quinta-feira, 2 de junho de 2011

C40: Cidades trocam ideias 'verdes'

Cidades trocam ideias 'verdes'


Evento em São Paulo debate o combate às mudanças climáticas por governos locais

01 de junho de 2011 | 10h 23
Autoria: Afra Balazina - O Estado de S. Paulo

Representantes de 59 grandes cidades estão em São Paulo para debater como os governos locais podem combater as mudanças climáticas. A conferência da Rede C40 começou ontem, com 40 cidades participantes e 19 afiliadas, e vai até sexta-feira. A organização se reúne a cada dois anos.
A troca de experiências entre os governos é um dos pontos altos do encontro. As metrópoles compartilham projetos que tiveram como resultado a redução das emissões de gases-estufa.
Em Los Angeles (EUA), por exemplo, o consumidor já pode escolher se quer receber energia renovável, como a eólica, em sua casa. O custo mensal extra é de cerca de US$ 3,3 (R$ 5,26) na conta de luz.
O gasto fica ainda menor, pois quem adere ao programa da cidade americana ganha duas lâmpadas fluorescentes, mais eficientes que as incandescentes. Assim, o custo é, em média, de apenas US$ 1,91 (R$ 3,05) por mês para garantir que a energia vem de fonte mais sustentável.
Em Seul, na Coreia do Sul, está em vigor um rodízio voluntário de veículos: a prefeitura incentiva a população a deixar o carro em casa um dia da semana e, em troca, é oferecido estacionamento grátis para outra data e descontos em impostos.
Os motoristas recebem uma etiqueta para colocar no veículo e a fiscalização é feita com um equipamento de identificação por radiofrequência. A redução das emissões de gases-estufa com a medida foi de 10% em um ano.
Esses são alguns dos exemplos de ações de grandes cidades que têm tido resultado positivo. As metrópoles costumam ter uma frota enorme de veículos, alto gasto de energia, emitir muitos gases poluentes para a atmosfera e produzir grande quantidade de lixo. Tudo isso contribui para o aquecimento global.
Para tentar diminuir esse impacto negativo, cada vez mais elas têm projetos voltados para a sustentabilidade. Chicago mostra, por exemplo, que um programa para substituir as luzes de semáforos por LED gerou uma economia de energia de 85% ao ano. Houve uma redução de US$ 2,5 milhões anuais na conta de energia e de US$ 100 mil em materiais. A cidade possui em torno de 2,9 mil semáforos e até agora cerca de um terço foi trocado - o projeto será concluído em três anos.
Em Amsterdã (Holanda) há um projeto para estimular os moradores a ter carros elétricos. Há cerca de cem pontos públicos de recarga da bateria, nos quais o consumidor, até 31 de março de 2012, não pagará pela energia (que vem de usinas eólicas e de biomassa, além de painéis solares).
O plano é ter 10 mil veículos elétricos até 2015 e 40 mil até 2020. E os motoristas de carros elétricos também têm vagas gratuitas de estacionamento.
Adaptação. Urbanistas ouvidos pelo Estado ressaltam que as grandes cidades brasileiras, como São Paulo e Rio, devem priorizar iniciativas de adaptação - ou seja, preparar-se para os impactos inevitáveis das mudanças climáticas, como o aumento de temporais, a desertificação e a subida do nível do mar.
É o que defende, por exemplo, a professora de urbanismo Maria Fernanda Lemos, da PUC-Rio. Para ela, é complicado copiar ou se inspirar em projetos de outras cidades, já que cada uma tem características peculiares. O secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo Jorge, concorda que o tema da adaptação deve ter grande espaço no encontro.
Simon Reddy, diretor executivo da C40, admite que os problemas de cada cidade são diferentes, mas diz que é importante compartilhar conhecimentos. "Há cidades no norte da Europa muito verdes e ricas, como Copenhague e Estocolmo. Elas não podem ser comparadas com cidades muito maiores e mais pobres", diz. Segundo ele, várias das cidades que participam da C40 têm planos de combate ao aquecimento. Mas, para garantir, ele avalia que todas deveriam adotar metas de corte de emissão.
Entrevista - Sten Nordin, prefeito de Estocolmo
‘Maioria hoje aprova pedágio urbano’
O pedágio urbano, em geral, é bastante impopular. Ele tem funcionado em Estocolmo?

