segunda-feira, 14 de maio de 2012

Barco solar de Paraty navega com o equivalente a 500 baterias comuns


12/05/2012 - 15h52

http://www1.folha.uol.com.br/tec/1089546-barco-solar-de-paraty-navega-com-o-equivalente-a-500-baterias-comuns.shtml

YURI GONZAGA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA


O barco VDC2, que nasceu de uma parceria entre INP (Instituto Náutico de Paraty) e UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), tem duas baterias alimentadas somente por energia solar e que somam 1 kWh, o equivalente a mais de 500 baterias comuns.
Yuri Gonzaga/Folhapress
As baterias do barco VDC2, que se move com motor elétrico movido a energia solar
As baterias do barco VDC2, que se move com motor elétrico
"Fizemos um cálculo e constatamos que nossas baterias equivalem a 520 baterias de 9 volts", diz o diretor do projeto solar do INP, Allan Reid, ao mostrar o par de módulos que fica escondido no casco direito do catamarã.
A função de tais baterias é armazenar a energia luminosa que vem do sol e que é convertida pelas placas fotovoltaicas. "A capacidade [das baterias] desta embarcação é limitada por regras de competição, mas o VDC1, nosso outro barco solar, chega a navegar por quatro horas em escuro total", diz.
O VDC2 ficou em segundo lugar durante a primeira etapa de 2012 do DSB (Desafio Solar Brasil), que aconteceu entre 17 e 24 de março em Florianópolis e teve a participação de 14 equipes.
Responsável por pilotar o barco durante a competição, Nayan Victor Silva de Souza, 18, afirma que o time do INP já está se preparando para a próxima etapa, que acontece em Paraty no mês de outubro. "Vamos mudar bastante coisa no barco. Somos a melhor equipe; vamos ganhar com certeza", diz.
Souza integra há oito anos a equipe do INP, projeto que tem como objetivo oferecer formação técnica aos moradores da cidade. "Comecei como aluno de vela e, hoje, sou instrutor", conta. Mas seus colegas afirmam que não é pela experiência que ele é o piloto: seu baixo peso (57 kg, segundo ele) representa uma vantagem competitiva.
Yuri Gonzaga/Folhapress
Nayan Victor Silva de Souza, 18, que pilota o VDC2 do INP (Instituto Nautico de Paraty)
Nayan Victor Silva de Souza, 18, que pilota o VDC2 do INP (Instituto Nautico de Paraty)
Segundo Reid, que também é professor do Núcleo Náutico da UFRJ, o custo do barco foi de R$ 15 mil, excluindo-se o valor dos painéis voltaicos, que foram financiados pela FINEP, um fundo do Ministério da Ciência. O docente conta que cada uma das seis placas solares que tem o VDC2 vale R$ 800.
O barco está exposto na Virada Digital, evento que ocorre entre os dias 10 e 13 deste mês, em Paraty (RJ).
TÁXI SOLAR
Um projeto de barco para transporte humano com motor totalmente alimentado por energia solar estará pronto entre dezembro deste ano e março do ano que vem, segundo Reid.
"Estamos investindo bem mais [que nos barcos de competição], mas, como criar uma empresa e regularizar uma embarcação com fim comercial leva muito tempo, ainda vai demorar", diz. Reid não quis divulgar quanto o novo projeto está custando.
Yuri Gonzaga/Folhapress
O barco VDC2, feito pelo INP (Instituto Nautico de Paraty), UFRJ e UFSC e que se move com motor eletrico movido a energia solar.
O barco VDC2, feito pelo INP, UFRJ e UFSC, que usa uma motor elétrico movido a energia solar.
O professor acredita na viabilidade comercial do transporte hidroviário baseado em energia solar. "[Transporte sustentável] é uma necessidade para que a raça humana sobreviva", diz.