quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

China investe em educação para atingir desenvolvimento sustentável


China investe em educação para atingir desenvolvimento sustentável


27/02/2013
Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro


Problemas como baixos salários dos trabalhadores estão intimamente ligados à educação no país, aponta a economista Lingxu Zhang, que coordena um programa de educação em áreas rurais (fotos:W.Castilhos e Banco Mundial)


Agência FAPESP – Enquanto não resolve seus maiores desafios – tais como emissões de gases, degradação ambiental e envelhecimento populacional (até 2050 mais de 25% terão acima de 65 anos) –, a China investe na educação para alcançar o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza.
Nas regiões mais pobres, como a zona rural do noroeste do país, a evasão escolar chega a alcançar os 40%. Para investigar as causas do fenômeno e criar possíveis soluções, o governo chinês tem investido em projetos de intervenção.
Um exemplo é o Rural Education Action Project (REAP), coordenado pela economista Lingxu Zhang, professora e diretora adjunta do Centro de Política Agrícola Chinesa.
“Quando constatamos que os estudantes de áreas rurais pobres estavam abandonando a escola, buscamos investigar os possíveis fatos que os estariam levando a isso”, disse Zhang na 7ª Conferência e Assembleia Geral da Rede Global de Academias de Ciências (IAP), evento organizado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) no Rio de Janeiro.
Em princípio, o projeto passou a subsidiar recursos para os pais manterem filhos na escola. Observou-se que a taxa de abandono escolar dos alunos que recebiam o auxílio – embora se mantivesse – era menor do que daqueles que não recebiam o benefício. O principal motivo para a evasão, segundo Zhang, era a pressão econômica.
“Vimos que o problema era a área na qual as famílias moravam”, disse Lingxu Zhang à Agência FAPESP. “As famílias de agricultores tiravam seus filhos da escola para trabalhar nas fazendas. Hoje em dia, na China, 60% das pessoas que vivem nas zonas rurais trabalham em áreas de pequenos cultivos, onde a produção é manual e em pequenas extensões de terra.”
O país, segundo ela, precisa melhorar sua produtividade agrícola. “A ciência agrária precisa ser mais bem desenvolvida. Se não melhorarmos a educação, não conseguiremos desenvolver tecnologia agrícola. A China não alcançará o desenvolvimento sustentável se não tiver pessoas bem educadas”, disse a economista, lembrando que cerca de 20% da população no país vive abaixo da linha da pobreza.
Outro dado verificado no projeto: um terço dos alunos das 30 escolas pesquisadas sofria de anemia, decorrente de uma merenda escolar baseada somente em grãos ou em noodles, composta de poucos vegetais ou carne. Ou seja, sem vitaminas ou proteínas.
“Convidamos médicos para examinar as crianças e descobrimos que a incidência de anemia entre elas era alta, o que fazia com que seu rendimento escolar fosse baixo. Passamos então a fornecer suplementos multivitamínicos”, contou Zhang, também pesquisadora do Instituto de Ciências Geográficas e Pesquisas de Recursos Naturais e membro da Academia Chinesa de Ciências, afiliada à IAP.
Depois de implantado o programa de nutrição, a situação se reverteu. “Foi a primeira intervenção antianemia do país. Vimos qual era o impacto das vitaminas sobre os alunos, por meio da melhora no rendimento escolar. Quanto melhor a educação, maiores serão as chances de conseguirem melhores empregos e salários”, disse.
Conhecida como terra dos baixos salários, sendo assim atraente para indústrias estrangeiras, a situação da China parece estar mudando, depois de uma sucessão de conflitos trabalhistas que atingiram grandes companhias multinacionais instaladas no país (algumas se mudando para outros países, como Índia e Vietnã) e resultou no aumento da remuneração dos empregados, segundo Zhang.
Em relação à oferta de mão de obra, também existe diferença entre os jovens migrantes rurais que entraram no mercado de trabalho recentemente e as gerações anteriores. Mais bem educados e informados, eles exigem melhores condições de trabalho e salários mais elevados.
Tudo isso tem desencadeado um debate que divide opiniões: de um lado os que acreditam no fim da era da mão de obra barata e, de outro, os que sustentam que ainda há um longo caminho a ser percorrido até que a China perca a fama de país de empregados mal pagos.
De acordo com Zhang, está chegando ao fim a era dos salários baixos na China, embora lembre que a mão de obra menos qualificada ainda recebe menos que US$ 1,2 a hora.
“Para fazer a hora trabalhada chegar a uma média de US$ 10, por exemplo, tem de haver um implemento na educação. Ao lado da questão climática e ambiental, esse é um dos nossos maiores desafios. Mas a China pode superá-lo”, disse.
Fortalecimento das ações das academias
A 7ª Conferência e Assembleia da IAP, que tem como tema "Ciência para a Erradicação da Pobreza e o Desenvolvimento Sustentável", reuniu mais de 130 cientistas de diversos países no Rio Othon Palace Hotel, em Copacabana, nos dias 25 e 26 de fevereiro.
O objetivo do evento, realizado a cada três anos e que ocorre pela primeira vez na América do Sul, é mostrar como a ciência pode contribuir para enfrentar os desafios globais.
No dia 23, a FAPESP recebeu a visita de uma delegação de membros de um comitê consultivo da IAP e do InterAcademy Council (IAC) chamado Development Advisory Committee (DAC).
O DAC tem dois co-chairs: Francisco Ayala, da Universidade da Califórnia em Irvine, e Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, que presidiu a reunião.
"O objetivo do DAC é auxiliar IAC e IAP a montarem uma estratégia de arrecadação de fundos para as atividades das entidades, que são atividades de aconselhamento baseado em ciência para questões de relevância internacional", disse Brito Cruz. 

