sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Jogo criado por ambientalistas difunde valores da Carta da Terra


21/12/2011 - 08h05

http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1023410-jogo-criado-por-ambientalistas-difunde-valores-da-carta-da-terra.shtml

MARCOS DÁVILA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Esqueça o que você aprendeu nas partidas de "War". Diferentemente do passatempo bélico da infância (lançado nos anos 1970), no Jogo da Carta da Terra a luta não é por territórios, mas pela preservação de ecossistemas e por um mundo mais justo.
Fábio Braga/Folhapress
Tabuleiro do Jogo da Carta da Terra, durante uma partida que ocorreu no parque Ibirapuera, SP
Tabuleiro do Jogo da Carta da Terra, durante uma partida que ocorreu no parque Ibirapuera, em São Paulo
Lançado pelo Instituto Harmonia na Terra, o jogo tem como base os princípios da Carta da Terra, que completou dez anos em 2010. Para quem não sabe, é uma declaração de princípios éticos para uma sociedade sustentável e pacífica, que teve sua semente plantada na Eco 92, no Rio, e chegou à versão final em 2000, em conferência na França.
"A Carta é bonita no papel, mas está longe da realidade", diz Guilherme Blauth, um dos fundadores do instituto e criador do jogo ao lado de Patricia Abuhab, Cláudio Casaccia e Gisela Sartori Franco.
Para aproximar as pessoas do conteúdo da Carta, o grupo desenvolveu por sete anos um jogo que pode ser usado dentro e fora das escolas e propõe reflexão e interação entre participantes.
No começo, alguns têm dificuldade de entender o lado cooperativo do jogo, diz a bióloga Patrícia Abuhab. Não há vencedores: ou todos ganham ou todos perdem, e regras podem ser recriadas.
A reportagem participou de uma partida na Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz, no parque Ibirapuera, São Paulo.
O tabuleiro forma o desenho de uma mandala com o globo ao centro. Nas extremidades há desenhos de oito ecossistemas do planeta, como desertos e oceanos. Ao redor do globo, há um caminho circular onde os jogadores podem andar lançando um dado de oito lados.
Fábio Braga/Folhapress
As cartas do jogo podem sugerir debates sobre a proteção dos ecossistemas
As cartas do jogo podem sugerir debates sobre formas de proteger os ecossistemas ou estimular ações
Não há peças, cada um escolhe um objeto representativo: pode ser um anel, uma pedra, uma concha. Também é preciso arrumar sementes que simbolizem a energia. Cada jogador tem um número preestabelecido de sementes e no tabuleiro há uma reserva coletiva. Se a energia individual ou comum acabar, todos perdem.
Um objetivo final deve ser alcançado dentro de um tempo combinado. Em determinado momento, todas as peças devem se encontrar e caminhar até a Terra. Antes, é preciso realizar uma tarefa comum, sorteada no começo.
A cada passo, uma carta é retirada. Elas podem sugerir debates ou estimular ações que extrapolam os limites do tabuleiro, como achar um objeto que possa ser doado ou plantar uma semente.
No fim há uma celebração em que o grupo tem que apresentar um princípio da Carta da Terra de forma artística: mímica, música, teatro, desenho etc. "O importante é a alegria ao jogar e a troca de saberes. Compartilhando experiências, aprendemos melhor", diz Blauth.
No nosso jogo surgiram assuntos diversos, como a expansão das unidades de preservação para os ambientes marítimos e a introdução da educação ambiental entre agentes de saúde.
Também inventamos regras novas, criando mecanismos de empréstimo de energia. Em uma das negociações, uma participante sugeriu fazer massagem em todos em troca de energia.
Estávamos a cinco minutos de terminar o jogo, então boicotei a ideia e sugeri uma solução mais pragmática: pegar emprestado umas doações de energia que tínhamos feito para alguns ecossistemas.
Vencemos o jogo e perdemos a massagem. Conflitos dessa natureza são alguns entre tantos desdobramentos do Jogo da Carta da Terra.
ONDE COMPRAR À venda no site do Instituto Harmonia na Terra, por R$ 100
Fábio Braga/Folhapress
Brinquedo trabalha princípios da Carta da Terra, que completou 10 anos em 2010
Brinquedo trabalha princípios da Carta da Terra, que completou 10 anos em 2010

Uma em cada dez grávidas fuma, diz estudo feito em SP


22/12/2011 - 09h00


MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO



Elas podem estar carecas de saber dos males que o cigarro pode causar no bebê, mas não adianta. Segundo uma pesquisa da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, uma em cada dez grávidas fuma.
Os dados foram obtidos a partir de entrevistas com cerca de 5.000 mulheres que deram à luz na maternidade estadual Interlagos, na zona sul da capital paulista.
Para Roberto Stirbulov, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, o índice é considerado alto por causa da gravidade dos danos que o fumo na gravidez pode causar para a gestante e para o bebê.
Entre os riscos estão baixo peso, parto prematuro, aborto e menor desenvolvimento do sistema nervoso central, o que pode significar retardo psicomotor.
Hoje, no Brasil, 12,7% das mulheres fumam, segundo a pesquisa Vigitel 2010, do Ministério da Saúde.
Segundo o pneumologista, a prevalência média nacional de grávidas fumantes é semelhante à do levantamento feito em São Paulo, mas há diferenças regionais.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, esse índice chega a 23% em algumas cidades. No Canadá, a média é de 10%.

DEPENDÊNCIA

Rita de Cássia Silva Calabresi, diretora clínica da maternidade estadual Interlagos, diz que a conscientização sobre os malefícios do cigarro nem sempre é suficiente para o abandono do vício.

"Consciência todas têm, mas parar de fumar não é só força de vontade. Se a gestante recebe apoio dos médicos, sente-se mais forte para deixar o cigarro", diz Calabresi.
Stirbulov afirma que a intervenção, apesar de não ser fácil, deve ser proposta.
"Há medicamentos que podem ser usados, como o adesivo de nicotina. Não é que não faça mal, mas é melhor que o cigarro e combate a síndrome de abstinência."
Início precoce do fumo, baixa escolaridade, fumo pesado e exposição ao cigarro em casa ou no trabalho aumentam a chance de a mulher continuar a fumar durante a gravidez.
A empresária M. B., 29, de São Paulo, fuma desde os 15. Tem duas filhas, de três anos e outra de dez meses, e fumou durante as duas gestações.
"Quando engravidei, tentei diminuir, mas não pensei em parar. Tinha certeza de que não ia conseguir."
Ela disse que sabia dos riscos e conversou com a sua médica, que liberou até cinco cigarros por dia, caso não conseguisse parar.
"Eu fumava de sete a dez cigarros por dia. As pessoas olhavam estranho para mim. Eu até evitava fumar na rua, por vergonha", conta.
Stirbulov, porém, afirma que a redução do número de cigarros por dia não é uma boa estratégia, a não ser que faça parte de um plano de cessação completa do fumo.

"A pessoa pode ir reduzindo e marcar uma data para parar de vez. Quem simplesmente reduz logo volta para o número inicial de cigarros."
Os especialistas acreditam que as campanhas antifumo deveriam incluir as grávidas. "Tem gestante que não para de fumar por medo de engordar. Infelizmente, fala-se muito pouco dos prejuízos do fumo e do álcool na gravidez", diz o médico.
Editoria de Arte/Folhapress