sábado, 23 de junho de 2012

Menina de dez anos fica famosa com música em defesa da natureza

23/06/2012-03h30


Zack Embree/Divulgação
Ta'Kaiya Blaney, 11, na comunidade indígena do Canadá, onde mora
Ta'Kaiya Blaney, 11, na comunidade indígena do Canadá, onde mora
Ta'Kaiya Blaney vivia como qualquer garota da comunidade indígena Sliammon, no Canadá.
Estudava, brincava e nadava no rio. Até que, em fevereiro do ano passado, sua mãe pôs no YouTube um vídeo em que a menina, com dez anos, canta "Shallow Waters" (águas rasas).
A música, escrita por Ta'Kaiya com sua professora de piano, alerta para riscos da construção de um oleoduto (tubo gigante que transporta petróleo por baixo da terra).
Na canção, conta como a natureza pode ser destruída se esse petróleo vazar.
Conheça letra da música, traduzida para português, e veja vídeo da canção. Clique aqui.
Tornou-se celebridade de ambientalistas (defensores da natureza). Nesta semana, esteve no Brasil para participar da Rio+20, que discutiu a preservação do ambiente. Ela cantou no evento "Mulheres e o Desenvolvimento Sustentável".
Depois, falou com a "Folhinha".
*
FOLHINHA: Qual o significado do nome "Ta'Kaiya"?
TA'KAYA BLANEY: Significa "Água especial", foi meu avô quem escolheu.
O que você gosta de fazer no seu tempo livre?
Eu leio muito e gosto de nadar. Quando eu era pequena, minha mãe costumava molhar meus pés no riacho gelado e eu gosto de nadar nos rios.
O que você quer ser quando crescer?
Quero continuar cantando e trabalhando com o ambiente, como bióloga marinha.
Quando você começou a cantar e a estudar música?
Eu sempre cantava pela casa. Um dia, vi um grupo de crianças tocando violino e pedi para o meu pai para aprender a tocar também. Na época, eu tinha dois anos e meu pai pediu para que eu esperasse até completar três. Agora estou aprendendo a tocar guitarra também.
Como surgiu a ideia de compor e cantar "Shallow Waters"?
Há um projeto de uma empresa para construir um oleoduto entre as províncias de Alberta e Colúmbia Britânica, no Canadá, que ameaça 45 nações indígenas locais, além de duas importantes bacias hidrográficas. Escrevi "Shallow Waters" com minha professora de música, Aileen de La Cruz, pensando num futuro em que o petróleo vaza do oleoduto e dos tanques de armazenamento e acaba com a natureza do lugar. Se um vazamento realmente acontecer nessa região, estaria tudo morto, não restaria nada além do silêncio zombeteiro do que poderíamos ter salvado, mas não fizemos.
Como a construção desse oleoduto e seus riscos despertaram sua atenção?
Eu estava estudando sobre lontras e descobri que a maior causa de mortes entre esses animais eram os derramamentos de óleo, o que é sempre um grande risco com um oleoduto por perto. Além disso, meu pai e meu avô, que são da comunidade Sliammon, me contavam sobre como, antes, podiam pescar com as próprias mãos, nadar nos rios e passear na praia sem medo de as águas estarem poluídas ou de adoecerem por causa disso.
Você tentou entregar uma carta para a empresa responsável pela construção do oleoduto, mas teve sua entrada barrada pelos seguranças. Como você se sentiu com tudo isso?
Eu fiquei desapontada, por que pensei que ia entrar e gritar "Parem com isso!", mas eles reforçaram a segurança e impediram a minha entrada. Foi estranho, mas mostrou que eles ficaram com medo de uma menina de dez anos!
Quais são suas esperanças para o futuro do planeta?
Quero que as pessoas gostem da minha mensagem e percebam que não podemos continuar seguindo essa rota de industrialização. Quero que as pessoas percebam que todos têm uma voz e devem se expressar e compartilhar sua voz. Em muitas conferências, as pessoas apenas falam sobre o ambiente, não agem. Já passamos um século falando, agora é hora de fazer algo. Se nós criamos buracos na camada de ozônio, desmatamos florestas e transformamos matas em desertos, também devemos mudar para um futuro melhor.
Você tem alguma mensagem a dividir com as crianças brasileiras?
Sim, que essas crianças de hoje são a geração do agora, que deve reconhecer e mudar a destruição que está sendo feita em nosso planeta. Os adultos que comandam as empresas poluidoras não ficarão lá para sempre. Um dia, eles terão que devolver a terra para as crianças e o que eles vão nos dar? Montanhas reduzidas a escombros, oleodutos cobrindo a terra, florestas sem árvores e oceanos sem vida? Esse não é o futuro que milhões de crianças nesse planeta querem. Então, nós devemos ser a geração que vai lutar pelo seu futuro, é a nossa escolha.
Curiosidade
* O novo lançamento de Ta'Kaya se chama "Earth Revolution" e virou o hino de um movimento para impedir a construção do oleoduto.

Rio+20: "O Futuro que Queremos" em inglês, espanhol, francês, russo, chinês e árabe....menos em português!

22/06/2012-17h46

Leia o documento final da Rio+20, "O Futuro que Queremos"

LUIS CORVINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/1107844-leia-o-documento-final-da-rio20-o-futuro-que-queremos.shtml

O texto "O Futuro que Queremos", documento final da conferência sobre desenvolvimento sustentável da ONU (Rio+20) que foi determinado pelos negociadores e chefes de Estado está disponível para leitura.
Apesar da conferência acontecer no Brasil, o documento é publicado apenas nas línguas oficiais das Nações Unidas -- inglês, espanhol, francês, russo, chinês e árabe.

O texto pode ser lido em inglês neste link.
A versão em espanhol está disponível aqui.