Desde 2006, a medida reduziu o tráfego em 20%, os tempos de viagem foram reduzidos entre 30% e 40% e qualidade do ar melhorou entre 10% e 14%. O pedágio também tem sido uma força importante para o aumento das vendas de carros limpos (que não pagam a taxa). O pedágio foi introduzido como experiência em 2006 e, na época, foi muito criticado pelos cidadãos. A maioria não conseguia ver os efeitos positivos, até que ele foi colocado em prática. Agora, a opinião pública mudou. Uma clara maioria da população está a favor do sistema e vemos mais bicicletas nas ruas, mais pessoas também usando transporte público.

Estocolmo foi a primeira cidade eleita capital verde da Europa. Qual foi o fator decisivo para o reconhecimento? 

É uma questão muito difícil de responder, mas eu diria que os moradores de Estocolmo têm um papel importante nisso. Nossos cidadãos esperam muita coisa de nós, políticos. Alguns podem pensar que impusemos essas metas duras de eficiência energética, de corte de emissões. Mas é o contrário. Eles demandam uma cidade sustentável, eles nos pressionam para termos ciclovias ainda melhores, monitoram nossas políticas e esperam que forneçamos instalações adequadas para reciclagem, entre outras coisas.

Quantos quilômetros de ciclovia existem em Estocolmo hoje?
Temos 760 quilômetros de ciclovias (São Paulo, por exemplo, tem 35,7 quilômetros). E temos um plano de longo prazo para ampliar ainda mais essas vias para bicicletas, tanto no centro como para quem vem da periferia.
E quanto há de verde no município?
Temos grande abundância de parques. Aproximadamente 90% da população vive a menos de 300 metros de áreas verdes e corpos d’água. Os espaços verdes são populares para a recreação, a prática de esportes, os eventos sociais e outras atividades ao ar livre. E os lagos oferecem uma boa oportunidade para natação, pesca e passeios de barco.
Qual é a importância da troca de experiências entre as cidades no combate às mudanças climáticas?
A poluição e os gases de efeito estufa não reconhecem fronteiras municipais. Isso ressalta a importância e os benefícios mútuos da cooperação além das fronteiras. Queremos ajudar a divulgar as soluções locais e, dessa forma, contribuir para responder aos desafios globais das mudanças climáticas.
Para nós, a C40 tem grande prioridade. Além da troca de experiências, é uma oportunidade para os políticos se encontrarem e firmarem compromissos e acordos.
O que o senhor sugere para uma cidade como São Paulo?
Eu sugeriria um plano de ação para o longo prazo. Olhando para o futuro, Estocolmo tem metas climáticas muito ambiciosas. Há uma unidade política ampla para a cidade se tornar livre de combustíveis fósseis em 2050. Em 2015, a cidade tem como objetivo a redução das emissões de dióxido de carbono (CO2) em 43% em relação a 1990.
Para cada habitante, isso significa reduzir as emissões de 5,3 toneladas de CO2 em 1990 para 3 toneladas em 2015. Essa redução significativa vai ocorrer, apesar do crescimento da população e da economia, principalmente com a diminuição do uso de combustíveis fósseis nos sistemas de aquecimento urbano.

Londres mostra o caminho (not long, nor winding road) : bicicleta


Londres mostra o caminho (not long, nor winding road)


02/06/2011 - 07h04

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/joseluizportella/924190-londres-mostra-o-caminho-not-long-nor-winding-road.shtml


autor: José Luiz Portella


Estive em Londres para ver de perto políticas de transporte e cobrir a decisão da Copa dos Campeões. No futebol, o Barcelona mostrou o caminho: toque de bola. Isso já foi argentino e já foi brasileiro.
Em 1958, o mundo descobriu o Brasil por conta do futebol. Uma seleção que tinha no toque de bola, comandado por uma geração de craques como Pelé, com 17 anos, Didi, Garrincha, Zito, Nílton Santos e Djalma Santos, bem assessorados por Vavá, Orlando, Bellini, Zagalo, com Gilmar no gol, a grande arma.
O país recuperou-se um tanto do complexo de vira-latas, batizado por Nélson Rodrigues e que nos acompanhou por anos.
Hoje, esse toque de bola já não é o mesmo por aqui. Em Londres 2011, percebeu-se que ele --espero que só por pouco tempo-- atravessou o mar e fez um desembarque triunfante em Barcelona, no maior show da terra.
Mas Londres também mostrou o caminho no transporte. Um caminho britânico nada parecido com "The Long and Winding Road", dos Beatles. Curto e direto. Três experiências que São Paulo e outras capitais do Brasil podem absorver sem grandes dificuldades.
Ruas do centro com tráfego permitido só para transporte coletivo, priorizando, de fato, o transporte público. A única exceção é o táxi.
Uma região da cidade destacada para não ter poluição, uma área central onde os londrinos mais frequentam, chamada de Low Emission Zone, que foi implantada em 2008, e, agora, terá níveis mais rigorosos de controle a partir de janeiro de 2012, ano olímpico. Lá só podem entrar veículos com motores de energia limpa ou de baixa emissão de carbono. Esses motores já saem de fábrica com padrão estabelecido pela Comunidade Européia. Quem estiver acima dos padrões, paga caro.
Stefan Wermuth - 31.mar.2011/Reuters
Prefeito de Londres, Boris Johnson, e Arnold Schwarzenegger andam de bicicleta em ciclovia inaugurada na capital britânica
Prefeito de Londres, Boris Johnson, e Arnold Schwarzenegger andam de bicicleta em ciclovia inaugurada na capital britânica

