terça-feira, 27 de março de 2012

A recuperação dos mananciais



27 de março de 2012 | 6h 44


Os R$ 4,3 bilhões que o poder público está investindo para recuperar dois dos principais mananciais do sistema de abastecimento de água da Grande São Paulo e para urbanizar as favelas que se formaram em suas margens nas últimas décadas sintetizam o custo, para os contribuintes, do descaso com que esse mesmo poder tolerou a ocupação ilegal dessas áreas. Com recursos de R$ 2,8 bilhões, a serem aplicados até 2016, o Programa Mananciais, de recuperação das Represas Billings e Guarapiranga, chega agora à sua terceira e última etapa (as duas anteriores custaram R$ 1,5 bilhão). Essa etapa beneficiará diretamente 46,5 mil famílias que vivem em seu entorno, mas indiretamente atingirá cerca de 5 milhões de pessoas abastecidas com água proveniente dessas represas.
 
A leniência das autoridades e a ganância de loteadores, que sistematicamente desrespeitaram as leis de proteção das áreas dos mananciais, estimularam a formação de conjuntos habitacionais e de favelas no entorno das duas represas. Pelo número de pessoas que lá vivem, é irrealista qualquer tentativa de fazer cumprir a legislação, por meio da remoção dessa população. Era indispensável e urgente, porém, conter o processo de degradação ambiental e de poluição cada vez maior das represas. Ao mesmo tempo, era necessário oferecer infraestrutura urbana mínima à população que vive nessas áreas e assegurar que sua presença não resulte em lançamento de mais material poluente nos mananciais.
 
O Programa Mananciais foi concebido no âmbito municipal na gestão de Luiza Erundina (1989-1993) e iniciado na gestão Paulo Maluf (1993-1997) para evitar a degradação ambiental contínua das regiões das Represas Billings e Guarapiranga.
 
Essas regiões, no entanto, se estendem por outros municípios da Grande São Paulo, razão pela qual o governo do Estado - por meio das Secretarias do Meio Ambiente e de Saneamento e Recursos Hídricos, além da CDHU - se associou ao empreendimento. Mais recentemente, as obras de recuperação dos mananciais da Grande São Paulo passaram a fazer parte do Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal. A terceira etapa tem a participação dos três níveis de governo. Recursos do Banco Mundial - que apoiou outros programas da área ambiental no Estado de São Paulo - foram essenciais para a execução da primeira fase do programa.
 
Na busca do equilíbrio entre a ocupação urbana descontrolada e a preservação dos mananciais, o programa inclui urbanização de favelas e comunidades de baixa renda, construção de conjuntos habitacionais, implantação ou melhoria de sistemas de esgotos e de abastecimento de água e implantação de parques.
 
Na nova fase, como explicou ao Estado (13/3) o coordenador do programa, Ricardo Sampaio, serão removidas as famílias que vivem na faixa de 50 metros dos mananciais. Nessa faixa, incluída na Área de Proteção Permanente (e por isso não poderia ter habitações), é impossível instalar sistemas de coleta de esgoto. A área desocupada servirá para a criação de parques que contornarão as duas represas. O governo pretende estimular o turismo ecológico na região, "que tem enorme potencial", segundo Sampaio.
 
Estima-se que 13 mil famílias serão removidas de suas casas e transferidas para conjuntos habitacionais a serem construídos na mesma região. Enquanto as novas habitações não ficarem prontas, essas famílias receberão auxílio-aluguel.
 
Um exemplo de como ficará a região depois da desocupação, da reurbanização e da instalação dos parques é a comunidade Cantinho do Céu, localizada na margem da Represa Billings. Os esgotos captados pela rede ligada às residências são lançados no coletor-tronco e, dali, bombeados para a rede da Sabesp, que os conduzirá até a estação de tratamento. Não há mais lançamento de dejetos diretamente na represa e, por isso, sua água, límpida e sem cheiro, além de melhor para o abastecimento da Grande São Paulo, serve para o lazer das crianças da comunidade.

FEICON começa hoje!


27/03/2012 06h44 - Atualizado em 27/03/2012 07h07

Feira da Construção tem piso de pneus e tinta que reflete calor

Exposição começa nesta terça e vai até sábado em SP.
Entrada para pessoas de fora do setor custa R$ 50.

Do G1 SP
Comente agora
Começa nesta terça-feira (27) no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na Zona Norte de São Paulo, a Feira da Construção. Destinada a profissionais do setor, o evento apresenta novidades para os visitantes, como um revestimento contra pichação e um piso de pneu reciclado.
A feira reúne mais de 20 mil produtos e 2 mil lançamentos em vários setores. Entre eles está uma tinta especial que reflete até 80% do calor transmitido e reduz a temperatura em até 40%, diminuindo o consumo de energia elétrica. Há também uma linha de pisos residenciais feitos com pneu reciclado – eles são antiderrapantes, têm amortecimento e propriedades acústicas.
Os visitantes também poderão ver uma torneira que possui um sistema de luz que identifica a temperatura da água – além do efeito visual, ela garante mais segurança.
Serviço
O Pavilhão de Exposições do Anhembi fica na Avenida Olavo Fontoura, 1.209, em Santana. A feira vai até sábado (31), e funciona das 10h às 19h. A entrada é exclusiva para profissionais do setor – entretanto, se o visitante comum quiser visitá-la deve fazer uma inscrição no local e pagar R$ 50.
Mais informações no site da feira.

