domingo, 17 de junho de 2012

Economicamente viável...


16/06/2012 - 20h44

Especialistas vão propor imposto sobre transações financeiras para criar 'fundo verde'


A proposta de criação de uma taxa sobre transações financeiras internacionais para contribuir com um "fundo verde" para promoção de empregos decentes e tecnologias limpas foi a mais votada entre os participantes do segundo debate dos "Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável" da Rio+20 e será enviada aos chefes de Estado reunidos no Brasil na próxima semana.
Os intelectuais reunidos também formularam uma recomendação aos líderes mundiais para que se adotem "metas compartilhadas" bastante abrangentes e ambiciosas, a serem cumpridas por governos, empresas e sociedade civil, que garantam, por exemplo, que "cada indivíduo no planeta tenha suas necessidades básicas atendidas".
Além disso, vão sugerir "reformas fiscais que incentivem a proteção ambiental", retirando, por exemplo, subsídios à produção de combustíveis fósseis e dando incentivos à produção de energia limpa.
"Acho que agora é um momento importante para se adotar um marco. Sabemos que a Alemanha e a França apoiam a criação do imposto, mas que ele é recusado pelo Reino Unido e pelos EUA, que enfrentam uma forte pressão de Wall Street", disse o economista americano Jeffrey Sachs, da Universidade Columbia, especialista em combate à pobreza. Ele, contudo, reconhece que não há detalhes específicos de como seria essa cobrança e que a proposta é algo ainda bastante inicial.
Durante a sessão do seminário Diálogos, especialistas como Sachs defenderam que a crise financeira seja encarada não como um entrave, mas como uma oportunidade para o desenvolvimento sustentável.
"Essa crise representa um desafio e uma oportunidade. Um desafio, porque muitos países são obrigados a fazer cortes importantes no orçamento, mas uma oportunidade para que surja um modelo novo, uma nova economia, baseada no conhecimento, em recursos humanos", disse o uruguaio Enrique Iglesias, ex-presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Sobre os impasses nas negociações do texto final da Rio+20, Sachs se disse otimista sobre os resultados, especialmente porque a presidente Dilma Rousseff terá tempo de conversar com chefes de Estado na reunião do G20, no México, nos dias que precedem a reunião dos líderes no Rio."Espero que eles avancem em questões importantes para os países pobres. Seria imperdoável se não se chegássemos a um acordo em um momento de tanto perigo. Os limites do planeta já foram ultrapassados", disse o economista.
A economista britânica Kate Raworth, da Universidade do Texas e membro da organização Oxfam, por sua vez, acredita que o Brasil deve aproveitar o seu "legado" de liderança da Eco-92 para conseguir o apoio dos países desenvolvidos em metas significativas, mesmo em meio à crise financeira. "Daqui a 15 anos, essa crise não vai ser mais lembrada, mas nós seremos lembrados como a geração que levou o mundo ao seu limite", disse.