UFA!

 26/02/2013 - 13h08

Prefeitura do Rio inaugura primeiro mictório UFA! na Central do Brasil



DO RIO

Diante da estação de trens Central do Brasil, a Prefeitura do Rio de Janeiro inaugurou nesta terça-feira um modelo de mictório público, que pode ser instalado em outras calçadas pela cidade.
Batizado de UFA! (Unidade Fornecedora de Alívio), o equipamento foi doado à prefeitura por uma empresa de mobiliário urbano interessada em virar fornecedora do município.
"Se esta experiência der certo, vamos implantar pela cidade", afirmou Marcus Belchior, secretário de Conservação e Serviços Públicos, que foi ao local para cortar a faixa de inauguração do mictório. "Faremos uma licitação para escolher a empresa que vai produzir os banheiros."
O prefeito Eduardo Paes cogitou ir à Central do Brasil para inaugurar o mictório, mas acabou desistindo da ideia. O primeiro usuário da UFA foi o padeiro pernambucano Josafar Gomes da Silva, 35, que passava pela Central e resolveu estrear o equipamento.
"Estava procurando um lugar para ir ao banheiro e vi que abriu isso aqui. Estou até mais leve", disse o padeiro, que não se intimidou pela visibilidade parcial do equipamento.
O modelo do mictório, com capacidade para uma pessoa, garante privacidade ao redor do usuário.
Entretanto, quem passa pela calçada consegue ver os pés do usuário. Além disso, pequenas aberturas, em forma de quadrados, decoram a parte superior do equipamento, e possibilitam uma visão parcial do rosto da pessoa que vai urinar sem lavar as mãos depois. A UFA! não tem pia.
Divulgação
Primeira UFA!, protótipo de um novo mictório público em aço inoxidável na estação Central do Brasil, no centro do Rio
Primeira UFA!, protótipo de um novo mictório público em aço inoxidável na estação Central do Brasil, no centro do Rio

