sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Obra no porto de Santos faz dragagem de resíduos contaminados com uso de geobags

10/Outubro/2012

Entre os materiais recolhidos estão prata, enxofre e cádmio, que são compactados nos sacos geossintéticos



Carlos Carvalho, da Infraestrutura Urbana
A Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport) está aplicando uma técnica com geobags para reutilizar o material sólido contaminado presente na área onde constrói um novo terminal portuário, na margem esquerda do porto de Santos.
Divulgação: Odebrecht












Com a utilização de uma draga, esses materiais contaminados são retirados do mar e transportados até uma planta química, onde recebem tratamento para serem alocados nas geobags. "Usamos uma draga de sucção e recalque, que permite dragar cerca de 1.500 m³/h de material contaminado, que é, então, encaminhado até uma central onde recebe a adição de um polímero responsável por aglutinar esse material e impedir que ele atravesse os poros da geobag", explica o gerente de produção e responsável pela obra Giorgio Bullaty Neto, da Odebrecht Infraestrutura.
Depois de passar pela adição de polímero, o material é depositado nas geobags em um procedimento sequencial de enchimento, drenagem e novo enchimento, até que toda a área de cada uma das 169 geobags esteja completamente preenchida de material contaminado. Cada geobag é produzida com material geossintético e tem 64 m de comprimento, 16 m de largura e 2,5 m de altura. "Embaixo desses sacos, criamos o que chamamos de tapete drenante, com 25 cm de brita, para garantir o escoamento da água pela parte inferior das geobags", explica Bullaty.
Após seu enchimento completo, as geobags também recebem uma camada semelhante de brita em sua parte superior, além de serem aterradas com 5 m de material sólido temporário, que vai ajudar na compactação dos resíduos contaminados depositados nas geobags, já que seu peso contribui para o processo de drenagem da água contida nos sacos escoe pelos poros.
"Para garantir que as geobags vão secar completamente e terão uma capacidade de suportar altas cargas, já que em cima delas haverá um pátio de contêineres, é feita uma sobrecarga de 5 t/m² que garante toda a drenagem, preparando esse material para estar apto a receber um aterro em cima dele", diz Bullaty. Aproximadamente, depois de seis meses, esse sobrepeso é retirado e a área passa a servir de subleito para o pavimento do terminal de carga. "Ao longo de todo esse aterro, são colocadas placas de recalque e vamos acompanhando a compactação no corpo do aterro. Há uma curva que indica a descida e quando ela se estabiliza, o aterro já pode ser retirado", completa.
De acordo com o responsável pela obra, a água proveniente dessa drenagem é analisada antes de ser devolvida ao estuário. "Toda a água vai para um tanque de acumulação. Essa água é bombeada para a estação de tratamento da obra a fim de se checar se há a necessidade de decantação, aeração e ajuste de nível de pH. Se houver a necessidade de algum desses tratamentos, ele é realizado e só então a água é devolvida ao estuário", explica Bullaty.
Segundo o gerente da obra, a Embraport conta com vários poços de inspeção nos quais são feitos controles periódicos com relatórios mensais para o Ibama com o comparativo da qualidade da água em três pontos: durante a coleta, depois de passada pelas geobags e no momento em que ela for devolvida ao estuário. Ao todo, 580 mil m³ de material contaminado já foi dragado e depositado nas geobags e faltam apenas 25 mil m³ para que o processo seja completamente finalizado, de acordo com Bullaty. A previsão é de que esta etapa da obra seja concluída em dezembro deste ano.
A origem dos contaminantes é desconhecida. "Costumamos dizer que retiramos uma tabela periódica inteira da água. Há mercúrio, prata, cádmio, enxofre, uma gama de metais pesados, fruto de meados do século passado, onde as indústrias não tinham essa consciência de responsabilidade ambiental e não havia muita fiscalização", diz Bullaty.
O novo porto que está sendo construído pela Embraport na margem do porto de Santos terá capacidade para movimentar 2 milhões de TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) e 2 bilhões de litros de granéis líquidos.
Marcelo Scandaroli
Material sólido contaminado é retido nas geobags, enquanto água drenada segue para tratamento antes de ser devolvido ao estuário














Marcelo Scandaroli
Tapete drenante de brita garante escoamento da água depois da passagem pelas geobags













Marcelo Scandaroli
Estação de tratamento para adição de polímero ao material dragado. Compósito aumenta consistência do corpo sólido para retenção nas geobags