terça-feira, 17 de abril de 2012

Santa Gertrudes sofre com a poluição do ar do pólo cerâmico


16/04/2012 - 08h38

Cidade pacata do interior de São Paulo tem poluição de Cubatão


A pequena e tranquila cidade de Santa Gertrudes tem níveis de poluição semelhantes ao de Cubatão, conhecida há décadas como o município mais poluído do Estado de São Paulo. O problema existe porque a cidade está no epicentro de um dos maiores polos cerâmicos do mundo.

Na média, o ar da cidade é classificado diariamente pela Cetesb como inadequado. A escala vai de péssimo, má, inadequado, regular a boa.
O ar ruim impacta a saúde de todos os habitantes do local que está contaminado. Crianças, idosos e pessoas com problemas cardíacos ou respiratórios podem, até, sofrer com bastante gravidade. Pouco mais de 20 mil habitantes vivem em Santa Gertrudes.

Jorge Araujo/Folhapress
Ao fundo, chaminés de fábricas de cerâmica na pacata cidade de Santa Gertrudes, no interior de São Paulo
Ao fundo, chaminés de fábricas de cerâmica na pacata cidade de Santa Gertrudes, no interior de São Paulo







Cidade pacata tem poluição de Cubatão

São Paulo, segunda-feira, 16 de abril de 2012Cotidiano

Dados da Cetesb mostram que a pequena Santa Gertrudes é a segunda pior do Estado em índices de poeira fina
Principal problema da região é a grande atividade industrial; área tem o maior polo cerâmico do Brasil

Joel Araújo/Folhapress
Ao fundo, chaminés de fábricas de cerâmica em Santa Gertrudes, no interior de São Paulo
Ao fundo, chaminés de fábricas de cerâmica em Santa Gertrudes, no interior de São Paulo

EDUARDO GERAQUE

ENVIADO ESPECIAL A SANTA GERTRUDES
Sentado em uma esquina na avenida Um, a principal via da pacata Santa Gertrudes, o vendedor de loteria responde sem pensar: "Nossa, a poluição aqui é horrível. Seca a garganta e o nariz".
A percepção de Antônio Chelo é agravada pelo fato de ele não morar na cidade. "Sou de Pirassununga. Venho trabalhar com comércio duas vezes por semana", diz.
O céu azul e o dia quente de outono podem indicar que o tempo seco é o único responsável pela sensação de desconforto do visitante.
Mas dados oficiais da Cetesb, a agência ambiental estadual, mostram o real problema da pequena e muito tranquila Santa Gertrudes (167 km de SP), onde residem pouco mais de 20 mil habitantes.
No ano passado, os índices de material particulado (poeira fina, na maior parte dos casos) mostram que, neste item, a cidade tem níveis de poluição semelhantes ao da famosa Cubatão -há décadas, a mais poluída do Estado.
Isso faz de Santa Gertrudes a segunda colocada, à frente de todos os grandes centros urbanos, incluído a capital.

POLO CERÂMICO
O problema existe porque a cidade está no epicentro de um dos maiores polos cerâmicos do mundo. Como as indústrias deste setor trabalham muito com argila, por exemplo, o pó fino acaba se espalhado por todo lugar.
Inclusive dentro de nariz, garganta e pulmão das pessoas que vivem ali.
Na média, o ar da cidade é classificado diariamente pela Cetesb como inadequado. A escala vai de péssimo, má, inadequado, regular a boa.
O ar ruim impacta a saúde de todos os habitantes do local que está contaminado. Crianças, idosos e pessoas com problemas cardíacos ou respiratórios podem, até, sofrer com bastante gravidade.
"Moro num bairro um pouco mais alto. Lá dá para ver a poeira fina se espalhando", diz Carolina Rodrigues, dentro do pronto-socorro de Santa Gertrudes, que está ao lado de uma fábrica de cerâmica.
"Minha filha sempre tem algum probleminha. Agora, por exemplo, está com conjuntivite", diz, apontando a garota de três anos que está com os dois olhos bastante inchados.
Ao contrário de Cubatão, onde existe muita fumaça e vários poluentes na atmosfera, em Santa Gertrudes o pó fino aparece nos detalhes. Ele é praticamente invisível em grande parte do tempo.
"Em casa, limpamos tudo de manhã. À tarde está tudo empoeirado novamente. Nasci e me criei aqui, por isso estou acostumado. Nunca tive problema com a poluição", diz Hélio Bernardi Jr., que, como metade da população, trabalha na cadeia da cerâmica.
E, portanto, defende com fervor a presença das fábricas.