Americanos temem que clima quente gere invasão de piranhas


Americanos temem que clima quente gere invasão de piranhas


O Departamento de Recursos Naturais do estado da Carolina do Sul dos Estados Unidos encomendou a um grupo de pesquisadores um estudo sobre cenários em um mundo mais quente. O relatório final do estudo alerta para o risco da invasão de espécies exóticas perigosas como piranhas e enguias. Também alerta para riscos de inundação, doenças tropicais e desaparecimento dos pântanos.
O estudo está gerando polêmica nos EUA porque, apesar do conteúdo preocupante, foi mantido em segredo desde novembro de 2011 por autoridades estaduais. Ele vazou nesta semana graças a uma investigação do jornal americano The State.
A revelação faz parte de um novo cenário americano. Nos últimos meses, o público vem ganhando mais consciência dos riscos associados às mudanças climáticas.
O estudo avalia o que pode acontecer diante de um aumento de 1,5 grau centígrado nos próximos 70 anos. Hoje, a Carolina do Sul já está mais quente do que nos últimos 40 anos. Uma das consequências é a decadência da pesca de camarão. Aparentemente, ele busca águas mais geladas.
Os pesquisadores detalham o risco da invasão de espécies estranhas à região. Uma delas são as piranhas. Alguns exemplares já foram encontrados em rios americanos. Mas foram casos isolados. A maioria dos peixes da espécie não sobrevive aos meses de inverno. Com o avanço do calor, teme-se que populações da espécie proliferem na América do Norte.
As principais consequências do aquecimento para a Carolina do Sul incluem:
- redução na pesca por causa de alteração no plânton derivadas do aquecimento das águas;
- risco para a população de tartarugas marinhas, por causa do aquecimento da areia da praia;
- redução na taxa de oxigênio de partes do mar, gerando zonas mortas para a pesca;
- avanço da água salobra, afetando o suprimento de água.
Esses perigos não são exclusivos da Carolina do Norte nem mesmo do sul dos EUA. Embora alguns rios brasileiros já tenham piranhas, o estudo também mostra como um aquecimento aparentemente pequeno – de 1,5 grau – pode trazer grandes consequências. Cientistas de algumas organizações de peso como a Royal Society britânica ou o Banco Mundial já falam num aumento de pelo menos 4 graus ao longo do século.
No Brasil, casos de ataques de piranhas são frequentes, principalmente na região Norte. Nos EUA, as piranhas fazem parte do imaginário do terror. Inspiraram uma série de filmes de qualidade duvidosa. No último, Piranha 3D, variedades pré-históricas do peixe voraz escapam em um lago do Arizona, depois de um terremoto. Os peixes fósseis trazem medo, morte e destruição. No caso atual, menos absurdo, são os combustíveis fósseis que mudam o clima da Terra e abrem espaço para a expansão de espécies invasoras de áreas tropicais.
(Alexandre Mansur)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Cientistas chineses descobrem vínculo entre demência e o cigarro

Cientistas chineses descobrem vínculo entre demência e o cigarro
  2013-02-21 22:00:58  cri
  http://portuguese.cri.cn/561/2013/02/21/1s162811.htm

     Uma equipe de pesquisa liderada por cientistas chineses relacionaram a fumaça do cigarro a riscos mais altos de demência, segundo noticiou nesta quinta-feira o Health News, um jornal nacional concentrado em saúde.
  Os resultados da pesquisa, publicados no jornal britânico Occupational and Environmental Medicine, concluiu que a fumaça ambiental do tabaco (ETS, na sigla em inglês), incluindo fumo voluntário e involuntário, deve ser considerada um fator de alto risco em síndromes severas de demência.
  A pesquisa foi conduzida por uma equipe da Universidade de Medicina de Anhui, em cooperação com cientistas britânicos e norte-americanos.
  A equipe entrevistou 5.921 pessoas de 60 anos ou mais em cinco províncias na China de 2007 a 2009. Eles usaram modelos científicos para calcular o risco relativo de demência severa e moderada entre entrevistados afetados pela ETS.
  De acordo com os resultados, 626 participantes, ou 10,6% do total, sofrem de demência severa, e 869 pessoas, ou 14,7%, de síndromes moderadas.
  Entre eles, 292 fumantes ou fumantes passivos, ou 13,6% dos participantes expostos à ETS, têm demência severa, uma proporção maior que os 8,9% entre o grupo de não afetados pela ETS.
  O estudo ainda revelou que entre os expostos à ETS por mais de 40 anos, o risco de demência severa aumentou para 19,3%, mostrando uma relação positiva entre a intensidade da exposição à ETS e a taxa de demência severa.
  A pesquisa não descobriu a correlação entre a exposição à ETS e a demência moderada.
  O Occupational and Environmental Medicine é um jornal internacional conhecido no setor sobre desenvolvimentos na saúde occupational e ambiental em todo o mundo. Fim
(por Xinhua)

