segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Critérios de Sustentabilidade


Sustentabilidade




Atualmente, a construção civil é identificada como o setor que mais consome os recursos naturais do planeta ¹, nas diferentes etapas do ciclo de vida de seus produtos: extração e transporte de matéria-prima, fabricação, montagem, manutenção, demolição ou desmonte, reuso, reciclagem e destino final. O atual modelo econômico de produção e consumo está embasado na ideia de que, no planeta, a possibilidade de exploração de seus recursos naturais e a degradabilidade de resíduos são ilimitadas ².
Neste sistema linear, não existe a preocupação com a origem das matérias-primas, com a eficiência do transporte e produção, com a possibilidade de toxicidade derivadas de substâncias componentes dos materiais, nem questões sobre a disposição de resíduos ao final da vida útil dos produtos ³.
A opção por produtos, sistemas e empresas com gestão cada vez mais sustentáveis significa a transformação de um paradigma na direção do equilíbrio entre economia, meio ambiente e sociedade para esta e futuras gerações. Diferentes atores do setor da construção tem debatido a respeito do desafio de optar por produtos sustentáveis por diversos motivos, entre os quais a dificuldade de encontrá-los e compreender a relevância da sua utilização.
Temos como meta contribuir para a disseminação de informações e práticas da sustentabilidade na construção civil. Através de conhecimento técnico e pesquisas, foram elaborados critérios para identificar e selecionar uma enorme variedade de produtos e empresas que demonstrem iniciativas focadas na redução de impactos socioambientais, os diferenciando no segmento. Também são apresentadas características sustentáveis de cada produto, além de textos e vídeos completos e informativos.
Acreditamos que o desenvolvimento sustentável depende da integração de vários fatores, como o investimento em inovação, pesquisa, capacitação, gestão, articulação, informação e produção. Com o Portal Greenvana Greenforma, pretendemos criar um modelo de inovação que alia pesquisa e informação, atuando na difusão e estímulo ao desenvolvimento do conhecimento, produção e consumo de produtos sustentáveis em construções e reformas em todo o Brasil.
Referências:
¹ www.europa.eu
² MANAHAN, Stanley E. Industrial Ecology. Environmental Chemeistry and Hazardous Waste. USA. Lewis Publishers, 1999
³ TIBBS, Hardin B.C. Industrial Ecology: Na environmental Agenda for industry. Smart Communities Networks. 1992. Disponível no site:www.sustainable.doe.gov/articles/indecol.shtml. acessado em outubro de 2003.

Critérios de Sustentabilidade dos Produtos Greenvana Greenforma

O ideal de sustentabilidade de um produto é que ele impacte menos em todos os aspectos do seu ciclo de vida, desde a extração da matéria-prima até seu descarte. A avaliação de ciclo de vida (ACV) de materiais de construção e reforma ainda é uma promessa no Brasil. Por isso, selecionamos produtos e fornecedores que impactem menos o planeta em relação aos seus similares convencionais, segundo critérios desenvolvidos especialmente pelo Greenvana Greenforma,através de muita pesquisa e estudo.

Para que os fornecedores e seus respectivos produtos sejam selecionados pelo Greenforma, será necessário o atendimento de pelo menos um dos critérios elaborados e listados abaixo. Vale dizer que os critérios “Reciclável”, “Embalagem Sustentável” e “Supliers Take Back” serão considerados como adicionais, ou seja, o seu atendimento é importante, porém não suficiente para que o produto, ou o fornecedor, seja incluído no portfólio do Greenforma. O não atendimento dos critérios “Atóxico” e “Selos e Certificados Reconhecidos”, por outro lado, exclui quaisquer possibilidades de aprovação na seleção, tanto de fornecedores como de produtos. As empresas parceiras do portal devem apresentar licenças e certificados reconhecidos, quando existentes, ou declarações de seus fornecedores. Caso as evidências que comprovem a redução nos impactos ambientais ou sociais no ciclo de vida de algum produto sejam comprovadas incorretas, o mesmo é retirado imediatamente do mix selecionado do Greenforma.

Critérios de Sustentabilidade

1. FONTE RESPONSÁVEL

O objetivo deste critério é selecionar produtos que atendam a pelo menos três das seguintes condutas aplicadas na sua fabricação e operacionalização:
1. Uso de matéria-prima principal que não esteja em situação de esgotamento;
2. Utilização de técnicas ou tecnologias de baixo impacto ambiental;
3. Posse de licença ambiental para extrações de recursos naturais e implantação de empreendimentos;
4. Uso de combustíveis provenientes de fontes naturais (não fósseis), principalmente nas etapas de transporte;
5. Distância de até 800 km entre a fonte de extração da matéria-prima e a fábrica;
6. Certificação FSC e Cerflor para produtos cuja principal matéria-prima seja a madeira.
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2. ATÓXICO (critério excludente)