Energia renováveis: vale tudo por elas?



Por Jean Marc Sasson* 

Às vésperas da Rio+20 cujo tema central será aEconomia Verde, se discutirá como um dos objetivos para as próximas décadas a mudança na matriz energética mundial de combustível fóssil para energia limpa.
Já é notório, no entanto, que as energias renováveis vêm ganhando cada vez mais importância no cenário mundial. Os investimentos saltaram de US$ 162 bilhões em 2009 para US$ 240 bilhões em 2011. A China, até outrora o maior poluidor mundial em razão de suas inúmeras termelétricas, é hoje a maior investidora em energia limpa do mundo.
O Brasil, por sua vez, cuja matriz energética já é limpa, será em 2013 o décimo maior investidor em eólicas e continuará, ainda, ampliando suas fontes hidrelétricas com projetos na região Norte e através de parcerias com países sul-americanos como Argentina e Peru. Inclusive, foi considerado junto com Nicarágua e Panamá em recente estudo elaborado pela Bloomberg New Energy Finance – Climascópio 2012 – a pedido do Fundo Multilateral de Investimentos, membro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), como um dos países com maior capacidade para atrair investimentos em energia limpa da América Latina e Caribe.
É importante e salutar este investimento brasileiro em renováveis. Já somos a sexta maior economia mundial e precisamos de energia para continuar progredindo. Mas o caminho que estamos trilhando, aparentemente sustentável, vem sendo realizada de forma tirânica, atentando contra os princípios republicanos e democráticos. O Poder Público vêm impondo a construção de empreendimentos independente de consultas públicas à população nacional e local. Quando discutimos sustentabilidade, pensamos no tripé social, econômico e ambiental. Contudo, estão sendo flexibilizados em nome do desenvolvimento nacional.
Vemos a vertente social ser violada quando minorias não são consultadas no processo licenciatório, quando são desalojadas por uma pequena indenização em detrimento de um interesse coletivo, quando as compensações sociais exigidas são descumpridas, quando a mão-de-obra utilizada na construção não é local. Nestes momentos há uma violação brutal pelo Poder Público aos princípios constitucionais da dignidade humana e democrático.
Já na vertente econômica, apesar de propiciar certo desenvolvimento econômico regional, observamos grande desperdício da verba pública. Por exemplo, ao comparamos as usinas hidrelétricas de Belo Monte e Itaipu, percebe-se a diferença abissal do investimento em ambas. Enquanto a primeira está orçada em R$ 30 bilhões de reais (preço atual estipulado e que fatalmente será maior), Itaipu custou míseros 11,8 bilhões de dólares, sendo construída há 40 anos atrás, isto é, sem as tecnologias que dispomos hoje. Embora tenha capacidade instalada de 11 mil MW, o que a tornará a segunda maior hidrelétrica do país, Belo Monte tem energia firme (que pode ser assegurada já prevendo os períodos de seca) de 4,4 mil MW ou 40% de sua capacidade, enquanto Itaipu, a maior usina do país, tem 14 mil MW de capacidade e energia firme de 61%.
Na segunda maior atualmente, Tucuruí – que futuramente perderá a posição para Belo Monte – o percentual é de 49%. Se não considerássemos a hipótese da construção de usinas menores nesta região como a mais indicada, comparemos o custo com outras fontes de energia limpa. Nos Estados Unidos, dois projetos desenvolvidos na Califórnia de aproveitamento da energia térmica utilizando espelhos para a concentração de calor, Ivanpah e Blythe, têm a previsão da geração de 370 MW de energia firme ao custo de R$ 3,4 bilhões e 960 MW ao custo de R$ 9,6 bilhões, respectivamente.
Multiplicando o custo para geração de um megawatt nesses dois projetos de matriz solar por 4 mil megawatts médios (quantidade indicada de Belo Monte) teriam um total de R$ 38 bilhões, para o projeto de Ivanpah, e de R$ 36,7 bilhões para o Blythe. São dois projetos que teriam equivalência, ao menos em teoria, em investimento e geração de energia à Belo Monte, mas com um impacto socioambiental muito menor.
Já a vertente ambiental, tratando-se de energia renovável, é por óbvio a mais vantajosa em razão da não emissão de dióxido de carbono. Ressalta-se, no entanto, que qualquer energia renovável não está livre de impacto ambiental. Há desmatamentos, desvios de rios, impacto na fauna e flora, impacto visual e sonoro etc. Fora isso, observa-se ainda violações no campo político, violando o regime democrático, quando processos licenciatórios são acelerados por mero interesse político, despendendo menos tempo do que se faz necessário para a análise dos impactos ambientais gerados por determinado empreendimento. Sabemos que o processo licenciatório brasileiro é moroso, mais em razão da ausência de mão- de-obra especializada do que pela complexidade da análise. Mas, ainda assim, não se justifica acelerar além do necessário para cumprir metas políticas.
A verdade é que o Poder Público deve ponderar e analisar o custo-benefício nas três vertentes, independente do interesse político e particular. Não existe energia renovável perfeita e livre de impacto. Devemos utilizar o princípio do equilibro nesta análise, de modo a analisar a melhor alternativa, optando por aquela que terá o menor impacto nas três esferas.
Pensar em impacto zero ou em desenvolvimento zero é não ponderar, é não ser realista. Se desenvolver e progredir é necessário sim, mas de forma racional e sustentável.
*Jean Marc Sasson é advogado com especialização em gestão ambiental pela COPPE/UFRJ e colunista do Portal Ambiente Energia. Ele também é editor do blog Verdejando (www.verdejeando.blogspot.com)