Veja as 9 tendências de inovação para a sustentabilidade em 2013


Veja as 9 tendências de inovação para a sustentabilidade em 2013


21 de fevereiro de 2013 
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Leia abaixo as principais tendências de inovação e desafios para a sustentabilidade identificadas pela Revista Sustentabilidade. Alguns, como energia solar, foram previstos em 2011 em publicação especial sobre energia, outros são continuação de debates ainda não concluídos enquanto, alguns, são movimentos que vêm se firmando silenciosamente.
Você concorda com eles? Participe de nossa enquete sobre as inovações para a sustentabilidade em 2013.
1. ENERGIA SOLAR DE GRANDE PORTE – Este ano, começam a sair do papel novas usinas de energia solar fotovoltaica. De um lado, a chamada da Aneel estimulou projetos de P&D da elétricas do setor, do outro o barateamento da tecnologia abrirá espaço para empresas contratarem esta energia no mercado livre para atingir metas de redução de emissões, principalmente em um ano quando deverá crescer a geração de energia pelas térmicas.
2. MICROGERAÇÃO DISTRIBUÍDA – A partir da regulamentação da Aneel, residências e empresas podem instalar seus próprios sistemas de geração (solar, eólico, biodigestores etc) para gerar energia, cujo excedente pode ser vendido para as distribuidoras. Empresas estrangeiras já estão posicionadas para abocanhar a maior parte deste mercado. Grande potencial nas áreas rurais começarão a ser desenvolvidos.
3. NOVAS TECNOLOGIAS DE GESTÃO DE RESÍDUOS – Aqui incluem-se também logística reversa. Mais de 2 mil municípios terão que correr para acabar com lixões. Para isso acontecer, será necessário inovação nos contratos com empresas de limpeza pública, introdução de tecnologias de reciclagem para reduzir a quantidade de resíduos enviados para os aterros e monitoramento remoto do transporte dos resíduos, entre outras tecnologias.
4. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA – Apesar do barateamento das contas, as empresas e edifícios continuarão a apostar na maior eficiência. Em parte, o governo fará seu papel se implementar o Plano Nacional de Eficiência Energética. Novos meios de controlar remotamente o uso da energia em edifícios comerciais e residenciais serão facilitados pela instalação de relógios inteligentes, prevendo o Smart Grid Brasileiro.
5. COMPOSTAGEM E HORTAS URBANAS – Há um movimento silencioso nos grandes centros de hortas urbanas. Aliado atividades de compostagem e com a crise no sistema industrial de produção e alimento, esta tendência começa a firmar. Não se espera grandes avanços este ano, pois ainda é bastante experimental e os gestores públicos ainda não se atentaram para esta oportunidade. No entanto, restaurantes, praças de alimentação, lanchonetes, supermercados e condomínios já entendem que há oportunidades na compostagem de seus resíduos que inclui o plantio de alimentos.
6. CÓDIGO FLORESTAL – O debate continuará. Ninguém está satisfeito, muito menos os ambientalistas. Qual será o resultado? Não se sabe, vai depender do poder de mobilização dos grupos interessados.
7. MOBILIDADE URBANA – Haverá uma grande discussão teórica em torno desta questão, principalmente dominada pelos eixos urbanos RJ-SP. Prefeitos que tomaram posse em todo o país tem recebido esta missão. Vão procurar integrar diferentes modais de transporte (incluindo a bicicleta) aliados a Apps em aparelhos móveis que possa facilitar esta integração.
8. MERCADO DE CARBONO – Vai o não vai? As incertezas sobre as políticas na Europa, o ceticismo nos EUA e a insegurança das empresas, estão afetando este mercado que, aliado a mecanismo de desenvolvimento limpo, poderiam incentivar tecnologias menos emissões. Controverso por excelência – pois é visto como ‘permissão para poluir’ – este mercado é um indicador de quanto o setor produtivo e financeiro se interessa pelo aquecimento global.
9. SISTEMAS DE MONITORAMENTO E PREVENÇÃO DE DESASTRES NATURAIS – Este ano serão reforçados no Brasil e no mundo sistemas mais eficazes para monitorar e avisar sobre desastres naturais e eventos climáticos radicais. São Paulo e Rio de Janeiro já vem trabalhando neste sentido, enquanto o governo federal tem reforçado as atividades de pesquisa nesta área, com apoio aos municípios.

