quarta-feira, 4 de abril de 2012

Mais uma vítima...alvo móvel!


Ciclista morre atropelado em via da zona oeste de São Paulo

Pedreiro andava de bicicleta na Avenida Pirajuçara onde, desde 2007, há projeto para construção de ciclovia

04 de abril de 2012 | 3h 02


BRUNO RIBEIRO - O Estado de S.Paulo
O pedreiro Lauro Jesus Neri, de 49 anos, morreu ontem ao ser atropelado enquanto andava de bicicleta na Avenida Pirajuçara, na zona oeste de São Paulo. A via estava sem pintura de faixas e tem, desde 2007, um projeto engavetado para construção de uma ciclovia.
O motorista do carro, Lourenço Fernando Azevedo, parou ao notar a batida, chamou socorro médico e depois passou mal, com problemas cardíacos. Ele foi atendido no Hospital Bandeirantes e passa bem. Mas, segundo a Polícia Civil, sua carteira de habilitação estava vencida desde 2010. Neri seguia na avenida no sentido Taboão da Serra e cruzou a via para fazer o retorno, quando foi atingido.
Ativistas dos direitos dos ciclistas fizeram um protesto na noite de ontem por causa da morte. Uma "ghost bike" (bicicleta branca que simboliza a morte de um ciclista) foi instalada no local do acidente. É o mesmo tipo de símbolo instalado na Avenida Paulista, que registrou duas mortes de ciclistas nos últimos dois anos.
Neri nasceu na Bahia e vivia em São Paulo havia pelo menos 20 anos, segundo familiares. "Ele não tinha carro. Então, quando pegava um serviço, ia de bicicleta ou de condução", disse o garçom Valdir Alves de Souza, de 39 anos, marido de uma das sobrinhas do pedreiro. Ele tinha um filho, que mora na Bahia.
Para o ativista William Cruz, do grupo Vá de Bike!, a periferia oferece ainda mais perigos aos ciclistas do que as áreas centrais da capital paulista. "Falta infraestrutura para os ciclistas em todos os lugares. Mas, na periferia, a fiscalização do trânsito é ainda pior", avalia.
Azevedo foi indiciado por homicídio culposo (sem intenção) na condução de veículo e vai responder em liberdade. A polícia ainda vai avaliar se a filha de Azevedo poderá ser responsabilizada pelo caso, uma vez que carro que ele dirigia era dela. Na delegacia, a mulher apontada pelos policiais como filha do motorista negou ser parente de Azevedo e disse que não comentaria o caso.
Estrutura. Em 2007, a Prefeitura anunciou que o corredor no qual Neri morreu receberia uma ciclovia até 2010. Seria a maior da cidade, com 15 quilômetros.
A administração municipal informou, em nota, que a pintura das faixas começou na noite de anteontem e estará concluída no sábado. A Prefeitura disse que a cidade tem 168,3 km de ciclovias e ciclofaixas, mas não informou por que a construção da via exclusiva no local do acidente está atrasada.