Virada Sustentável 2012


16/04/2012 - 18h10

Inscrição de projetos para a Virada Sustentável de SP vai até dia 4


As inscrições para artistas, oficineiros, escolas e outras organizações participarem da segunda edição da Virada Sustentável de São Paulo vão até o próximo dia 4 de maio. O evento está programado para os dias 2 e 3 de junho.
A proposta da virada é "conscientizar a população a partir de uma abordagem alegre e inspiradora sobre o tema da sustentabilidade".
As inscrições serão feitas por meio de uma carta de adesão, que deve ser solicitada pelo e-mail adesoes@viradasustentavel.com.
O conteúdo das propostas será analisado pelo conselho curador e pela organização do evento. Se aprovado, poderá haver a disponibilização de espaços, divulgação e, em alguns casos, estrutura técnica para as atividades.
Carlos Cecconello-5.jun.11/Folhapress
O artista gráfico Binho Ribeiro realiza performance artística usando plástico de isolamento no parque Ibirapuera
O artista gráfico Binho Ribeiro em performance artística no parque Ibirapuera na virada do ano passado
Terão prioridade as propostas que tiverem caráter educativo e utilizem linguagem artística (teatro, música, cinema e artes plásticas) ou lúdica (como oficinas, gincanas, concursos culturais). Não serão aceitos projetos de conotação partidária, religiosa ou que estimulem qualquer forma de discriminação.
"O objetivo das adesões é ampliar a participação da sociedade civil nesse movimento em prol da sustentabilidade, abrindo espaço para que organizações e pessoas que trabalhem com o tema ou que queiram promover ações relacionadas tenham seu espaço garantido", afirma André Palhano, idealizador da Virada Sustentável.
A primeira edição do evento, em junho do ano passado, contou com a participação de mais de 500 mil pessoas, em 480 atividades distribuídas por várias regiões da cidade.
"A expectativa é que tenhamos quase o dobro de eventos do ano passado. Queremos a participação de escolas e universidades e a presença na periferia da cidade. Se não tiver esse caráter coparticipativo, nunca será sustentável", diz Mariana Amaral, uma das organizadoras.
A programação oficial será divulgada em maio.