segunda-feira, 18 de julho de 2011

São Paulo: Como transformá-la em cidade sustentável?

18/07/2011 - 06h00

Pressão imobiliária deixa cidade "ilhada" por favelas


A valorização imobiliária das áreas centrais de São Paulo e de regiões antes consideradas periféricas vem empurrando as favelas para as fronteiras da capital paulista, informa a reportagem de José Benedito da Silva, publicada na edição desta segunda-feira da Folha.
íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL (empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Mapa da Secretaria Municipal de Habitação mostra que as favelas formam hoje um cinturão nos limites da cidade, que, muitas vezes, transborda para o entorno.
Desde os anos 1990, a região central perde população e a periferia ganha, mas na última década essa expansão avançou pela metrópole.
Segundo o Censo 2010, dos 39 municípios da região, 34 cresceram mais que a capital nos últimos dez anos.
O movimento pressiona as cidades vizinhas ao elevar a demanda por serviços como moradia, educação, saúde, transportes, água e esgoto.
Editoria de Arte/Folhapress


Pressão imobiliária deixa cidade "ilhada" por favelas

Valorização imobiliária de áreas centrais "empurra" favelas para fronteiras

Censo 2010 aponta que, dos 39 municípios da Grande São Paulo, 34 cresceram mais que a capital em dez anos 

autoria: JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

A valorização imobiliária de áreas centrais e até de regiões antes tidas como periféricas tem empurrado as favelas de São Paulo para as fronteiras da cidade e contribuído para um "boom" demográfico no seu entorno.
Mapa da Secretaria Municipal de Habitação mostra que as favelas formam hoje um cinturão nos limites da cidade, que, muitas vezes, transborda para o entorno.
Desde os anos 1990, a região central perde população e a periferia ganha, mas na última década essa expansão avançou pela metrópole.
Segundo o Censo 2010, dos 39 municípios da região, 34 cresceram mais que a capital nos últimos dez anos.
Pesquisa da Fundação Seade para a Secretaria de Estado da Habitação mostra que, apesar de deter 57% da população da metrópole, a capital tem menos favelas (1.594) que o entorno (1.746).
O "extravasamento populacional", no idioma do IBGE, só não afeta a zona norte, onde a serra da Cantareira se tornou um biombo natural.
Já ao sul, a ocupação do entorno das represas Billings e Guarapiranga espalhou favelas a oeste (Itapecerica, Embu e Taboão da Serra) e ao sul (Diadema). A leste, o fenômeno ocorre nas fronteiras com Guarulhos e Mauá.
O movimento pressiona as cidades vizinhas ao elevar a demanda por serviços como moradia, educação, saúde, transportes, água e esgoto.
Para João Ricardo Guimarães Castro, diretor do Consórcio Intermunicipal do ABC, o processo "demanda políticas de toda ordem".
"Tem o trânsito, pois as pessoas moram longe dos locais de trabalho, água, luz, esgoto, asfalto, escola e até a questão da segurança pública, na medida em que aumenta a mancha urbana."
Segundo Jacira Moreti, secretária de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda de Taboão da Serra, além de investir em moradia, é preciso atendimento social e capacitação profissional.
A cidade tem atraído moradores também por conta da chegada de empresas, que cresceu após o Rodoanel, em 2002. "Nos últimos anos, o investimento no desenvolvimento social dessas pessoas tem sido muito grande", diz.
Outro problema é a desarticulação das cidades para lidar com aglomerações intermunicipais. "Não é uma estratégia municipal, é preciso planejamento metropolitano", diz o urbanista Kazuo Nakano, do Instituto Pólis.
Para Nakano, até extremos das zonas sul e leste ganharam infraestrutura (asfalto, coleta de lixo, energia elétrica), o que levou à valorização e à ocupação dos terrenos.