quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

China investe em educação para atingir desenvolvimento sustentável


China investe em educação para atingir desenvolvimento sustentável


27/02/2013
Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro


Problemas como baixos salários dos trabalhadores estão intimamente ligados à educação no país, aponta a economista Lingxu Zhang, que coordena um programa de educação em áreas rurais (fotos:W.Castilhos e Banco Mundial)


Agência FAPESP – Enquanto não resolve seus maiores desafios – tais como emissões de gases, degradação ambiental e envelhecimento populacional (até 2050 mais de 25% terão acima de 65 anos) –, a China investe na educação para alcançar o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza.
Nas regiões mais pobres, como a zona rural do noroeste do país, a evasão escolar chega a alcançar os 40%. Para investigar as causas do fenômeno e criar possíveis soluções, o governo chinês tem investido em projetos de intervenção.
Um exemplo é o Rural Education Action Project (REAP), coordenado pela economista Lingxu Zhang, professora e diretora adjunta do Centro de Política Agrícola Chinesa.
“Quando constatamos que os estudantes de áreas rurais pobres estavam abandonando a escola, buscamos investigar os possíveis fatos que os estariam levando a isso”, disse Zhang na 7ª Conferência e Assembleia Geral da Rede Global de Academias de Ciências (IAP), evento organizado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) no Rio de Janeiro.
Em princípio, o projeto passou a subsidiar recursos para os pais manterem filhos na escola. Observou-se que a taxa de abandono escolar dos alunos que recebiam o auxílio – embora se mantivesse – era menor do que daqueles que não recebiam o benefício. O principal motivo para a evasão, segundo Zhang, era a pressão econômica.
“Vimos que o problema era a área na qual as famílias moravam”, disse Lingxu Zhang à Agência FAPESP. “As famílias de agricultores tiravam seus filhos da escola para trabalhar nas fazendas. Hoje em dia, na China, 60% das pessoas que vivem nas zonas rurais trabalham em áreas de pequenos cultivos, onde a produção é manual e em pequenas extensões de terra.”
O país, segundo ela, precisa melhorar sua produtividade agrícola. “A ciência agrária precisa ser mais bem desenvolvida. Se não melhorarmos a educação, não conseguiremos desenvolver tecnologia agrícola. A China não alcançará o desenvolvimento sustentável se não tiver pessoas bem educadas”, disse a economista, lembrando que cerca de 20% da população no país vive abaixo da linha da pobreza.
Outro dado verificado no projeto: um terço dos alunos das 30 escolas pesquisadas sofria de anemia, decorrente de uma merenda escolar baseada somente em grãos ou em noodles, composta de poucos vegetais ou carne. Ou seja, sem vitaminas ou proteínas.
“Convidamos médicos para examinar as crianças e descobrimos que a incidência de anemia entre elas era alta, o que fazia com que seu rendimento escolar fosse baixo. Passamos então a fornecer suplementos multivitamínicos”, contou Zhang, também pesquisadora do Instituto de Ciências Geográficas e Pesquisas de Recursos Naturais e membro da Academia Chinesa de Ciências, afiliada à IAP.
Depois de implantado o programa de nutrição, a situação se reverteu. “Foi a primeira intervenção antianemia do país. Vimos qual era o impacto das vitaminas sobre os alunos, por meio da melhora no rendimento escolar. Quanto melhor a educação, maiores serão as chances de conseguirem melhores empregos e salários”, disse.
Conhecida como terra dos baixos salários, sendo assim atraente para indústrias estrangeiras, a situação da China parece estar mudando, depois de uma sucessão de conflitos trabalhistas que atingiram grandes companhias multinacionais instaladas no país (algumas se mudando para outros países, como Índia e Vietnã) e resultou no aumento da remuneração dos empregados, segundo Zhang.
Em relação à oferta de mão de obra, também existe diferença entre os jovens migrantes rurais que entraram no mercado de trabalho recentemente e as gerações anteriores. Mais bem educados e informados, eles exigem melhores condições de trabalho e salários mais elevados.
Tudo isso tem desencadeado um debate que divide opiniões: de um lado os que acreditam no fim da era da mão de obra barata e, de outro, os que sustentam que ainda há um longo caminho a ser percorrido até que a China perca a fama de país de empregados mal pagos.
De acordo com Zhang, está chegando ao fim a era dos salários baixos na China, embora lembre que a mão de obra menos qualificada ainda recebe menos que US$ 1,2 a hora.
“Para fazer a hora trabalhada chegar a uma média de US$ 10, por exemplo, tem de haver um implemento na educação. Ao lado da questão climática e ambiental, esse é um dos nossos maiores desafios. Mas a China pode superá-lo”, disse.
Fortalecimento das ações das academias
A 7ª Conferência e Assembleia da IAP, que tem como tema "Ciência para a Erradicação da Pobreza e o Desenvolvimento Sustentável", reuniu mais de 130 cientistas de diversos países no Rio Othon Palace Hotel, em Copacabana, nos dias 25 e 26 de fevereiro.
O objetivo do evento, realizado a cada três anos e que ocorre pela primeira vez na América do Sul, é mostrar como a ciência pode contribuir para enfrentar os desafios globais.
No dia 23, a FAPESP recebeu a visita de uma delegação de membros de um comitê consultivo da IAP e do InterAcademy Council (IAC) chamado Development Advisory Committee (DAC).
O DAC tem dois co-chairs: Francisco Ayala, da Universidade da Califórnia em Irvine, e Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, que presidiu a reunião.
"O objetivo do DAC é auxiliar IAC e IAP a montarem uma estratégia de arrecadação de fundos para as atividades das entidades, que são atividades de aconselhamento baseado em ciência para questões de relevância internacional", disse Brito Cruz. 

