domingo, 4 de março de 2012

Caramujo africano volta a preocupar população de Manaus


No bairro Aliança com Deus, os moradores afirmam que retiram sacolas cheias do molusco todo fim de tarde. O caramujo traz risco para os moradores das áreas infestadas
[ i ]A moradora do bairro Aliança com Deus, zona norte da cidade, retira todos os dias um saco cheio de caramujos africanos de seu quintal Foto: Jair AraújoA moradora do bairro Aliança com Deus, zona norte da cidade, retira todos os dias um saco cheio de caramujos africanos de seu quintal

Manaus - O caramujo africano volta a ser uma ameaça para a saúde pública em Manaus. No bairro Aliança com Deus, zona norte da cidade, os moradores afirmam que retiram sacolas cheias do molusco todo fim de tarde, apesar das várias campanhas de combate realizadas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas).
Só este ano já foram 17 notificações de infestação em diferentes bairros de Manaus. “Com aumento da população do caramujo, consequentemente aumentam os riscos da população contrair doenças. O caramujo já é considerado uma praga urbana”, disse o infectologista e chefe do departamento clínico da Fundação de Medicina Tropical (FMT/AM), Antônio Magela.
Segundo o médico, o caramujo africano pode transmitir um verme para o homem que pode causar meningite, que é mais comum nas ilhas do Pacífico, Austrália e Ásia; e uma doença abdominal, com maior incidência nas Américas. “A doença de peritonite, que é a inflamação da membrana que recobre o intestino, pode ocasionar obstrução e perfuração intestinal. Mas raramente pode levar à morte”, disse.
O médico explicou, ainda, que o verme no homem se comporta como uma parasitose intestinal. “O tratamento é feito à base de medicamentos anti-helmintos. Em caso de perfuração e obstrução intestinal recomenda-se a cirurgia”, disse.
Praga
O caramujo africano se tornou um problema constante para os moradores da zona norte de Manaus, principalmente do bairro Aliança com Deus. A costureira Ruth Souza, 51, disse que todos os dias o quintal da casa dela fica cheio do molusco. “No final da tarde, coletamos uma sacola cheia. Eles ficam nas paredes das casas, plantas, em todo o lugar. Toco fogo neles, ponho sal, mas não tem jeito. Tem até filhotinhos”, contou.
Segundo Magela, os caramujos se reproduzem de forma assustadora. “Cada caramujo pode gerar até 300 descendentes num ano. A tendência é aumentar já que eles não têm um predador natural. Nem há um microrganismo que cause alguma doença nele como forma de controle”, disse o médico.
A comerciante Maria do Rosário, 55, também moradora do bairro Aliança com Deus, disse que os caramujos aparecem todos os dias no quintal da casa e durante todo o ano. “Não tem época. Eles aparecem até mesmo no verão”, disse.
Magela afirma que, realmente, o caramujo africano aparece durante todo o ano. Só que em períodos chuvosos, ele fica mais ativo, principalmente à noite e ao amanhecer.
Segundo a Semmas, o trabalho de combate ao caramujo consiste na realização de visitas de orientação sobre os seis passos corretos para a coleta e extermínio dos moluscos. De acordo com o órgão, cada morador é responsável pela limpeza e manutenção dos seus terrenos.
SEIS PASSOS
1 Manuseie e colete o caramujo com a proteção de luvas ou sacos plásticos.
2 Não coma, não beba, não fume e não leve a mão à boca, durante o manuseio do caramujo.
3 Coloque os caramujos africanos em sacos plásticos.
4 Para exterminar os caramujos, matenha-os dentro de dois sacos plásticos e pise em cima com calçado adequado para quebrar as conchas.
5 Após esses procedimentos, enterre-os em valas de 80 centímetros, jogando cal virgem em cima dos caramujos mortos nos sacos. Depois cubra a vala com terra.
6 Lave as mãos após esses procedimentos.