Este critério visa relacionar os produtos que, no seu processo de fabricação, uso ou descarte não contenham ou emitam substâncias reconhecidamente tóxicas, com alto nível de agressão à saúde humana e aos recursos naturais.
Assim, os produtos selecionados não podem conter: Ftalatos, Retardantes de Chama halogenados (à base de cromo e cloro), Amianto, Benzeno e teores de Compostos Orgânicos Voláteis (COV) acima dos estabelecidos pela União Européia ¹.
Para a aprovação de produtos à base de PVC (Poli Cloreto de Vinila), deverão ser atendidos alguns parâmetros contidos na Política do PVC, da Olympic Delivery Authority, para os jogos olímpicos de 2012:
1. A produção do PVC deve ser feita de maneira a prevenir emissões por escapamentos durante a fabricação, priorizando a saúde e a segurança dos empregados;
2. Deve conter, em sua composição, um mínimo de 30% de conteúdo reciclado;
3. Não deve conter estabilizadores como mercúrio, cádmio e chumbo;
4. Não deve fazer uso de plastificantes com Ftalatos;
5. Todos os componentes químicos na produção do PVC devem estar registrados, ou pré-registrados, no REACH (Regulation, Evaluation, Authorisation and Restriction of Chemical Substances).
Ainda, é recomendado que os produtos não contenham metais pesados, formaldeídos e disponibilizem a FISPQ (Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos).
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3. DESEMPENHO E VIDA ÚTIL

A baixa qualidade de produtos é fonte importante de desperdícios. Produtos que não apresentam desempenho e qualidade adequados têm vida útil reduzida e acabam sendo substituídos, o que gera desperdícios e resíduos ². Produtos com qualidade e durabilidade comprovadas são aqueles que respeitam as normas técnicas do Programa Setorial da Qualidade (PSQ), vinculado ao Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), do Ministério das Cidades ³ . No entanto, produtos hidráulicos, cuja função principal está associada ao uso de água, não devem atender somente ao Programa - também precisam demonstrar eficiência no uso de água por meio de mecanismos economizadores. Produtos cuja função principal está associada ao uso de energia também devem demonstrar que o fazem com eficiência.
Em caso de produtos importados, este devem ter aprovação do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) e do Programa de Orientação e Proteção ao Consumidor (PROCON), ou apresentar certificação no Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade (SBAC), emitida por Organismo de Certificação de Produto (OCP), creditado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO).
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4. BIODEGRADÁVEL OU NÃO POLUENTE

Este critério é conferido aos produtos que se decompõem facilmente por ações de microorganismos vivos e cujo processo de decomposição não ofereça riscos ao meio ambiente.
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5. COMÉRCIO JUSTO, ACESSIBILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL (adicional)

Este critério adicional é atribuído a empresas que atendam a pelo menos um dos itens abaixo, além de possuir CNPJ válido:
1. Possuam uma carta de princípios éticos ou uma política socioambiental interna, expostas publicamente;
2. Prezem pela seleção de fornecedores licenciados, com responsabilidade socioambiental comprovada;
3. Apresentem o selo de Comércio Justo (Fairtrade Labelling Organization – FLO);
4. Prezem pela formalidade, por condições adequadas de trabalho e por relações comerciais mais transparentes e responsáveis;
5. Garantam o livre acesso a todas as informações referentes aos seus trabalhos e produtos;
6. Possuam parcerias com cooperativas ou organizações de coleta e reciclagem de materiais da construção civil;
7. Tenham assinado o Pacto Global da ONU, cujo objetivo é incentivar a comunidade empresarial internacional a adotar determinados valores nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção;
8. Desenvolvam produtos para portadores de necessidades especiais.
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6. ECONOMIA DE ÁGUA

Para atender a este critério, os produtos precisam possuir algum mecanismo que evite o desperdício de água, como acionamentos economizadores e sistemas de reuso. Torneiras são consideradas eficientes no uso de água quando, além de arejadores, tenham os seguintes modelos de acionamentos: monocomandos para temperar água fria e quente, temporizadores ou sensores de presença.
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7. ENERGIA LIMPA

Este critério é atendido por produtos que funcionem ou tenham sido fabricados à base de fontes de energia limpa, como energia solar, energia eólica, ou outras fontes de baixo impacto ambiental.
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8. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

São considerados produtos com eficiência energética aqueles que, durante seu desenvolvimento ou utilização, conseguem reduzir significativamente o consumo de energia. Seja por meio de tecnologias economizadoras, como lâmpadas com LED, ou através de fontes limpas e renováveis, como a eólica e a fotovoltaica, que minimizam as emissões de gases poluentes e os impactos ambientais.
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9. MATERIAIS RECICLADOS

