sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Dona Culpa

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marinasilva/1213136-dona-culpa.shtml

11/01/2013 - 03h30

 MARINA SILVA 

Quando começam as chuvas, todos sabemos que haverá enchentes nas grandes cidades, desbarrancamento e moradias soterradas nos morros. A culpa, segundo os agentes públicos, é do excesso de chuvas e da insistência dos moradores em permanecer no local.
Mais um ano de seca no sertão nordestino. Estados e municípios disputam desesperados os recursos para barragens, carros-pipa, poços, atendimento de emergência. A culpa? Das pessoas que moram em lugar errado e da natureza, que mandou toda a água para outra região.
Já estamos nos acostumando com essa lógica. Nos anos de crescimento e bonança, os que estão no poder arvoram-se a dar lições ao mundo; nos anos das vacas magras, o problema é a crise na Europa, a guerra cambial, a falta de ousadia dos empresários... Para os que estão na oposição, o sucesso é resultado de alguma decisão anterior ao governo atual, enquanto o fracasso vem dos erros cometidos por esse.
Atualmente, voltamos à "interrupção no fornecimento" de energia (há que se buscar novos nomes para o velho apagão) que, como sabemos, nos últimos anos teve vários culpados: faltou chuva nos reservatórios, um raio desligou a transmissão, o calor fez todo mundo ligar o ventilador.
Mas o ministro tem um jargão na ponta da língua que sintetiza o condomínio dos culpados: "problemas ambientais'. Leia-se índios e ecologistas, que atrasam a construção de usinas. Uns não têm força para demarcar e proteger suas terras, outros não conseguem impedir a desfiguração do Código Florestal, mas o ministro diz que, juntos, têm o poder de apagar a luz do país.
Cá entre nós, desconfio que o planejamento energético brasileiro é atrasado e não prevê a diversificação e distribuição necessária para superar os limites de nossa matriz energética.
Digo "desconfio" porque quase ninguém conhece os planos desse setor, herança e continuação das estruturas centralizadas, anteriores à democratização do país. Os poucos que têm acesso parecem muito competentes, mas não podem vencer um exército de índios.
A culpa do apagão e de todos os desastres anuais previsíveis e anunciados não pode ser dos políticos e gestores públicos. Afinal, quem escolhe os diretores de órgãos públicos e agências? Quem coloca afilhados políticos em cargos técnicos? Quem faz acordos para entregar ministérios com "porteira fechada" aos partidos políticos? Quem nomeia os que, pouco tempo depois, serão flagrados em atos ilícitos e práticas de corrupção?
Não, certamente a culpa não pode ser dos que planejam, coordenam e executam as políticas públicas nas cidades, nos Estados e no país.
Convoquem o povo, os índios, os ecologistas, a chuva. Alguém terá que se casar com dona Culpa.
MARINA SILVA escreve às sextas-feiras nesta coluna.

Tiro no pé?

10/01/2013 - 05h00

Sem-teto diz que só deixa prédio após construção de moradia popular em SP

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1212668-sem-teto-diz-que-so-deixa-predio-apos-construcao-de-moradia-popular-em-sp.shtml

GIBA BERGAMIM JR. CAROLINA LEAL
DE SÃO PAULO 

 

"Não concordamos que primeiro o Lula tenha o memorial dele e depois venha a moradia popular... Só saímos daqui com moradia para todas as famílias."
A frase é de Nelson da Cruz Souza, 52, que é filiado ao PT e coordenou a invasão ao prédio da rua General Couto Magalhães, na Luz, centro paulistano, bem no terreno cedido pelo município ao Instituto Lula --ali será a sede do Memorial da Democracia, um museu.
Na última segunda-feira, sétimo dia da gestão Fernando Haddad (PT), o grupo de sem-teto liderado por Souza invadiu o edifício, criando uma saia justa no partido logo no início do mandato.
Na terça-feira, o prefeito recebeu lideranças de movimentos de luta por moradia, incluindo Souza, que pertence ao Movimento de Moradia da Região Central.
"Chegamos aqui achando que era uma piaba. Na verdade, era um tubarão", afirmou Souza ontem à Folha.
Ele usou a metáfora para dizer que não sabia que a área pertencia ao instituto ligado ao PT, partido que sempre defendeu o movimento sem-teto e sua política de invasões.
"A prefeitura instalou o escritório do consórcio Nova Luz. Foi desativado no dia 23 de novembro e ficou vazio. A conversa que já tinha era que iam ser reformados os apartamentos em 2009. Agora, a conversa é que vai ser demolido para ser instalado o memorial para o Lula."
Souza diz que não é contra o instituto, mas que, diante do deficit habitacional para pessoas de baixa renda, o museu deveria ficar em segundo plano. Ele declarou, sem citar nomes, que vem sendo pressionado por integrantes da prefeitura para deixar o local.

