domingo, 15 de janeiro de 2012

Gente sem fronteira, sustentável!


15/01/2012 - 07h05

Gente sem fronteira


FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO

A professora Aíla Machado, 30, foi a Porto Príncipe, no Haiti, ensinar dança. A anestesista Liliana Andrade, 36, rumou para o Paquistão para atender doentes.
As duas fazem parte de um número crescente de profissionais que se engajam em organizações "sem fronteiras". Na ONG MSF (Médicos sem Fronteiras), por exemplo, 122 pessoas embarcaram para missões estrangeiras no ano passado. Em 2009, foram 48 -aumento de 154%.
O maior interesse da sociedade e do governo em assuntos internacionais é uma das hipóteses para justificar o crescimento, sugere o canadense Tyler Fainstat, diretor-executivo dos MSF no Brasil.
Marcos Michael/Folhapress
Aíla Machado, educadora de um projeto da Viva Rio no Haiti
Aíla Machado, educadora de um projeto da Viva Rio no Haiti
"Ampliaram-se as oportunidades pelo momento que o Brasil vive. [O país] está exercendo papel de levar e não de receber auxílio", diz Jean Carbonera, presidente da ONG Advogados sem Fronteiras.
A organização mandou sete advogados brasileiros para o exterior no ano passado, dois a mais do que em 2010. Os números, esclarece, são pequenos porque a instituição está no país desde 2009.

AMPLIAÇÃO
Mesmo entidades do terceiro setor sem ligações com classes profissionais começaram a enviar mais gente para fora do país -caso da Viva Rio, que atua no Haiti.
Ubiratan Angelo, coordenador de Segurança Humana da ONG naquele país, diz buscar mão de obra local, mas muitos são brasileiros.
É o caso da educadora Aíla Machado, 30, que coordena um programa de dança em Porto Príncipe desde 2010.
Por causa da falta de profissionais no Haiti, Machado desenvolveu habilidades. "Aprendi a fazer edição de vídeo e de música", conta.
A educadora continua na ONG. Ela e boa parte de quem participa de programas como esse -nos MSF, por exemplo, a retenção de profissionais é alta, diz Fainstat. "Precisamos de gente com compromisso de longo prazo."
15/01/2012 - 12h05

Ajuda de custo dá suporte a viajante

DE SÃO PAULO

http://classificados.folha.com.br/empregos/1034315-ajuda-de-custo-da-suporte-a-viajante.shtml


Durante os quatro meses em que a bióloga Leandra Gonçalves morou em um navio da ONG Greenpeace, que navegava perto da Antártida, ela recebeu o salário da instituição como se estivesse no Brasil -R$ 3.500-, além de passagens e alimentação.
É praxe de mercado: quem embarca em missões para ONGs costuma receber pelo menos ajuda de custo. Nos Médicos sem Fronteiras ela é de € 1.000 (R$ 2.263).
Apesar de não ser o que motiva boa parte dos "sem fronteiras", o salário ou o auxílio financeiro deve ser pago, opina o conselheiro da Abong (Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais) Valdir Mafra.
Mas há casos em que a participação em projetos no exterior não é remunerada.
O estudante de gestão ambiental Moreno Nunes, 28, foi duas vezes à Argentina para construir casas pela ONG Um Teto para Meu País -em nenhuma teve remuneração. Na última delas, neste mês, gastou R$ 2.100 com passagens de ida e volta para Bariloche e hospedou-se na casa de integrantes da organização.
O investimento retornou em aprendizado, explica o estudante. "Nos locais de moradia precária, observo como a população interage com rios e mananciais, como lida com resquícios de mata, onde joga o lixo e quais são os conflitos com o poder público", enumera Nunes.

EXPERIÊNCIA

A advogada Débora Pinter Moreira, 38, que participa dos Advogados sem Fronteiras, também julga a remuneração algo secundário.
Ao convidar um colega para participar da organização, ela afirma ficar "meio decepcionada" quando ele pergunta se a remuneração é boa.
"Se [o profissional] procura dinheiro, não é a coisa a ser feita", pondera.
Gonçalves, por exemplo, buscou conhecimento no trabalho feito em 2008 a bordo do barco do Greenpeace. A partir dele, pôde formar uma rede de pesquisadores que estudam baleias jubarte pelos diferentes oceanos.
"Ter participado da expedição me trouxe experiência. Hoje sou coordenadora de campanha do Greenpeace."