Enquete:
Quais serão as principais tendências de inovações para a sustentabilidade em 2013
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Referência (ABNT):



SPATUZZA A. Veja as 9 tendências de inovação para a sustentabilidade em 2013, 21 fev. 2013. Disponível em: <http://revistasustentabilidade.com.br/veja-as-9-tendencias-de-inovacao-para-a-sustentabilidade-em-2013/>. Acesso em: 24 fev. 2013. 

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

CO2: car-bono ou car-malus?

http://www.youtube.com/watch?v=jBjl-5bDLT0





fonte: Tecnologia Ambiental I Parte 1 de 6

Cobaias humanas


Souza Cruz pode manter provadores de cigarro


A Souza Cruz poderá manter trabalhadores no chamado painel sensorial de avaliação de cigarros. A decisão é do Tribunal Superior do Trabalho. A maioria dos ministros seguiu a divergência aberta pelo ministro Ives Gandra Martins Filho, no sentido de que a atividade, sendo lícita e regulamentada, não poderia ser proibida. Também por maioria, a indenização por dano moral coletivo fixada pela Justiça do Trabalho da 1ª Região, no valor de R$ 1 milhão, foi confirmada.
O recurso de Embargos julgado pela Subseção 1 Especializada em Dissídios Individuais teve origem com uma Ação Civil Pública proposta em 2003 pelo Ministério Público do Trabalho da 1ª Região a partir de ação individual movida por um ex-empregado da Souza Cruz. Ele cobrou, na Justiça comum, indenização por problemas de saúde decorrentes de serviços no painel sensorial. A 15ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro condenou a empresa a deixar de contratar os provadores, a prestar-lhes assistência médica por 30 anos e a pagar indenização por danos morais difusos e coletivos.
A condenação foi mantida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região. A 7ª Turma do TST manteve a proibição, mas afastou a indenização. Tanto a empresa quanto o Ministério Público interpuseram Embargos à SDI-1 — a empresa buscando suspender a proibição e o MP defendendo o restabelecimento da indenização.
Cobaias humanas
Para o Ministério Público do Trabalho, o termo "painel sensorial" é apenas um "nome fantasia" para o que, na prática, seria "uma brigada de provadores de tabaco", que provam cigarros da Souza Cruz e dos concorrentes com a finalidade de aprimorar o produto comercialmente. Embora a fabricação e o consumo de cigarros sejam lícitos, trata-se de atividade "sabidamente nociva à espécie humana". A submissão de empregados ao painel sensorial, portanto, configuraria conduta ofensiva à saúde e à vida dos trabalhadores.

Para o Ministério Público, a saúde do trabalhador e o meio ambiente de trabalho são direitos sociais garantidos pela Constituição e de cumprimento obrigatório pelo empregador, e os princípios da livre iniciativa e do valor social do trabalho têm de ser conciliados. Outro fundamento usado foram as Convenções da Organização Internacional do Trabalho que tratam diretamente da saúde dos trabalhadores (Convenções 148, 155 e 161, todas ratificadas pelo Brasil). O país também é signatário da Convenção-Quadro sobre Controle do Uso do Tabaco, da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Para o MPT, a empresa, na condição de fabricante de cigarros, "anda na contramão do movimento nacional e internacional" contra os riscos do tabaco. Mais do que isso, porém, ao contratar os provadores, estaria promovendo "pesquisas envolvendo seres humanos sem observância das normas legais" e utilizando "empregados como cobaias".
Atividade lícita
A Souza Cruz afirmou que a avaliação de cigarros é essencial para garantir a uniformidade do produto, e a técnica do painel sensorial é usada internacionalmente. A proibição, imposta somente a ela e não às empresas concorrentes, afetaria sua posição no mercado. Segundo a defesa da empresa, a legislação brasileira não opta pela proibição quando há risco na atividade, e sim pelo acréscimo remuneratório.