UFA!

 26/02/2013 - 13h08

Prefeitura do Rio inaugura primeiro mictório UFA! na Central do Brasil



DO RIO

Diante da estação de trens Central do Brasil, a Prefeitura do Rio de Janeiro inaugurou nesta terça-feira um modelo de mictório público, que pode ser instalado em outras calçadas pela cidade.
Batizado de UFA! (Unidade Fornecedora de Alívio), o equipamento foi doado à prefeitura por uma empresa de mobiliário urbano interessada em virar fornecedora do município.
"Se esta experiência der certo, vamos implantar pela cidade", afirmou Marcus Belchior, secretário de Conservação e Serviços Públicos, que foi ao local para cortar a faixa de inauguração do mictório. "Faremos uma licitação para escolher a empresa que vai produzir os banheiros."
O prefeito Eduardo Paes cogitou ir à Central do Brasil para inaugurar o mictório, mas acabou desistindo da ideia. O primeiro usuário da UFA foi o padeiro pernambucano Josafar Gomes da Silva, 35, que passava pela Central e resolveu estrear o equipamento.
"Estava procurando um lugar para ir ao banheiro e vi que abriu isso aqui. Estou até mais leve", disse o padeiro, que não se intimidou pela visibilidade parcial do equipamento.
O modelo do mictório, com capacidade para uma pessoa, garante privacidade ao redor do usuário.
Entretanto, quem passa pela calçada consegue ver os pés do usuário. Além disso, pequenas aberturas, em forma de quadrados, decoram a parte superior do equipamento, e possibilitam uma visão parcial do rosto da pessoa que vai urinar sem lavar as mãos depois. A UFA! não tem pia.
Divulgação
Primeira UFA!, protótipo de um novo mictório público em aço inoxidável na estação Central do Brasil, no centro do Rio
Primeira UFA!, protótipo de um novo mictório público em aço inoxidável na estação Central do Brasil, no centro do Rio

Americanos temem que clima quente gere invasão de piranhas


Americanos temem que clima quente gere invasão de piranhas


O Departamento de Recursos Naturais do estado da Carolina do Sul dos Estados Unidos encomendou a um grupo de pesquisadores um estudo sobre cenários em um mundo mais quente. O relatório final do estudo alerta para o risco da invasão de espécies exóticas perigosas como piranhas e enguias. Também alerta para riscos de inundação, doenças tropicais e desaparecimento dos pântanos.
O estudo está gerando polêmica nos EUA porque, apesar do conteúdo preocupante, foi mantido em segredo desde novembro de 2011 por autoridades estaduais. Ele vazou nesta semana graças a uma investigação do jornal americano The State.
A revelação faz parte de um novo cenário americano. Nos últimos meses, o público vem ganhando mais consciência dos riscos associados às mudanças climáticas.
O estudo avalia o que pode acontecer diante de um aumento de 1,5 grau centígrado nos próximos 70 anos. Hoje, a Carolina do Sul já está mais quente do que nos últimos 40 anos. Uma das consequências é a decadência da pesca de camarão. Aparentemente, ele busca águas mais geladas.
Os pesquisadores detalham o risco da invasão de espécies estranhas à região. Uma delas são as piranhas. Alguns exemplares já foram encontrados em rios americanos. Mas foram casos isolados. A maioria dos peixes da espécie não sobrevive aos meses de inverno. Com o avanço do calor, teme-se que populações da espécie proliferem na América do Norte.
As principais consequências do aquecimento para a Carolina do Sul incluem:
- redução na pesca por causa de alteração no plânton derivadas do aquecimento das águas;
- risco para a população de tartarugas marinhas, por causa do aquecimento da areia da praia;
- redução na taxa de oxigênio de partes do mar, gerando zonas mortas para a pesca;
- avanço da água salobra, afetando o suprimento de água.
Esses perigos não são exclusivos da Carolina do Norte nem mesmo do sul dos EUA. Embora alguns rios brasileiros já tenham piranhas, o estudo também mostra como um aquecimento aparentemente pequeno – de 1,5 grau – pode trazer grandes consequências. Cientistas de algumas organizações de peso como a Royal Society britânica ou o Banco Mundial já falam num aumento de pelo menos 4 graus ao longo do século.
No Brasil, casos de ataques de piranhas são frequentes, principalmente na região Norte. Nos EUA, as piranhas fazem parte do imaginário do terror. Inspiraram uma série de filmes de qualidade duvidosa. No último, Piranha 3D, variedades pré-históricas do peixe voraz escapam em um lago do Arizona, depois de um terremoto. Os peixes fósseis trazem medo, morte e destruição. No caso atual, menos absurdo, são os combustíveis fósseis que mudam o clima da Terra e abrem espaço para a expansão de espécies invasoras de áreas tropicais.
(Alexandre Mansur)