Ocupação

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Danilo Verpa/Folhapress
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Moradores sem-teto ocuparam prédio na rua General Couto Magalhães, na Santa Efigênia
 
ISOLADO
O edifício na Luz é o único que sobrou após uma operação da prefeitura na região, que lacrou e demoliu prédios que serviam de abrigo a usuários de crack.
Na fachada, há uma imensa bandeira vermelha. Dentro, há alguns colchões espalhados no andar térreo, onde dormem adultos e crianças. Uma menina compartilhava com o irmão e primos um laptop.
Há pelo menos 15 prédios ocupados pelos sem-teto no centro da cidade, segundo a Frente de Luta por Moradia (FLM), que informa ser "simpatizante" do PT.
O Instituto Lula afirma que não cogita pedir a reintegração de posse da área e que ainda depende de documentos para poder ocupá-la.
Políticos do PT, como o deputado federal Paulo Teixeira, o ex-vereador Ítalo Cardoso e o atual presidente da Câmara de São Paulo, José Américo, que sempre apoiaram os sem-teto, evitaram comentar essa invasão.
A prefeitura diz que dialoga com os sem-teto e que a meta é construir 55 mil novas unidades até o fim da gestão. E nega fazer qualquer tipo de pressão para que eles deixem o local.

Alckmin anuncia moradias em parceria com a União

Alckmin anuncia moradias em parceria com a União

10 de janeiro de 2013 | 20h 00
 
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,alckmin-anuncia-moradias-em-parceria-com-a-uniao,982849,0.htm

RICARDO BRANDT - Agência Estado
Maior aliado do prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), visitou nesta quinta-feira a cidade para anunciar 4,9 mil novas moradias que serão construídas na região graças a uma parceria com o governo federal, por meio do programa Minha Casa, Minha Vida.
"Uma boa parceria. O Brasil é uma república federativa. A federação não é para o governo municipal, disputar ou competir com o estadual, ou o estadual competir com o federal. Mas é para unir esforços", afirmou Alckmin, ao lado do prefeito eleito com a bandeira de aliado do PT, no governo federal, e do PSDB, no governo estadual.
Batizado de Casa Paulista, o programa conta com um convênio com a Caixa Econômica Federal, que vai destinar R$ 396,8 milhões para a construção das moradias que atenderá famílias com renda até R$ 1,6 mil. O Estado vai destinar R$ 42,27 milhões às moradias.
"Assinamos com a presidente Dilma (Rousseff) no passado 100 mil unidades no Estado de São Paulo, onde vamos colocar a fundo perdido até 20 mil reais por unidade, ou seja pode chegar a R$ 2 bilhões a participação do Estado", explicou o governador.
As unidades serão construídas nas cidades de Americana, Sumaré, Hortolândia e Campinas.
O prefeito Jonas Donizette, prefeito da maior cidade paulista governada pelo PSB, aproveitou o evento para reforçar uma bandeira de campanha, que foi a de uma prefeitura com bons relacionamentos com o governo federal e com o governo estadual.
"Temos que ter esse espírito de união de forças. Fico contente de nesse primeiro ato que recebemos o senhor ter esse simbolismo, de um programa que tem a parceria do governo do Estado, do governo federal e também do governo municipal", afirmou o prefeito.