A terceira é o meio de transporte sugerido oficialmente para se chegar ao Parque Olímpico. Não é o metrô, apesar das linhas para West Ham. É a bicicleta, em mais uma demonstração de que esse modal cada vez mais se impõe nas grandes metrópoles; não só como meio não poluidor, mas, também, como forma mais prazerosa e humana de se curtir a cidade.
A bicicleta faz ver o que há em volta. Pedalando, o cidadão desfruta o que a cidade tem de bom, em vez de acelerar velozmente, aguçando um ritmo de vida corrosivo e nada saudável.
Em construção, ciclovias para se chegar ao Parque Olímpico. Lá dentro há todo um sistema prioritário, inclusive separado do pedestre, para bicicletas. Para se mover de um ginásio a outro, vai-se de bike.
Londres não tem tudo perfeito. Sofre várias tensões naturais das grandes cidades. E, às vezes, apanha. Embora exceções, há calçadas sujas e em mau estado, além de outros problemas. Mas não se rende. A cidade tem uma filosofia: resistir às agressões.
Como os ingleses fizeram estoicamente contra Hitler, Londres enfrenta, de cabeça erguida, os bombardeios do mundo moderno. A filosofia: é respeito ao cidadão.
Do nosso jeito, deveríamos fazer o mesmo.


Papel aceita tudo: Condicionantes de Belo Monte foram 'satisfeitas', aponta Ibama


Condicionantes de Belo Monte foram 'satisfeitas', aponta Ibama


01/06/2011 - 16h55




autoria: SOFIA FERNANDES
DE BRASÍLIA


O presidente do Ibama, Curt Trennepohl, afirmou nesta quarta-feira que as 40 condicionantes exigidas na licença prévia de Belo Monte foram "satisteitas", e que não é possível afirmar que todas foram cumpridas porque algumas se estendem ao longo do tempo, inclusive para depois da operação da usina hidrelétrica.


A licença de instalação para o empreendimento foi liberada hoje pelo órgão ambiental. O documento, essencial para o início das obras, impõe 23 condicionantes para a empresa Norte Energia, responsável pela construção da usina.
Algumas coincidem com as condicionantes da licença prévia, disse o presidente. Entre as atuais, está o tratamento de 100% do esgoto das cidades de Vitória do Xingu e Altamira, afirmou Trennepohl.
IMPACTO AMBIENTAL
O presidente do Ibama não descarta impacto ambiental com a obra. "Evidentemente ocorrerá impacto, mas as medidas compensatórias fazem com que esse impacto deixe de ser um prejuízo. As medidas reduzem o prejuízo ambiental", disse.
Ele também disse estar preparado para eventuais novos questionamentos do Ministério Público. "É evidente que Ministério Público, como fiscal da lei, pode questionar judicialmente a licença, mas temos segurança técnica e jurídica", disse.
O presidente afirmou que a licença é "tecnicamente, juridicamente e, principalmente ambientalmente sustentável, e retrata exatamente o que é necessário em termos ambientais".
Em entrevista coletiva na sede do órgão, em Brasília, entidades contestaram a liberação da licença.
Marcelo Salazar, um dos coordenadores do ISA (Instituto Socioambiental), acusou o Ibama de liberar a licença tomando como base dados fornecidos pela própria empresa responsável pelo empreendimento, e que poucas condicionantes foram atendidas.
O Ibama negou a acusação, afirmando que dez técnicos estiveram na região da usina por 11 dias, verificando o cumprimento das exigências.