domingo, 17 de março de 2013

Juiz proíbe protestos até em rede social contra prédio na Vila Mariana


Juiz proíbe protestos até em rede social contra prédio na Vila Mariana

Decisão impede que ativista faça manifestação no Facebook e num raio de 1 km da construção
Militante diz que obra é em área de proteção; empresa nega e diz que ação de ambientalista "passou dos limites"
PEDRO IVO TOMÉCOLABORAÇÃO PARA A FOLHAVANESSA CORREADE SÃO PAULO
O engenheiro agrônomo e advogado Ricardo Fraga Oliveira, 49, foi proibido pela Justiça de São Paulo de protestar contra a construção de um condomínio na Vila Mariana, zona sul de São Paulo.
De acordo com a decisão, Oliveira está impedido de fazer qualquer manifestação, "discursos com megafones, ou em carros de som, afixação de cartazes e faixas", em um raio de 1 km ao redor do do empreendimento, que ele alega estar sendo erguido em área de proteção ambiental.
O engenheiro também não pode publicar qualquer comentário na internet contestando a criação das três torres com 162 apartamento na rua Conselheiro Rodrigues Alves. Os imóveis estão à venda.
Oliveira é fundador do movimento "O outro lado do muro -intervenção coletiva", responsável por protestos nos muros da construção. O movimento tem uma página no Facebook com 1.241 seguidores.
Desde junho de 2011, ele e a Mofarrej Empreendimentos, responsável pelo futuro condomínio, estão em guerra por causa do projeto.
A briga foi parar nos tribunais, quando a construtora pediu uma indenização por dano moral. De acordo com a Mofarrej, as manifestações "passaram do limite".
"Ele está lá praticamente todo sábado, já contratou escola de samba e interceptava compradores, dizendo 'não compre'", diz Daniel Sanfins, advogado da Mofarrej.
Na decisão, o juiz Adilson Aparecido Rodrigues Cruz, da 34ª Vara Cível, diz que o ativista provoca "estardalhaço" e atrapalha a comercialização de empreendimento cuja obra está autorizada.
O movimento e a construtora discutem a existência de um córrego no terreno, o que impediria a construção.
No ano passado, a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, na qual Oliveira trabalha, suspendeu a autorização da obra após pedido de moradores da região.
Em fevereiro, porém, a empresa conseguiu uma liminar para voltar a construir.
A decisão foi baseada em um parecer da Cetesb (agência de preservação ambiental do Estado), que constatou a inexistência do córrego.
Oliveira diz que vai recorrer. "Fui alijado do direito de me manifestar."