h15 e isso ou faz bem a eles ou faz parte de uma psicose neurótica séria na qual eles estão infelizes porque estão ficando mais velhos'', afirma Ed Saxon, que produziu o filme "Fast Food Nation", em 2006.
''Uma pessoa de 55 anos imaginando que se parece com alguém de 25, se submetendo a cirurgias e se exercitando fanaticamente para que isso aconteça, tudo isso me parece uma má ideia. A obsessão em parecer mais jovem do que você realmente é."
Além da preocupação com a forma física, existem os conselhos em torno do que se deve comer para se permanecer jovem. Deve-se tomar mirtilo, couve batida ou comer torrada sem glúten? E vinho tinto, faz bem ou não? E quanto ao chocolate?
LONGA INCAPACIDADE
''Nos Estados Unidos, se assume como fato que a longevidade é algo bom'', afirma Susan Jacoby, autora do livro "Never Say Die" (nunca diga morrer, em tradução literal).
''Muito dessa crença irracional de que há coisas que você pode fazer para se assegurar contra a velhice e a doença tem a ver com o fato de que nós, nos Estados Unidos, realmente não gostamos de envelhecer'', comenta a escritora.
Jacoby, de 67 anos, faz duras críticas ao que chama de ''lixo sobre estilo de vida'' e ''lixo de suplementos alimentares''.
''Se você for olhar com mais atenção para essas pessoas que te dizem que você pode ser uma pessoa saudável aos 120, existe um homem ou uma mulher vendendo alguma coisa'', comenta.
A verdade, diz a autora, é que a maior parte das pessoas que vivem além dos 90 irão morrer após passar ''um período prolongado de incapacidade''.
''Nós estamos acreditando nesse mito de que como estamos atualmente mais saudáveis do que nunca aos 67 anos, estaremos assim também aos 87 ou aos 97. Mas a verdade é que graças a alguns avanços duvidosos da medicina moderna, que mantém pessoas vivas não importa o quê, é que será preciso refletir mais sobre como cuidar dessas pessoas.''
Em 1980, James Fries, professor de medicina da Universidade de Stanford, anteviu uma sociedade em que doenças crônicas seriam adiadas e reduzidas. Nessa sociedade, pessoas levariam vidas saudáveis e morreriam de forma relativamente rápida, reduzindo a quantidade de deficiência e incapacidade.
Fries chamou a isso de ''morbidez comprimida'' e seu trabalho foi creditado como o marco das origens do paradigma moderno para se envelhecer de forma saudável.
O problema é que é mais fácil aconselhar pacientes sobre como prolongar suas vidas saudáveis do que reduzir qualquer período de saúde em declínio.

BOA MORTE
Joseph e Anne Gias são um casal saudável na faixa dos 60 anos, mas eles se preocupam com os percalços da velhice. ''Não quero passar dos 80. Eu creio que entre os 80 e os 85 as pessoas se deterioram muito. Já vi muita deterioração nessa faixa etária e não quero que isso aconteça comigo'', afirma Anne.
A despeito dos temores de Anne, há exemplos de pessoas que levaram vidas longas e saudáveis. Quando Besse Cooper morreu em dezembro do ano passado, aos 116 anos, ela era a mulher mais velha do mundo.
De acordo com relatos, ela estava com uma saúde incrível e nunca se queixou de dores. Ela levava uma vida ativa e se recusava a comer ''porcarias''.
No seu último dia de vida, ela comeu um generoso café da manhã, fez o cabelo e viu um vídeo de Natal com amigos.
Besse morreu em paz à tarde, após ter sofrido problemas respiratórios. Ela é um raro, mas bom exemplo da morbidez comprimida, a que se referia James Fries --uma vida longa e saudável e uma boa morte.

Parque do Ibirapuera tem em janeiro a metade dos furtos de bicicletas de 2012


02/03/2013 - 05h00

Parque do Ibirapuera tem em janeiro a metade dos furtos de bicicletas de 2012



ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

João Puerro Neto, 37, ficou sem bicicleta há três meses, no Ibirapuera, porque o cadeado que usou para prender sua magrela a uma árvore foi rompido com "alicate que corta corrente que nem manteiga".
A descrição que o professor de fisioterapia escutou sobre a eficácia do corte feito por um ladrão que levou embora sua Trek Navigator, de R$ 2.550, saiu da boca de um guarda municipal do parque.
A GCM (Guarda Civil Metropolitana), responsável pela segurança do Ibirapuera, na zonal sul de São Paulo, nunca registrou tantos casos como o de Puerro Neto como agora.
Editoria de arte/Folhapress
Em 2012, o número de registros de furtos de bike no parque feitos pela guarda civil foi de 31, contra apenas três do ano anterior. De 2006 a 2011, a média de crimes do tipo no local era de apenas três por ano.
Os índices continuam preocupantes e já fazem do Ibirapuera um dos mais inseguros pontos para amarrar uma bicicleta. Só em janeiro deste ano, já foram 15 furtos --a metade de todo o ano passado.
Os números foram conseguidos pela reportagem por meio da Lei de Acesso à Informação --e, na realidade, podem ser maiores, pois há vítimas que não buscam ajuda.
Eduardo de Siqueira Bias, comandante-geral da GCM, diz que o hábito de se silenciar após o furto tem mudado: os ciclistas cada vez mais procuram a guarda para registrar o crime, o que explica, segundo ele, a alta do número em 2012.
Bias afirma que o aumento dos frequentadores do parque (que tem recebido 150 mil pessoas nos fins de semana) e a especialização dos criminosos, com o uso de alicates que cortam as correntes em poucos segundos, também ajudaram a elevar o índice de furtos.

Furto de bicicletas no Ibirapuera

Silva Junior/Folhapress


O ciclista João Puerro teve sua bicicleta furtada no parque do Ibirapuera
Para combatê-los, a GCM aumentou seu efetivo de 140 para 165 homens no parque e conta com 11 câmeras de segurança. Uma delas flagrou no último sábado (23/2) a ação de um criminoso, que, acobertado por outro homem, sacou o alicate da mochila, cortou o cadeado e levou a magrela. Os guardas foram avisados do crime, mas não conseguiram prender o ladrão, que agiu perto do portão seis.
O comandante da guarda diz que há a previsão de inauguração, daqui a um mês, de um bicicletário no Ibirapuera, com um guarda controlando a entrada e a saída das bikes. A medida ainda está sendo discutida com a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente.
BOLETIM DE OCORRÊNCIA
A GCM orienta as vítimas de furto a procurar uma delegacia para fazer um BO, o que ajuda a mapear as áreas de maior vulnerabilidade. O professor Puerro Neto não o fez.
Sem esperanças de reencontrar sua bicicleta, que tinha acabado de ser paga e foi furtada entre as 14h e as 16h de 9 de dezembro, período que passou dentro da Bienal aproveitando o último dia da exposição, ele já comprou outra. Precisava dela para trabalhar.