domingo, 25 de março de 2012

Falta no Brasil, no entanto, um melhor monitoramento da epidemia do tabaco...


23/03/2012 - 10h31

Cigarro matou 6 milhões em 2010, mostra levantamento



O que as seis maiores empresas do ramo tabagista lucraram em 2010 equivale a US$ 6.000 por cada morte causada pelo fumo nesse ano.
Essa é a conclusão da quarta edição do Atlas do Tabaco, lançado pela Sociedade Americana do Câncer e pela Fundação Mundial do Pulmão, durante a 15ª Conferência Mundial Tabaco ou Saúde, em Cingapura.
Segundo o documento, as seis empresas líderes lucraram US$ 35,1 bilhões em 2010, concentrados na empresa estatal chinesa de tabaco (US$ 16 bilhões) e na Philip Morris (US$ 7,5 bilhões). Esse lucro é maior, diz o atlas, que o da Coca-Cola, da Microsoft e do McDonald's somados.
Já o número de mortes pelo fumo se aproximou de 6 milhões em 2010, 80% fora dos países desenvolvidos.
"Apesar do progresso feito desde que lançamos o primeiro documento [em 2002], 50 milhões de pessoas morreram como resultado do uso do tabaco, fumando mais de 43 trilhões de cigarros. É quase incompreensível", afirmou John Seffrin, da Sociedade Americana do Câncer.
Divulgado a cada três anos, o atlas traz dados específicos sobre cada país e região.
A principal informação ressaltada sobre o Brasil indica a consequência da aprovação, em 2011, da Medida Provisória que baniu os fumódromos. A medida, diz o texto, tornou o Brasil o maior país totalmente livre do fumo.
Rússia, China e Estados Unidos não adotaram medidas semelhantes; a Índia o fez parcialmente. Falta no Brasil, no entanto, um melhor monitoramento da epidemia do tabaco, aponta o novo documento.



23/03/2012 - 10h28

Brasil não deve ceder à indústria do fumo, pede chefe da OMS


JOHANNA NUBLAT
ENVIADA ESPECIAL A CINGAPURA 

O Brasil não deve recuar em suas políticas antitabagistas frente à pressão da indústria, declarou Margaret Chan, diretora-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde).
"É importante que o governo como um todo esteja unido na mesma posição. O Brasil é um líder no controle do tabaco, deve manter o bom trabalho", disse Chan à Folha durante a 15ª Conferência Tabaco ou Saúde, que acontece em Cingapura.
Anja Niedringhaus/AP
A médica e economista Margaret Chan em discurso durante conferência da Organização Mundial da Saúde
A médica e economista Margaret Chan em discurso durante conferência da Organização Mundial da Saúde
A mais recente disputa envolvendo o setor tabagista no país está ligado à proibição pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) do uso de aditivos no cigarro, adotada neste mês após forte lobby contra a medida.
Pressões conduzidas pela indústria tabagista sobre governos e políticas de restrição ao fumo são, justamente, o tema central da conferência.
"Só tenho uma posição: lutar contra a indústria do tabaco da forma mais vigorosa possível", declarou Chan anteontem. "Apoiamos todos os países desafiados judicialmente, sob ameaça ou intimidação", disse em discurso durante o evento.
LIGHT
Os casos mais discutidos são ações judiciais contra os governos do Uruguai e da Austrália. Ações adotadas pelo Uruguai, como o banimento da expressão "light", foram questionadas.
A Austrália, que adotou de forma inédita a padronização de maços de cigarro para 2012, com exclusão da marca, é contestada em instância internacional pela indústria.
Segundo Chan, é preciso fazer da padronização do maço "um grande sucesso, para que o êxito da Austrália seja o de outros países".
Na quinta-feira, depois de ouvir sobre a pressão da indústria contra a decisão australiana, Chan concluiu sua fala brincando. "Algo que aprendi é: frente a qualquer coisa que a indústria diga, caminhe para o outro lado."
Um dia antes, a diretora da OMS classificou de "surreal" a intimidação de governos soberanos pela "desprezível" indústria tabagista.
A repórter JOHANNA NUBLAT viajou a convite da ONG americana Campaign for Tobacco-Free Kids


Pré-sal e pós vazamentos...


25/03/2012 - 09h10

Exploração do pré-sal traz mais riscos



Com o advento do pré-sal, a produção de petróleo no Brasil vai crescer exponencialmente e, junto com ela, deve aumentar também a incidência de vazamentos de óleo e de outros acidentes, dizem especialistas no tema em reportagem de Pedro Soares, publicada na edição deste domingo da Folha.