Destacou, entre outros aspectos, que a adesão ao painel sensorial é voluntária e restrita aos maiores de idade e fumantes. Além disso, não integra o contrato de emprego, e tem natureza jurídica de prestação de serviços. Ainda segundo a empresa, a proibição, na prática, enquadrou a atividade como insalubre sem a observância dos requisitos previstos na Consolidação das Leis de Trabalho (artigos 189 e 195) e sem que ela conste da Norma Regulamentadora 15 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Além disso, segundo a empresa, a atividade é reconhecida pelo MTE no Catálogo Brasileiro de Ocupações (CBO) nas classificações 1246-10 (blender de cigarros) e 8422-35 (degustador de charutos).
Para o fabricante de cigarros, a decisão violou diversos dispositivos e princípios constitucionais, entre eles o da livre iniciativa (artigo 1º, inciso IV), o da separação dos Poderes (artigo 2º), o do livre exercício profissional (artigo 5º, inciso XIII) e do direito ao trabalho (artigo 6º).
SDI-1
Os Embargos começaram a ser julgados em agosto de 2012. O relator, ministro Augusto César Leite de Carvalho, não conheceu do recurso da Souza Cruz, mantendo a proibição e restabelecendo a indenização por dano moral coletivo.

Entre outros fundamentos, o voto do relator destaca a existência de uma norma jurídica supralegal — a Convenção-Quadro da OMS — pela qual o Brasil se obriga a adotar medidas eficazes contra a exposição do tabaco em locais fechados de trabalho.
No seu entendimento, portanto, não apenas os trabalhadores, mas também "a empresa que os contrata para experimentar cigarros em recinto fechado, em detrimento da Lei Antifumo e dos preceitos constitucionais e supralegais já referidos, expõe-se à sanção legal", afirmou.  
Divergência
O ministro Ives Gandra Martins Filho abriu a divergência que seria seguida pela maioria. Ele acolheu os argumentos da Souza Cruz de que o painel sensorial, essencial para a empresa fazer o controle de qualidade de sua produção, não pode ser desempenhado por máquinas. "Não se conseguirá dar padrão de qualidade sem a atividade humana", observou.

O ministro destacou também o fato de o provador ser voluntário, exercer a atividade durante meia hora pela manhã e meia hora à tarde, e ser fumante, uma das condições impostas pela empresa. "Este empregado está sendo mais prejudicado por desenvolver a atividade?", questionou. "O prejuízo já existe pelo fato de ele ser fumante".
Pesou na fundamentação do voto divergente, também, o fato de a atividade ser regulamentada pelo Ministério do Trabalho e estar sujeita a limites legais, e de o fumo não ser proibido. "Se se admite o fumo, não podemos impedir que essa atividade seja desenvolvida por um empregado voluntariamente, de forma limitada", assinalou. Para o ministro Ives, a intervenção do Ministério Público numa situação em que as partes envolvidas — estado, empregados e empregadores — estão de acordo seria indevida.
Ele traçou um paralelo com a atividade dos mergulhadores de plataformas de petróleo, "sujeitos a condições muito piores" que a dos provadores de cigarro — um dos argumentos levantados pela Souza Cruz em sua defesa.
Na sessão desta quinta-feira (21/2), o TST deu provimento aos Embargos da empresa e reformou condenação que impôs a obrigação de não mais contratar trabalhadores para essa atividade. Com informações da Assessoria de Imprensa do TST.
RR – 120300-89.2003.5.01.0015
Portal do Holanda

A sustentabilidade da inclusão socioeconômica


A sustentabilidade da inclusão socioeconômica


A Comissão das Nações Unidas sobre Desenvolvimento, ao término de dez dias de reuniões em Nova York, nos Estados Unidos, enfatizou, em 16 de fevereiro último, a necessidade de os países oferecerem à população mais pobre as condições necessárias para a superação da miséria. Em termos práticos, isso significa a realização de programas de renda mínima, educação, saúde, empregos e moradia digna para os que ainda estão alijados dos benefícios da economia.
Antoninho marmo Trevisan

19/02/2013


A sustentabilidade da inclusão socioeconômicaA sustentabilidade da inclusão socioeconômica
O desafio é imenso, considerando os números apresentados: um bilhão de pessoas, ou cerca de 15% da população mundial, continuam lutando para ultrapassar a linha da pobreza. Nesse sentido, corre-se contra o tempo, pois em 2015 extingue-se o prazo para a solução desse problema, no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Embora 600 milhões de pessoas tenham vencido a miséria desde 1990, dificilmente haverá sucesso na meta em tão curto prazo, em especial se levarmos em conta a persistência da crise econômica internacional.
A situação é ainda mais grave ante os dados de relatório apresentado no encontro, revelando que 80% da população do Planeta está sem acesso adequado à proteção social. Com isso, como as nações poderão oferecer aos que vivem na pobreza as ferramentas capazes de melhorar sua situação? Há respostas pontuais a essa questão. Uma das mais eficientes foi dada pelo Brasil, conforme reitera novíssimo estudo do Banco Mundial sobre as desigualdades.


