quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Biocombustível de madeira pode matar, diz estudo



08 de janeiro de 2013 | 2h 05

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,biocombustivel-de-madeira-pode-matar-diz-estudo-,981684,0.htm

OSLO - O Estado de S.Paulo
O aumento da produção de um tipo de biocombustível feito com madeira para combater as mudanças climáticas poderia impulsionar um tipo de poluição atmosférica pouco conhecida e causar cerca de 1,4 mil mortes prematuras por ano na Europa em 2020, afirmou um estudo da Universidade de Lancaster, na Inglaterra, descrito em artigo na revista Nature Climate Change.
Os pesquisadores afirmam que as árvores cultivadas para produzir biocombustível - uma alternativa ao carvão e ao petróleo - liberaram no ar um químico que, misturado a outros poluentes, poderia também reduzir a produção agrícola.
"Cultivar árvores para gerar biocombustível é visto como algo bom porque reduz a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera", disse o professor de química Nick Hewitt, um dos autores do estudo. "Mas esses biocombustíveis também podem ter um efeito negativo na qualidade do ar", afirmou.
A pesquisa analisou o impacto de uma estratégia da União Europeia para frear o aquecimento global por meio do aumento da produção de biocombustível renovável com a madeira de árvores de eucalipto, salgueiros e choupos - espécies escolhidas por serem de rápido crescimento. Os químicos afirmam que elas emitem altos níveis de isopreno, um composto orgânico que, misturado com poluentes atmosféricos à luz do sol, transforma-se em ozônio tóxico.
"A produção em larga escala de biocombustíveis na Europa teria efeitos pequenos, mas significativos, na mortalidade humana e na produção agrícola", diz Hewitt. Ele afirma que, se o plano europeu for seguido, haveria um prejuízo de US$ 7,1 bilhões, além da redução do valor do trigo e do milho em US$ 1,5 bilhão.
Para mitigar esses efeitos, o estudo sugere que as plantações sejam feitas longe dos centros urbanos mais poluídos. As emissões de isopreno também poderiam ser diminuídas com a ajuda da engenharia genética, sugere o texto. / REUTERS