O primeiro derrame de óleo da nova área de exploração, em fevereiro, deu mostras do desafio: desenvolver equipamentos resistentes às condições extremas da nova fronteira petrolífera para operar sob altíssima pressão e baixas temperaturas.
A camada do pré-sal está entre 5.000 e 8.000 metros de profundidade. Antes dela, a exploração de petróleo no fundo do mar era feita em profundidade média de 3.500 metros na bacia de Campos.
A Petrobras diz que, além das altas pressões e baixas temperaturas, as condições da exploração do pré-sal incluem fluidos de reservatório de composições diferentes.
"Em consequência, os equipamentos devem ser robustos e adequados aos fluidos do reservatório", afirma a estatal, citando o desenvolvimento de "material para uso em ambiente agressivo".
A companhia diz ter investido em prevenção e exigido o mesmo de seus fornecedores, além de ter ampliado os sistemas de segurança. "Foram empregados sistemas com menores tempos de resposta devido ao maior comprimento das tubulações."

Exploração do pré-sal traz mais riscos
Para analistas, 1º vazamento na nova área de produção de petróleo alerta para demanda por maquinário específico
Petrobras afirma ter ampliado sistemas de segurança e trabalhar para desenvolver material adequado

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/33260-exploracao-do-pre-sal-traz-mais-riscos.shtml

PEDRO SOARES
EM SÃO PAULo

Com o advento do pré-sal, a produção de petróleo no Brasil vai crescer exponencialmente e, junto com ela, deve aumentar também a incidência de vazamentos de óleo e de outros acidentes, dizem especialistas no tema.
O primeiro derrame de óleo da nova área de exploração, em fevereiro, deu mostras do desafio: desenvolver equipamentos resistentes às condições extremas da nova fronteira petrolífera para operar sob altíssima pressão e baixas temperaturas.
A camada do pré-sal está entre 5.000 e 8.000 metros de profundidade. Antes dela, a exploração de petróleo no fundo do mar era feita em profundidade média de 3.500 metros na bacia de Campos.
Não é à toa que vários centros de pesquisa voltados ao pré-sal já foram montados ou estão em fase de instalação na Ilha do Fundão, campus da UFRJ. Muitos se dedicam a formas de evitar a corrosão de materiais e estudam sistemas alternativos de produção.
"O pré-sal é ao mesmo tempo uma oportunidade e um problema. Já tivemos um vazamento. Com o aumento das perfurações de poços, aumenta muito o risco de acidentes", diz Ilson Pasqualino, professor de engenharia oceânica da Coppe/UFRJ.
Como exemplo, o especialista cita o campo de Lula, que receberá mais de dez plataformas e muitos poços ligados às unidades de produção. "Certamente teremos um número maior de vazamentos."

FALHA HUMANA
A Petrobras amplia sua rede de laboratórios conveniados, estimula fornecedores a instalar centros de pesquisa no país e tem um ambicioso projeto de levar para o fundo do mar sistemas de produção hoje instalados sobre as plataformas -o que reduz o risco de falha humana.
Para driblar o problema da corrosão e da pressão da água, a Usiminas investiu
R$ 400 milhões numa nova linha de produção de aços especiais destinados à indústria naval e aos equipamentos a serem usados no pré-sal.
Tal esforço se justifica. O navio-plataforma de produção e estocagem de óleo que realizava testes de longa duração em campos de pré-sal registrou ruptura no duto que liga a plataforma ao poço.
No primeiro acidente, no fim de 2011, não vazou óleo. No segundo, em fevereiro, foram derramados 160 barris que se encontravam no duto.
Para Pasqualino, os problemas indicam que o material era inadequado às condições do pré-sal. A Petrobras diz ter mobilizado seus melhores técnicos e acionado "empresas globais especializadas em teste de equipamentos submarinos" para investigar os acidentes.
"Somente depois de concluída a investigação a empresa poderá definir claramente quais foram as causas do acidente", diz a Petrobras, via assessoria de imprensa.

DO OUTRO MUNDO
Para David Zee, professor de oceanografia da Uerj, o risco do pré-sal é "sem dúvida, muito maior". O oceanógrafo diz que a profundidade total de até 8.000 metros deixa o ambiente com pressões e temperaturas "absurdas". "Isso é quase uma viagem interplanetária. É preciso ter equipamentos robustos."
O especialista não vê, por outro lado, comprometimento da Petrobras e do governo em investir mais em segurança. "Não há o mesmo empenho para investir em prevenção [de acidentes] do que há para investir na produção."
A Petrobras diz que, além das altas pressões e baixas temperaturas, as condições da exploração do pré-sal incluem fluidos de reservatório de composições diferentes.
"Em consequência, os equipamentos devem ser robustos e adequados aos fluidos do reservatório", afirma a estatal, citando o desenvolvimento de "material para uso em ambiente agressivo".
A companhia diz ter investido em prevenção e exigido o mesmo de seus fornecedores, além de ter ampliado os sistemas de segurança. "Foram empregados sistemas com menores tempos de resposta devido ao maior comprimento das tubulações."