O relatório indica que no Brasil 22 milhões de indivíduos deixaram de ser pobres entre 2003 e 2009. Em nosso país, segundo o organismo financeiro multilateral, o índice de desigualdade social cresceu ao longo dos anos 1970 e 1980, batendo um recorde negativo global em 1989: 0.630 no índice de Gini. Pouco mudou na década de 1990. No entanto, entre 2002 e 2009, a renda dos 10% mais pobres começou a crescer 7% ao ano (quase três vezes mais do que a média nacional), enquanto a dos 10% mais ricos subia apenas 1,1%. Nesse período, a população brasileira beneficiou-se de empregos mais bem pagos, de programas de transferência de renda e de umgasto maior na educação básica.



Os autores do estudo salientam a importância de programas como o "Benefício de Prestação Continuada" (pago aos mais velhos) e o "Bolsa Família" para o sucesso do movimento de inclusão social. Porém, enfatizam que empregos e salários foram os principais responsáveis pela maior parte da queda na desigualdade. Portanto, é imprescindível manter o crescimento econômico, estimular os investimentos produtivos e realizar as reformas necessárias para a modernização e sustentabilidade de nossa economia, de modo que tenhamos menor carga tributária, menos burocracia, infraestrutura adequada e segurança jurídica para os negócios.



Caso não consigamos realizar tais lições, dificilmente teremos sucesso na complementação do processo de erradicação da miséria, que ainda atinge 16 milhões de brasileiros. O pior é que correremos o risco de um retrocesso, a exemplo do que acontece em vários países nos quais a crise econômica tem ceifado empresas, empregos e proteção social. No Brasil, conseguimos uma conquista histórica. Não podemos perdê-la pela mera incapacidade de resolver velhos problemas.


Antoninho Marmo Trevisan é presidente da Trevisan Escola de Negócios, membro do Conselho Superior do Movimento Brasil Competitivo e do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República.
Publicado no Brasil Econômico

Mundialmente, a cada ano, cerca de 140 milhões de toneladas de nitrogênio são despejadas no meio ambiente


Agricultura | 21/02/2013 15:29

Poluição do solo por nitrogênio é a nova ecocrise chinesa?

Nutriente que serviu de pilar da "Revolução Verde" na agricultura está se transformando em um vilão ambiental. Estudo indica que a poluição por nitrogênio cresceu 60% em 30 anos


, de 

Getty Images
Cultivo agrícola na China, com skyline da cidade ao fundo
São Paulo – Em meio à poluição atmosférica recorde que assola a China, o país enfrenta outra crise ambiental pouco conhecida e praticamente invisível: a contaminação do solo por nitrogênio. Segundo um estudo publicado pela revista Nature, a poluição por nitrogênio aumentou 60% em 30 anos no país, o que representa uma ameaça para os ecossistemas e a saúde humana.
Dentre as diversas formas de nitrogênio presentes nomeio ambiente, a principal preocupação dos pesquisadores é com a amônia (NH3) e o nitrato (NO3).
O acúmulo dessas substâncias na natureza deriva principalmente do uso indiscriminado de fertilizantes sintéticos, além das emissões causadas pelo transporte e indústria.
Em alta concentração, esses poluentes podem levar à perda da biodiversidade, reduzir o crescimento das plantas, poluir o lençol freático e acidificar o solo.
Desde 1990, a China tornou-se o maior consumidor de fertilizantes nitrogenados do mundo que, apesar de ajudarem no crescimento rápido do cultivo, aumentando a oferta de alimentos, também poluem e deterioram o solo quando usados de forma indiscriminada.
A pesquisa aponta que a deposição de nitrogênio no solo do país subiu anualmente 8 kg por cada 10 mil m²  de terra entre 1980 e 2010. Grosso modo, o nutriente que serviu de pilar da "Revolução Verde" na agricultura, matando a fome de milhões de pessoas a partir da década de 60, está se transformando em um verdadeiro vilão ambiental.
Transporte e indústria
Outra constatação do estudo é que as emissões de óxido de nitrogênio provenientes dos transportes e da indústria estão aumentando mais rápido do que as emissões de amoníaco da agricultura.

