quinta-feira, 19 de julho de 2012

Sedentarismo mata tanto quanto cigarro


19/07/2012 - 05h02



MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO

A poucos dias dos Jogos Olímpicos de Londres, a revista médica britânica "Lancet" publicou uma série de estudos que escancara os problemas do sedentarismo, responsável por 5,3 milhões de mortes por ano no mundo.
Segundo os pesquisadores, a falta de atividade física pode ser considerada uma pandemia e é tão grave que diminui a expectativa de vida da mesma forma que o tabagismo e a obesidade. Está no sedentarismo a causa para 10% das doenças não transmissíveis, como diabetes, câncer e problemas cardíacos.
Um dos estudos da série, coordenado por Pedro Hallal, da Universidade de Pelotas, aponta que cerca de 30% da população mundial adulta é fisicamente inativa, mas o quadro para os adolescentes é mais preocupante: 80% dos jovens entre 13 e 15 anos não se exercitam o suficiente.
No Brasil, 49% da população adulta não pratica atividades físicas, e o estilo de vida sedentário é responsável por 13% das mortes por infarto, diabetes e câncer de mama e do intestino.
SEM SUCESSO
Hallal afirmou que a tendência é que se pratique cada vez menos exercícios e, com algumas exceções, profissionais de saúde não têm tido sucesso em mobilizar o governo e a população para encarar a atividade física de maneira séria, como um problema de saúde pública.
A inatividade física é descrita no estudo como a falta de exercícios moderados (como uma caminhada) de 30 minutos, cinco vezes por semana, e práticas mais rigorosas durante 20 minutos, três vezes por semana, ou a combinação dos dois.
Mas, segundo os pesquisadores, identificar as causas do sedentarismo é importante para se pensar em intervenções eficazes e aumentar os níveis de atividade física.
Editoria de arte/Folhapress
Sedentarismo ao redor do mundo
Sedentarismo ao redor do mundo
Outros estudos mostram que ser do sexo masculino, jovem e com boa situação financeira tende a aumentar as chances de a pessoa ser fisicamente ativa.
Por outro lado, a obesidade e até uma predisposição genética ao sedentarismo, como novas evidências sugerem, tornam a pessoa propensa a se movimentar pouco.
Ciclovias, mais espaços verdes, melhora do transporte público e ruas mais bem iluminadas também são um bom incentivo, aponta um dos estudos da série.
"Todo mundo alega falta de tempo, mas é importante achar um espacinho na agenda. Se a pessoa não pode frequentar uma academia, o ideal é caminhar mais no dia a dia e subir escadas", diz Nabil Ghorayeb, médico do esporte do Hospital do Coração.