Londres será o palco sustentável da festa olímpica neste ano


Durante as Olimpíadas, o Estádio Olímpico será de uso exclusivo do atletismo, além de servir de palco das cerimônias de Abertura (27 de julho) e de Encerramento (12 de agosto).

Londres - Organizar uma edição dos Jogos Olímpicos é motivo de orgulho para qualquer cidade por conta das transformações necessárias na infraestrutura, que vão muito além das construções de estádios e locais de competições. Trata-se de um privilégio raro, exceto para Londres. A partir de 27 de julho, a capital inglesa se tornará a primeira do mundo a ter sediado três vezes as Olimpíadas — depois das edições de 1908 e 1948. O palco maior da festa, o Estádio Olímpico, estará à altura, com números superlativos e a preocupação com a sustentabilidade.
O projeto do estádio foi lançado em 7 de novembro de 2007, para 80 mil lugares. Mas, depois dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, diminuirá para 25 mil, graças ao modelo de construção em módulos desmontáveis.
O uso de materiais ecologicamente sustentáveis foi planejado para o estádio, que tem um custo de aproximadamente 490 milhões de libras (R$ 1,47 bilhão) e ficou pronto ano passado. O design foi da empresa de arquitetura Populous, a mesma que projetou os estádios da Luz e Algarve, em Portugal; o Olímpico de Sydney, na Austrália; Wembley e Arsenal, ambos em Londres; e o das Olimpíadas de Inverno-2014, em Sochi, na Rússia.
A Populous também é a responsável pelo projeto da Arena das Dunas, em Natal, um dos estádios da Copa-2014.
— O desejo da nossa equipe era desenhar, em Londres, o mais sustentável estádio olímpico já construído e reduzir a quantidade de aço e concreto empregada — explicou Jeff Keas, o diretor da Populous.

Impacto no transporte
O uso do concreto foi planejado para a fabricação em uma área localizada no perímetro do Parque Olímpico, junto a um ramal ferroviário, minimizando o impacto com transporte e garantindo que metas ambientais não fossem afetadas. Isso possibilitou que todos os materiais fossem entregues e transportados a granel por trem, o que tirou milhares de caminhões do trânsito londrino e das rodovias, minimizando congestionamentos e os efeitos da poluição.
Ter espaço para material de construção permitiu também a redução no transporte de vários componentes importantes para a edificação.
— Está marcada nos parâmetros de design dos Jogos Olímpicos de Londres a necessidade de prevenir o futuro e de garantir o legado de um megaevento. Era um desafio enfrentar o conceito de permanência de construções. Londres terá um número expressivo de construções provisórias — explicou Keas.
O critério de sustentabilidade para redução, reutilização e reciclagem foi adotado para criar um design compacto, flexível e leve. A estrutura principal do estádio é claramente expressa pela articulação diagonal externa da cobertura em aço tubular branco e pela superfície delgada em aço escuro que dá suporte à arquibancada superior provisória.
A pista de atletismo também sobressai. Ficou pronta em 3 de outubro do ano passado e é feita de borracha sintética capaz de dar mais velocidade aos corredores.
Para iluminar o campo e a pista em padrões suficientes para as transmissões por TV em HD estão instaladas 532 lâmpadas especiais, organizadas em 14 torres. A preocupação com o modelo de instalação leva em conta que os espectadores não sintam desconforto com a luminosidade.

Teste em túnel de vento
Instaladas a 63 metros acima do campo, as torres são o principal elemento da cobertura do estádio. Cada uma pesa 35 toneladas, tem forma triangular tridimensional que reflete a geometria de outros elementos do design e foi feita em aço tubular pintado de branco.
A cobertura também foi pensada para favorecer a quebra de recordes mundiais do atletismo, um esporte particularmente sensível às condições do vento. No estágio inicial de construção, até teste em túnel de vento foi feito para se encontrar o melhor design de cobertura para as condições do Parque Olímpico, minimizando o impacto do vento contrário na pista.
A própria área do Parque Olímpico, em Stratford, no Leste de Londres, experimentou admirável transformação. Mais de 1,4 milhão de metros cúbicos de solo contaminado foi retirado, lavado e descontaminado. Oitenta por cento desse total pôde ser reutilizado na construção.
Mais de quatro mil árvores foram plantadas nas áreas do parque e da Vila Olímpica, para proporcionar um ambiente melhor para os torcedores e os 14 mil atletas que irão competir em 26 esportes olímpicos e 20 paralímpicos.
(*) O repórter viajou a convite da Agência de Promoção de Comércio e Investimentos do Reino Unido