Desde os anos 1980, o uso de fertilizantes nitrogenados dobrou, ao passo que consumo de carvão aumentou mais de três vezes e o número de veículos a motor, mais de 20 vezes.
“Se as tendências atuais persistirem, as emissões de amônia vão aumentar 85% até 2050 e as emissões de óxido de nitrogênio vão subir mais de oito vezes. O impacto será impensável", diz Fusuo Zhang, pesquisador da China Agricultural University, em Pequim, e co-autor do estudo.
Mundialmente, a cada ano, cerca de 140 milhões de toneladas de nitrogênio são despejadas no meio ambiente. Segundo previsões do cintistas, esse número deverá aumentar em 70% até 2050, quando as economias emergentes da América Latina e do Sul da Ásia começarão a padecer do mesmo mal que a China enfrenta hoje.
Ameaça silenciosa
O maior empecilho para combater este problema crescente é o fato de se tratar de uma poluição silenciosa e invisível. Diferentemente da fuligem escura gerada pelo transporte e indústria ou ainda, de um vazamento de petróleo, que deixa sua marca no local, a poluição por nitrogênio é praticamente imperceptível aos olhos – ainda que tenha o poder de desestabilizar os processos naturais, entre outros efeitos negativos em estudo.
Por esse motivo, a poluição por nitrogênio acaba sendo pouco reconhecida como um problema ambiental, dizem os cientistas, já que é difícil conectar o problema à fonte.
Um passo simples no sentido de reduzir a poluição por nitrogênio seria os agricultores começarem a usar de forma mais eficiente os fertilizantes sintéticos, já que estes são reconhecidos mundialmente como a principal fonte do problema.


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

FRENTE PARLAMENTAR DEVE DISCUTIR SUSTENTABILIDADE NA CIDADE

FRENTE PARLAMENTAR DEVE DISCUTIR SUSTENTABILIDADE NA CIDADE

http://www.camara.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=14168:projeto-propoe-frente-parlamentar-pela-sustentabilidade&catid=63:projetos&Itemid=65


Acaba de ser proposto na Câmara Municipal, por iniciativa do vereador Ricardo Young (PPS), o Projeto de Resolução (PR) 3/2013, que cria a Frente Parlamentar pela Sustentabilidade. A proposta, que seguirá para votação em plenário, tem como objetivo contribuir na criação de bases sociais e políticas para a construção uma São Paulo mais sustentável.
O vereador Ari Friedenbach (PPS) também assinou o projeto e explica que a Frente pretende “discutir questões que são prioritárias para o crescimento sustentável da cidade, como mobilidade urbana e transparência política”.
Se o PR for aprovado em plenário, as reuniões do grupo serão abertas e poderão contar com a participação de organizações representativas, incluindo empresários, sociedade civil organizada e o público em geral. As conclusões dos encontros, seminários e simpósios serão apresentadas em relatórios.
O vereador Gilberto Natalini (PV) também assinou a proposta e afirma que os trabalhos da Comissão de Meio Ambiente deverão convergir com as atividades da Frente. “Nada pode ser feito em São Paulo sem levar em conta o avanço da sustentabilidade. Estou pleiteando ser presidente da Comissão de Meio Ambiente de novo. Vamos somar com a Frente para trabalharmos por uma cidade melhor”, afirmou.
Suprapartidária, a proposta ainda recebeu assinatura dos vereadores Abou Anni (PV), Andrea Matarazzo (PSDB), Ari Friedenbach (PPS), Aurélio Nomura (PSDB), Floriano Pesaro (PSDB), Gilberto Natalini (PV), José Police Neto (PSD), Juliana Cardoso (PT), Laércio Benko (PHS), Mário Covas Neto (PSDB), Nabil Bonduki (PT) e Toninho Véspoli (PSOL).
(22/2/2013 - 12h21)