Os materiais reciclados tendem a reduzir os gastos energéticos em relação a outros convencionais, pois diminuem a extração de recursos naturais e as emissões de CO2. Os produtos e embalagens que atendem a este critério são aqueles que, para a sua fabricação, utilizam materiais que, após chegarem ao final do seu ciclo de vida, foram novamente transformados em matéria-prima utilizável.
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10. RECICLÁVEL (critério adicional)

Este critério é atendido por produtos que, após o término da sua vida útil, podem ser utilizados como matéria-prima na fabricação de outros produtos, em vez de serem enviados para destinação final. Assim, o tempo entre a extração de recursos naturais, a fabricação, a utilização e o descarte final é estendido, o que reduz a geração de resíduos.
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11. REDUÇÃO DE RESÍDUOS E USO DE MATÉRIA-PRIMA

Este critério seleciona produtos que, em alguma fase do seu ciclo de vida, reduzem a quantidade de materiais ou recursos consumidos. No Brasil, a porcentagem de resíduos de construção, reforma e demolição que são reciclados ou reaproveitados ainda é muito baixa, o que aumenta os impactos ambientais, econômicos e sociais.
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12. MATERIAL REUTILIZADO

Este crédito é conferido a produtos ou embalagens que, após a sua utilização, podem ser reaproveitados, parcial ou totalmente. A reutilização de produtos traz benefícios significativos para o meio ambiente, pois evita a extração de recursos naturais para o reprocessamento e a fabricação de produtos, minimiza as emissões de CO2 e, principalmente, contribui para reduzir a geração de resíduos.
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13. EMBALAGEM SUSTENTÁVEL (critério adicional)

Este critério é atendido por produtos que são comercializados em embalagens que:
1. Possuem tamanho reduzido (o que minimiza a utilização de recursos naturais);
2. São reutilizáveis;
3. São recicláveis;
4. Foram fabricadas com material reciclado;
5. São compostáveis;
6. Possuem rotulagem ambiental;
7. Possuem simbologia técnica de reciclagem (tanto para a embalagem como para o produto);
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14. SELOS E CERTIFICADOS RECONHECIDOS (critério excludente)

Este critério seleciona produtos que, a depender da sua matéria-prima principal, ou da sua função, estão devidamente de acordo com as normas técnicas estabelecidas por seus respectivos certificados reconhecidos. São eles:
1. Produtos cuja matéria-prima principal é a madeira
FSC: Forest Stewardship Council
Cerflor: Programa Brasileiro de Certificação Florestal
2. Aquecedores Solares
Qualisol: Programa de Qualificação de Fornecedores de Sistemas de Aquecimento Solar
3. Aparelhos e equipamentos eletrônicos
Procel: Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
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15. EMPRESA COM GESTÃO SOCIOAMBIENTAL

Para que as empresas atendam a este critério, será necessário comprovar as certificações ISO 9001 e ISO 14001. A ISO 9001 é uma das ferramentas de gerenciamento de qualidade mais usadas no mundo. Sua função é assegurar a eficiência das empresas, reduzir a exploração de mão de obra, além de ser referenciada por programas sustentáveis e de combate ao trabalho informal. A ISO 9001, apenas, não garante o atendimento ao critério. A ISO 14001 define o que deve ser feito para estabelecer um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) efetivo. Seu principal objetivo é possibilitar o equilíbrio entre o processo produtivo e a redução dos impactos ambientais.
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16. SUPLIERS TAKE BACK (critério adicional)

Este critério é atendido quando a empresa fornecedora faz a coleta do seu produto quando este atinge o final do seu ciclo de vida. Em vez de ser descartado, o produto é reaproveitado no seu próprio processo de fabricação, ou em outros ciclos produtivos, ou recebe um destino final ambientalmente mais adequado.
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17. BAIXA EMISSÃO DE GASES POLUENTES

São aprovados neste critério os produtos com baixa emissão de gases poluentes – como os principais gases do efeito estufa e o CO2 – no seu processo de fabricação, operação e descarte. Os principais gases de efeito estufa são o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxidos nitrosos (NOx), hidrofluorocarbonos (HFC’s), perfluorocarbonos (PFC’s), hexafluoreto (SF6) de enxofrecompostos orgânicos voláteis (COV´s) e derivados do enxofre.
As condutas abaixo são consideradas como eficientes na redução da emissão desses gases:
1. Realização de atividades operacionais que dependam de transporte, em um raio de até 800 km, tendo como referência central a fábrica;
2. Incentivo ao uso de combustíveis não dependentes de energia fóssil, em etapas de transporte;
3. Adoção de processos que evitem a queima de materiais que possam intensificar a emissão de gases poluentes;
4. Tintas à base d’água (com redução nas emissões de COV, ou com teores conforme estabelecidos pela União Européia).
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